Dean

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       Eu a observo de longe, observando a inquietude que a consome, como se houvesse uma tempestade dentro dela, esperando para ser desencadeada a qualquer momento. Octavia, é um enigma envolto em mistério e beleza sombria. Seus cabelos, tão naturalmente ondulados iguais aos da mãe dela, caem em ondas sinuosas pelas suas costas, um mar de escuridão que contrasta com sua pele pálida como a neve. Seus olhos, profundos e negros, parecem conter segredos antigos e perigos ocultos.

Ela é como uma obra de arte macabra, uma beleza que atrai e amedronta ao mesmo tempo. Às vezes, quando a vejo perdida em pensamentos sombrios, imagino se ela é uma criatura sobrenatural disfarçada de humana, ou se é apenas uma alma atormentada em busca de redenção. Sua presença é como uma sombra que paira sobre mim, envolvendo-me em seu mistério e me deixando sedento por mais.

Mas mesmo com toda sua escuridão, há uma fragilidade em Octávia que me comove. Por trás da fachada de força e indiferença, vejo a dor que ela tenta esconder, as cicatrizes invisíveis que marcaram sua alma. Às vezes, quando estamos sozinhos, ela deixa cair a máscara e se revela para mim, vulnerável e assustada. Nesses momentos, sinto-me privilegiado por ser o único a testemunhar sua verdadeira essência, mesmo que seja apenas por um breve instante.

Enquanto a observo agora, perdida em seus pensamentos sombrios, sinto uma mistura de fascínio e preocupação. Seu silêncio é ensurdecedor, preenchido apenas pelo eco de seus pensamentos tumultuados. Quero alcançá-la, mergulhar nas profundezas de sua mente e descobrir o que a atormenta tanto. Mas sei que é uma jornada perigosa, uma viagem rumo ao desconhecido que pode nos consumir ambos.

Por enquanto, resta-me apenas observar, aguardando pacientemente o momento em que Octavia decidirá abrir-se para mim completamente. Até lá, continuarei a ser seu guardião silencioso, pronto para enfrentar qualquer escuridão que ameace consumi-la. Pois, no final das contas, é isso que o amor verdadeiro significa: estar disposto a lutar, mesmo quando tudo parece perdido. E por Octavia, estou disposto a lutar até o fim.

  Me aproximo silenciosamente por trás dela, sentindo o calor do seu corpo enquanto ela permanece perdida em seus pensamentos tumultuados. Com um suspiro, coloco minha mão em seu ombro, transmitindo-lhe minha presença antes de falar.

— "O que há com você, hein?" — Murmuro baixo o suficiente para que apenas ela possa ouvir, enquanto observo seus olhos, buscando alguma pista sobre o que a está perturbando.

Octavia se sobressalta ligeiramente ao sentir meu toque, mas não vira para me encarar. Em vez disso, seus olhos permanecem fixos em algum ponto distante, como se estivessem presos em um pesadelo do qual ela não consegue acordar.

— "Nada, Dean. Só estou pensando em algumas coisas." — Sua voz é suave, mas carrega um peso de tristeza que me faz desejar poder dissipar.

Eu aperto gentilmente seu ombro, transmitindo-lhe meu apoio silencioso.

— "Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não é? Estou aqui para você, sempre."

Por um momento, parece que ela está prestes a ceder, a abrir-se para mim completamente. Mas então, ela sacode a cabeça com um suspiro resignado.

— "Eu sei, Dean. Só preciso de um tempo para processar algumas coisas." — Sua voz é um sussurro frágil, mas cheio de determinação.

Respeitando sua necessidade por espaço, eu recuo um passo, deixando-a novamente com seus pensamentos. Mas enquanto me afasto, prometo a mim mesmo que estarei lá para ela, não importa o que aconteça. Pois se há algo que aprendi ao longo do tempo, é que o amor verdadeiro é paciente, é compassivo e está sempre disposto a esperar. E por Octavia, estou disposto a esperar para sempre, se preciso for.

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