Dean

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  Estou em um tipo de quarto mas com cadeiras ao invés de cama e com paredes com tipo de janelas que dão a visão para o lado de fora, o corredor; Mas quem está do lado de fora não consegue olhar para dentro. A enfermeira me mandou pra cá para eu poder receber a doação do sangue de Madden.

   Ele entra no quarto com uma enfermeira que bate em sua cintura, e posso quase vê-la se tremendo quando fala com ele.

— "O senhor pode retirar sua jaqueta e deixá-la aqui ao seu lado." — Ela engole em seco e suas bochechas ficam em um tom de vermelho.

  Balanço a cabeça para o lado rindo, a pequena enfermeira está tensa ou quente com a presença do Madden? Bom, Indie não gostaria de saber que ela está com a segunda opção talvez.

  Madden doando seu sangue. Sua expressão, embora cansada, irradiava compaixão e solidariedade. A enfermeira, com maestria, conduziu o processo, e eu observei enquanto a bolsa se enchia, sabendo que aquelas gotas carregavam a esperança de alguém, mais da Octávia do que minha.

  Quando chegou minha vez de receber o sangue do Madden, a sala parecia impregnada com um ar de silêncio. A enfermeira conectou a bolsa, e eu senti a energia vital fluir para meu corpo. Era como se, através da doação do Madden, uma corrente de vida estivesse sendo transmitida para mim.

Olhando nos olhos do Madden, expressamos uma expressão silenciosa, uma compreensão mútua da importância desse ato. A sala, antes preenchida pelo som constante da máquina, agora ecoava com a respiração tranquila de ambos.

Ambos sentados lado a lado, olhávamos para frente. Nossa visão sendo preenchida pela presença das nossas mulheres.

— "Desde que eu te conheci." — Começo, — "Você mudou, ficou mais fácil de conversar."

Ele me olha com um olhar de 'Que porra você está falando?' e então, decido tentar melhorar o que eu quis dizer.

— "Eu quero dizer que você parece ter me aceitado melhor, aquele dia no aniversário da Tavi e você decidiu falar por mim quando Dag estava dizendo aquelas coisas. Por quê?"

— "Por que você é importante para ela." — Octávia ri de algo que Indie diz, sinto minha boca curvar em um sorriso. — "Eu sentia raiva de você." — Ele confessa.

Raiva? Mas eu nunca fiz nada para ele ou algo de ruim pra alguém de sua família.

— "Eu não gosto de mudanças na minha vida, eu não suporto a ideia das coisas serem arrancadas de mim." — Ele prossegue respirando fundo, — "Então, Ivarsen e você se aproximaram mais e eu me senti..."

— "Com ciúmes?" — Pergunto.

— "Jogado de lado." — Ele diz, — "Quando criança eu e Ivarsen tínhamos nossas questões mas o tempo foi passando e ele se tornou meu melhor amigo e vê-lo te chamando de melhor amigo me irritava, eu me sentia traído."

— "Cara, eu não fiz por mal..." — Começo tentar a me justificar.

— "Claro que não, idiota." — Ele bufa algo que não consigo entender. — "E aí você viu ela." — Ele emitiu uma risada desprovida de divertimento.

Sigo seu olhar e vejo ele olhando Octávia.

— "Minha eterna criança protegida." — Ele se vira para mim, — "Tem noção do que é ver uma pessoa que você morreria por ela escolher outra pessoa para compartilhar seus segredos, para ser amada?"

— "Você nunca irá perdê-la, Madden." — Eu falo o encarando, — "Nem mesmo eu tenho esse poder entre vocês dois, se um dia você precisar de algo ela não iria pensar duas vezes de ir até você."

  Olho para Octávia, — "Nem no meu último dia de vida eu impediria ela de ir até você se fosse seu último dia, por que eu sei que você cuidou dela todos os anos em que eu não a conhecia e podia estar com ela." — Sorrio, — "Como eu poderia impedi-la de estar perto da segunda coisa que faz ela feliz."

— "Segunda coisa?" — Ele me encara confuso.

— "A primeira sou eu." — Entrego um sorriso brincalhão para ele e ele revira os olhos, Ele ri.

  Madden riu de algo que eu disse pela primeira vez em tempos.

— "E Indie? Esse lance de vocês é recente?" — Pergunto.

— "Ela decidiu que eu seria dela aos 11 anos de idade." — Ele diz.

— "E você?" — Me ajeito não cadeira estalando os dedos.

— "Eu obedeci e me tornei seu homem." — Ele encara ela agora, seus olhos brilham e ele sorri com eles. — "Ela me ajudou a tornar quem sou hoje, aos poucos ela foi me mudando."

  Ele respira fundo pegando sua jaqueta, ajeitando a manga da sua blusa, — "Teve um momento na nossa vida que eu decidi que queria ser bom, bom para ela. Entende? Foi quando eu percebi que não conseguiria passar um dia sequer sem ela na minha vida."

   Ele olha para cima como buscasse por definições para falar sobre ela, — "Ela é o meu oposto, ela é barulhenta, agitada, teimosa, mandona, ciumenta e com certeza tem um excesso de loucura questionável. Mas..."

   Ele se levanta e posso ver Indie fazer o mesmo do lado de fora.

— "Como eu não poderia não querer ela? Ela é tudo que falta em mim e Meu Deus." — Agora diferente de antes ele ri com humor e vejo um sorriso largo surgir. — "Eu a amo Tanto que me consome todo meu ar, corpo e minha mente.

   É, Madden Mori. Eu sei como é essa a sensação!

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