Dean

658 53 68
                                    


      Octavia sai por um momento, algum tipo de apresentação dos filhos de Thunder Bay. A mãe da Finn me pergunta se eu vi ela e Ivarsen.

   Sim, tia, eu os vi. Indo para o carro como se ninguém mais pudesse imaginar o que eles iriam fazer. Pego meu celular ligando para Ivarsen que me atende apenas na terceira tentativa.

  Quando estou terminando de gritar com ele no telefone vejo o pai dele vindo na minha direção. Se em 17 anos não morri nas mãos do meu pai, é agora nas mãos do pai de Octavia que eu irei.

— "Você acha que não conheço seu tipo?" — Ele se encosta ao meu lado com uma bebida em mãos.

— "Senhor?" — Pergunto o encarando tentando não parecer nervoso.

— "Não sou senhor, tenho apenas 41 anos, Porra. — Ele toma um gole da bebida mas não digo mais nada. — "Vocês engraçadinhos, eu conheço o tipo de vocês! Vocês vão fazendo bobeira aqui, bobeira lá e quando a gente vê está com as mãos no corpo das nossas mulheres. —

   Eu acompanho o olhar dele que observa o pai de Finn conversando com pai de Madden.

— " Problemas no paraíso?" — Falo rindo mas ele me encara e reprimo o riso.

— "Olha só garoto, eu ainda não farejei algo em você que me faça cortar você em pedaços e manter longe da minha filha, mas saiba que eu sinto longe cheiro de gente que não presta." — Damon Torrance é um cara alto, barba bem aparada e um cara bonito. Assustador mas bonito.

— "Você parece realmente ser um cachorrão. — Na hora que eu falo eu percebo a merda que acabei de dizer.

— "Está me chamando de cachorro?" — Ele cruza seus braços e inclina sua cabeça me olhando.

— "Eu quis dizer que você é dos grandes, sabe? aqueles assustadores. Longe de mim te chamar de cachorro, tenho maior respeito pela sua esposa." — Ele parece sério por um momento mas ele ri e balança sua cabeça ainda rindo, eu fiz Damon Torrance rir.

— "Você já a encostou? já a beijou?" — Ele para de rir no mesmo instante, sua expressão séria toma conta do seu rosto.

— "Eu não, ela é menor de idade ainda, seria crime, não?" — Ele por um momento encara o chão e seus lábios torcem como se tivesse sido pego de surpresa.

— "Justo" — Ele da um soco de leve no meu ombro. — "Você é inteligente, continue assim!"

Dou um sorriso de leve, meu olhar cai em seu rosto quando vejo ele olhando para minha mão esquerda. Tenho uma cicatriz nela que ganhei quando tinha 13 anos e meu pai quebrou o copo em cima dela.

— "Foi jogando basquete." — Falo mas percebo minha voz falhar no mesmo instante.

— "Eu também me machucava nos jogos de basquete, Dean." — Nossos olhos se encontram mas desvio quando olho para grande porta
vendo Ivarsen e Finn entrarem com suas roupas amassadas e cabelos desarrumados.

  Ele pigarra ao meu lado e volto minha atenção a ele.

— "Hora de brincar um pouquinho." — Seu sorriso malicioso toma conta do seu rosto, os traços de Octavia estão ali por um mero segundo.

Os olhos, ele tem os traços do que podemos dizer o diabo nos olhos dele, Ela puxou isso dele.

  No resto da noite não a vejo mais de perto, apenas de longe e observo seu olhar caindo sobre mim. Eu posso sentir seu olhar, não na minha pele ou no meu rosto, mas no fundo da minha alma. Está me invadindo e tocando partes que ela não tem como tocar.

•••••••••••••••🏴‍☠️•••••••••••••••

Aquela noite consegui chegar em casa e dormir sem ter que me preocupar com a minha mãe ou se eu apanharia. Quando cheguei em casa minha mãe já estava dormindo, comi um sanduíche que ela deixou pronto na bancada com um bilhete dizendo "Para Dean" e um coração.

Minha mãe é brasileira, nascida no Rio de Janeiro, aqui ela é chamada de latina e não passa despercebida pelo sotaque forte, sua cor que tem um bronzeado incrível.

Acordo e deixo minha mãe na cidade e vou direto encontrar com Ivar na arena para treinarmos. Chego primeiro que ele e fico olhando o celular, o instagram da Octávia na verdade.

     Vejo uma sombra entrando no vestiário e desligo o celular, sorrio ao ver Ivarsen com uma expressão mil vezes melhor que ele estava tendo nos últimos tempos.

— "Conseguiu a garota, hein?" — Falo

— "Sim, é verdade. Não acredito que estou namorando a garota que gosto. É surreal." — Ele diz sorrindo.

— "Parabéns, cara! Ela é muito legal e você tem sorte de tê-la, sabe como ela é bonita e atenciosa com você. Tenho certeza de que vocês serão felizes juntos." — Falo colocando a blusa de treino.

— "Este arranhão na tua nuca é estranho. Você tem ideia de como aconteceu?"— Ele me encara.

— "Ah, provavelmente uma picadinha de inseto. Não tem nada demais."— Passo a mão no pescoço, — "A cidade está com muito mosquitos." — Falo.

— "Mas parece uma mordida humana."

— "Isso é um pouco incomum, mas não precisa entrar em pânico." — Falo bebendo um gole do isotônico.

— "Como assim, não precisa entrar em pânico?" — Uma sobrancelha arqueia.

— "Ah, sei lá, talvez seja da sua irmã."— Subo os ombros com indiferença. — "Porque você está com cara de ciúme?"

— "Como assim, cara de ciúme? Eu não tô com cara de ciúme."

— "Cara, eu te conheço desde a infância, sei muito bem quando você está com ciúme." Eu falo ainda o encarando, o analisando.

—"Ah, tá bem, então você tem uma ideia do que pode estar acontecendo?" — Ele se tensiona.

— "Eu acho que é porque eu estou me encontrando com a sua irmã." — Falo mas ele apenas suspira alto.

— "VOCÊ JURA? Porra, Dean." — Ele passa a mão no rosto. — "Vocês estão saindo? Meu Deus cara, eu acho que meu coração tá acelerando mais que o normal."

— "Cara eu só dei um beijo, só isso e mais nada." — Minto. Eu nunca nem dei um beijo em seu rosto.

— "Você vai levar ela nos melhores restaurantes, vai comprar tudo o que ela quiser e na hora que ela quiser, e adivinhar o que ela querer antes mesmo dela pensar em querer. Você ouviu? Eu juro que te mato se um dia vê-la chorando por você."

— "Relaxa, cara." — Agora sou eu que estou nervoso.

— "Eu não consigo deixar de pensar na forma como você olha e flerta com minha irmã." — Ele fica pálido do nada, mais do que já é.

— "Ela é uma garota bacana, por que eu não iria ficar interessado nela?" — Digo.

— "Sim, mas... eu sei quando você está tentando impressionar uma garota."

— "Está exagerando." — Falo e balançando a cabeça ouvindo tudo aquilo.

— "Não, eu não estou. Eu sei o que estou vendo." — Ele diz apontando o dedo pra mim.

— "Ela é uma garota incrível, eu vou cuidar muito bem dela, tenho certeza. Vou fazer com que ela seja muito feliz."— Eu bato em sua mão como estivesse fazendo um acordo.

— "Agora vai ter que falar isso para o meu pai." — Se ele soubesse.

"Porra." — Minha única reação.

Persuit Onde histórias criam vida. Descubra agora