PABLO GAVI
Barcelona, Espanha.Achei que depois do sumiço de Manu dois anos atrás, nunca iria sentir a sensação desesperadora de angústia no meu peito novamente.
Até ela me contar tudo.
Imaginar as cenas que ela me contou, imaginar ela sendo espancada por seu próprio pai, sua dor, sua agonia.
Me doeu. Como se infinitas facas perfurassem meu peito a cada frase, a cada suspiro de dor dela.
Quando ela termina a história, vejo seu estado. Lágrimas caíam de seus olhos e ela tentava as limpar, mas elas não paravam de cair, suas mãos tremiam e alguns soluços escapavam de sua garganta.
Eu demorei para raciocinar tudo. Não estava na hora de eu mostrar meus sentimentos, era hora de priorizar ela. Só ela.
A puxei para um abraço, nós dois estávamos sentados no sofá, agora com ela em meus braços soluçando, desistindo de segurar as lágrimas. Acaricio seus cabelos sussurrando palavras de carinho, tentando fazer ela se acalmar.
—Manu...Manu, olha pra mim—Ela se recusava a me encarar, como se tivesse medo, só negava com a cabeça.—Manu, por favor, eu não vou te fazer mal, olha para mim.
Ela hesita, seu corpo treme em incerteza, mas ela me encara com seus olhos quase vermelhos. Fico a encarando sentindo meu coração errar as batidas. Em ver a garota que eu amo para caralho tão frágil assim.
Levanto seu queixo a fazendo inclinar sua cabeça para mim, eu estava nervoso também, mas não poderia transmitir isso.
A puxo para um selinho demorado, enquanto acaricio seu rosto macio, que estava molhado pelas lágrimas. Separo sua boca da minha para beijar o canto de seus olhos e suas bochechas onde haviam os resquícios das lágrimas.
—Você é tão forte. Tão linda, tão tão tão incrível. Eu te admiro para caralho, admiro seu jeito, sua beleza, tudo que tem em você. Seja lá o que somos, você e eu sempre teremos essa conexão. Você tá triste? Me conta, iremos resolver juntos. Não carrega mais isso pra si Manu...
Ela me olhava com olhos arregalados, sua boca entreaberta, ela parecia ansiosa, chocada.
—Somos eu e você, a gente vai resolver junto. Não quero você sofrendo sozinha, eu tô aqui!—Eu asseguro a garota.
—Desculpa. Me desculpa.—É a única coisa que ela fala.
—Para, para de pedir desculpa, você não precisa pedir desculpa por ter fugido, crescido, evoluído. Não te culpo, Manu. Nunca vou te culpar, você fez o que devia ser feito. Tô orgulhoso de você ter aguentado isso sozinha, mas não é mais necessário. Lembra sempre, por favor, eu tô aqui.—Finalizo.
Ela me olha por uns minutos, provavelmente pensando no que falaria, tentando assimilar tudo, até que enfim a garota me abraça sussurrando "obrigada" diversas vezes. Abraço ela de volta beijando o topo de sua cabeça. A posição se mantém por dez minutos estreitos, até ela me soltar.
—Você não sabe o quanto isso é importante para mim, você não tem ideia. Por dois anos eu me sentia sozinha, meus pais eram estranhos na casa, e parecia que Kira e Luana não sabiam mais o que fazer para me ajudar, eu me sentia em um ciclo sem fim naquela casa. Algo faltava.
Eu a escutava atentamente, nós nunca havíamos tido conversas tão profundas dessa maneira, nós nunca fomos tão transparentes uns com os outros.
—Dediquei muitas horas para sair dali, até que consegui, foi uma surpresa. Eu sabia que vindo para cá, fazendo o que eu faço, eu te encontraria. Por mais que eu tentasse evitar, no fundo eu queria te ver. Queria saber como eu iria reagir, como você iria reagir, pensamentos de "será que ele me odeia" rondavam desde que eu cheguei.
Eu tento responder ela mas ela apenas tapa minha boca com um olhar de "deixa eu continuar" então apenas me calo.
—Então a gente se viu. Uma sensação de choque passou por mim, eu sentia meu mundo parar, eu sentia a sensação de dois anos atrás. Então dias depois ainda não sabia como falar com você, até o dia na balada, você me beijou. E foi tão bom, tão prazeroso.
—As coisas evoluíram, a gente deixou rótulos, nós só estávamos na nossa própria realidade. Eu não pensava nos problemas que eu havia deixado no Brasil, não pensava nos meus pais, nem em nada que eu passei. Era eu e você, que nem antes. Isso, até a porra da visita do diabo do meu pai.—Ela continua falando.
—Parece que tudo que eu havia presenciado nos anos anteriores tinha voltado, das coisas boas até as ruins. Mas você está aqui. Por mim, de novo.
—E eu estaria quando for, onde for, não importa. Eu sempre vou estar.—Eu acrescento e vejo ela sorrir pela primeira vez naquela noite.
—Isso tudo me faz pensar, será que nós daríamos certo de novo?—Ela pergunta e meu coração gela.
—Nós pensamos nisso depois, mas eu e você sempre vamos estar conectados Manu, saiba disso.—Eu digo e ela me beija profundamente, como se necessitasse do toque físico para relaxar.
Seus braços se afundaram no meu pescoço enquanto ela ainda me beijava, minhas mãos foram em seu rosto fazendo um carinho.
—Pedri está sabendo de tudo já, né?!—Ela pergunta.
—Está, ele sabia mais do que eu sabia, ele só interligou os pontos.—Ela acena com a cabeça, consigo ouvir suas engrenagens da cabeça raciocinando.—Ele deve falar com você amanhã, ele realmente ficou preocupado.
—Pedri é um cara especial mesmo.—Ela diz e eu a aperto em meus braços.
—Ele é. Vem, vamos subir.—Eu digo apontando para seu quarto e ela acena com a cabeça esfregando os olhos em sinal de cansaço.
A pego em meu colo levando ela para o quarto, ela sai do meu aperto para ir ao banheiro tirar os restos de maquiagem borrada do choro. Após uns minutos, ela volta e pula na cama se cobrindo com o edredom.
—Põe o despertador, tenho trabalho amanhã.—Ela diz.
—E eu treino.—Acrescento.
Ela se embrulha no edredom se virando para mim, em uma posição em que ficamos se encarando, até que nem dois idiotas começamos a rir.
Ela me abraça colando seu corpo ao meu e eu a abraço de volta nos deixando mais confortável.
—Você é incrível. Obrigada.—A voz dela é escutada, é a última coisa que eu escuto antes de adormecer.
NOTAS FINAIS:
Eles são muito meus amores mesmo! coisas fofas
Agora que praticamente estão resolvidos, espero fazer mais capítulos felizes😍
Comentem muito muito! deu trabalho demais desenvolver essa relação
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GOLDEN GIRL || PABLO GAVI
Novela JuvenilMANUELLA AMORIM desembarca no Catar para ver seu país jogar a Copa do Mundo e investir na sua carreira de jornalista, mas acaba saindo de lá com algo a mais. OU QUANDO Gavi curte um tweet com a conta errada e não esperava que a repercussão do tweet...