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Andando sozinho na rua em um choro silencioso, segurando a mochila com força entre meus dedos e seguindo caminho incerto até o fim da rua onde Renjun morava.

Era óbvio que daquela discussão não fossemos nos falar novamente com tanta facilidade, então entra o questionamento: o que eu realmente sinto por Renjun?

Eu me sentia um verdadeiro lixo, um monstro por ter feito o que fiz com Renjun, mas querendo ou não, aquilo me deixava furioso.

Furioso porque eu não queria machucar Renjun, mas porque não tinha coragem de tentar de novo.

"eu preciso de vocês"

Mandei mensagem para um grupo feito entre eu, Donghyuck e Chenle.

Eu me segurava pra não chorar no meio da rua, mas apenas em digitar o que pedia a eles me deixava desesperado.

Apenas queria chorar no colinho da minha mãe e daqueles dois.

[...]

A noite havia chegado e eu continuava jogado naquela cama igual estive desde que cheguei em casa pela manhã: deitado de barriga para baixo enquanto me envolvia em meu travesseiro. 

Chenle e Donghyuck chegaram no fim de tarde, acabei os assustando, mas eles já estavam ao meu lado no quarto.

Chorei debruçado em meu travesseiro por horas seguidas.

Tudo me machucava com muita facilidade: as lembranças da noite passada com Renjun, seu rosto triste me observando e todas aquelas palavras. Tudo me magoava. Tudo me fazia chorar e o quanto mais eu lembrace, mais eu queria esquecer.

Expliquei a eles o ocorrido do dia e nada me tirava a dor do momento.

Eu continuava exausto e sentia meu peito tomado por uma agonia indescritível.

— Já comeu algo hoje? — Donghyuck me questionou, voltando seus olhos para Chenle ao lado.

— Eu tô sem fome. — respondi entre o travesseiro, ouvindo Chenle suspirar fundo e se deitar ao meu lado, me acolhendo em uma conchinha.

— Ah... amigo, não tem muito o que fazer agora. Vocês precisam apenas de um tempo pra descansarem e acalmarem os ânimos.

— Quem sabe consigam se falar amanhã, o que acha? — propôs Donghyuck, se deitando ao meu lado e olhando pra mim de perto.

Foi a minha vez de suspirar fundo.

— Eu não posso falar com ele depois do que fiz. Não tem como. — respondi — Eu me sinto horrível. Não quero nem imaginar como foi o dia dele ou o que ele pode estar pensando agora.

— Quer que Jisung descubra pra você? — Chenle perguntou, irritando Donghyuck bem na minha frente.

— Fala sério? Não, né! — ele o respondeu afiado e prontamente, mas voltando em instantes a me olhar de perto.

Eu me virei de barriga para cima novamente e olhei para o teto.

Os dois ao meu redor, me abraçando e me escutando era bom, mas não tanto quanto parecia.

Tinha algo ainda me doendo e eu não sabia exatamente o que era.

Até que aquela cena já era familiar: Donghyuck e Chenle ao meu lado me dando suporte e eu chorando por Jeno, mas agora, eu chorava por Renjun.

— Tudo isso parece um dejavu. — insinuei olhando para o teto.

Só faltava minha mãe aparecer na porta do quarto e foi realmente isso que ela fez.

— O que acha de tomar um remédio? — ela dizia, se aproximando com uma xícara de chá na mão — No mínimo alguma coisa você tem que beber.

O problema era que naquele mesmo segundo, eu não me aguentei e comecei a chorar.

Cobri meu rosto com meu antebraço e Chenle me apertou com força em um abraço.

Eram duas pessoas diferentes, mas tudo aquilo era igual a outra vez.

pink letter | renminOnde histórias criam vida. Descubra agora