Octávia

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    Enquanto Dean dormia tranquilamente ao meu lado, eu me encontrava imersa em um oceano de pensamentos, afundando cada vez mais nas profundezas da minha mente. A luz fraca do celular iluminava o quarto, revelando os contornos suaves de seu rosto sereno. Seus lábios entreabertos sussurravam palavras indistintas, perdidas em sonhos que eu não podia acessar.

Deslizando meus dedos pela tela, mergulhei nas mensagens não lidas, nas fotos antigas e nas redes sociais que serviam como uma janela para o mundo exterior. Era como se eu estivesse tentando escapar de alguma coisa, buscando uma distração que me mantivesse longe dos meus próprios pensamentos.

Mas, mesmo com toda a tecnologia ao meu alcance, eu não podia fugir de mim mesma. Cada clique, cada deslize na tela só me trazia de volta à realidade que eu estava tentando evitar. Era como se uma voz silenciosa dentro de mim estivesse me lembrando de que havia algo mais, algo que eu estava evitando confrontar.

Olhei para Dean novamente, sua respiração tranquila e constante, tão diferente da turbulência que eu sentia dentro de mim. Ele era meu porto seguro, meu refúgio nas tempestades da vida, mas mesmo ele não podia me proteger das minhas próprias ansiedades e medos.

Fechei os olhos por um momento, respirando fundo e tentando encontrar algum tipo de paz dentro de mim. Mas, mesmo com os olhos fechados, eu ainda podia ver as sombras dançando ao meu redor, me lembrando de que a escuridão nunca estava longe.

Então, com um suspiro resignado, voltei minha atenção para o celular mais uma vez, perdendo-me nas infinitas possibilidades que ele oferecia. Mas, no fundo, eu sabia que não era isso que eu precisava. O que eu precisava estava bem ao meu lado, dormindo tranquilamente, alheio ao caos que se desenrolava dentro de mim.

E, com essa consciência pesada pesando em meu coração, desliguei o celular e me aconcheguei ao lado de Dean, buscando conforto nos braços do único homem que conseguia me fazer sentir verdadeiramente segura. Porque, no final das contas, não importava quantas distrações eu encontrasse, era ele quem eu realmente precisava.

Levantei-me com cuidado da cama, tentando não acordar Dean enquanto minha curiosidade me puxava em direção ao novo quadro na parede. Era uma adição recente ao quarto, e minha mente imediatamente começou a especular sobre sua origem.

Ao me aproximar, pude ver os detalhes mais claramente, e meu coração deu um salto quando percebi o que era: era um retrato de mim. Fiquei momentaneamente atordoada, tentando processar a surpresa e o calor reconfortante que se espalhava dentro de mim.

Os traços delicados do rosto, os olhos que refletiam a luz de maneira tão familiar, tudo estava ali, capturado em tela como um lembrete tangível do amor de Dean por mim. Uma onda de emoção me inundou, e eu me peguei sorrindo enquanto observava cada detalhe cuidadosamente elaborado.

Por um momento, senti-me como se estivesse olhando para dentro da minha própria alma, refletida de volta para mim de uma maneira que eu nunca havia experimentado antes. Era como se Dean tivesse capturado não apenas minha aparência física, mas também a essência da minha própria alma, e isso me deixou sem fôlego.

Com os olhos marejados, virei-me para encarar Dean, sentindo uma gratidão avassaladora por tê-lo em minha vida. Ele estava ali, deitado tão pacificamente, alheio ao impacto que sua simples expressão de amor havia causado em mim.

Com passos silenciosos, retornei para o calor reconfortante da cama, deslizando-me ao lado de Dean e envolvendo-me em seus braços protetores. E enquanto me aconchegava ao seu lado, soube que, não importa o que o futuro nos reservasse, aquele quadro sempre permaneceria como um lembrete eterno do amor que compartilhávamos.

  Senti-me envolver pelo doce torpor do sono, afundando lentamente em um mundo de sonhos onde preocupações e medos eram apenas sombras distantes. Mas minha paz foi abruptamente interrompida pelo som insistente das notificações do celular, arrancando-me cruelmente daquela tranquilidade fugaz.

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