Octávia

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                             Silêncio Profundo

  Na segunda semana, o hospital transformou-se em um labirinto silencioso enquanto Dean permanecia em um estado de sono profundo, inatingível. Cada dia começava e terminava com a esperança frágil de que seus olhos se abririam, revelando o retorno da vida que conhecíamos.

Sentada ao lado de seu leito, falava com ele como se pudesse ouvir cada palavra. Contava-lhe sobre o mundo exterior, compartilhava memórias e segurava sua mão, buscando algum sinal de resposta. O silêncio persistente era ensurdecedor, mas eu permanecia ali, enfrentando a escuridão do desconhecido.

Os médicos circulavam pelo quarto, discutindo prognósticos e tratamentos, mas as palavras eram como eco em um túnel vazio. Cada batida do coração de Dean era uma contagem regressiva, uma espera angustiante pela luz no fim do túnel do coma.

Os amigos continuavam a visitar, mas agora o riso era substituído por suspiros de preocupação. Sentados em volta, compartilhávamos histórias, esperando que, de alguma forma, Dean pudesse ouvir e encontrar seu caminho de volta para nós.

As noites eram solitárias, com a máquina de suporte vital cantando uma canção triste. As estrelas lá fora pareciam distantes, refletindo a distância entre a consciência e o sono profundo que envolvia Dean.

Ao final dessa segunda semana, não sabíamos se estávamos à beira de um despertar ou se a escuridão persistiria. A única certeza era a minha presença constante, um farol de esperança na escuridão do coma que mantinha Dean em seu silêncio profundo.

   Caminhei até a cafeteria do hospital, tentando encontrar uma pausa na monotonia das paredes brancas e dos corredores silenciosos. O cheiro do café recém-preparado era um alívio momentâneo, um refúgio temporário da angústia que pairava no ar.

Ao pegar uma xícara de café, senti uma presença familiar. Virei-me e vi minha prima Jett se aproximando, seus olhos refletindo a preocupação que todos compartilhávamos. Ela não precisou dizer uma palavra; nossos olhares comunicavam mais do que poderíamos expressar verbalmente.

Jett, com sua expressão solidária, abraçou-me suavemente. As palavras eram dispensáveis naquele momento, e senti a conexão de parentesco transcender as formalidades. Entre suspiros silenciosos, compartilhamos o peso do que Dean enfrentava, ancoradas na certeza de que a união familiar era nossa força.

Sentamo-nos em uma mesa próxima, nossas xícaras de café servindo como testemunhas silenciosas das emoções que fluíam entre nós. Jett falou com a sinceridade que só os laços familiares permitem, oferecendo conforto e compreensão sem julgamentos.

    A presença de Jett foi um lembrete de que não estávamos sozinhos nesta jornada. Enquanto o mundo exterior continuava sua rotina, dentro daquele espaço de cafeína e conversa, fortalecemos a rede de apoio que nos sustentaria nas incertezas que ainda estavam por vir.

— "Como você está lidando com tudo isso?" — Ela me perguntou.

— "É como navegar por um mar de incertezas. Cada dia traz esperança e medo." — Falei exalando um suspiro cansado, eu estou cansada, tão cansada.

— "Eu entendo. Todos estamos sentindo o peso disso. Como ele está hoje?" — Ela toma um pouco do seu café.

   — "O mesmo, sem mudanças. Parece que o tempo está suspenso."

— "Às vezes, a única coisa que podemos fazer é esperar. E estar aqui um para o outro. Lembre-se, vocês não estão sozinhos nisso. Estamos aqui para apoiar uns aos outros, não importa o que aconteça."

Sorrindo, — "Obrigada, Jett. Sua presença significa mais do que palavras podem expressar."

— " Sempre. Vamos enfrentar isso juntas, como família." — Ela me abraça e encosto minha cabeça em seu ombro.

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