Persuit

Dean

   A noite passada foi como um turbilhão de emoções. Enquanto o calor das chamas consumia o passado no carro do meu pai, eu senti um renascimento, uma sensação de liberar o peso que carregava há tanto tempo. Octávia estava ao meu lado, não apenas como uma amiga, mas como a força motriz por trás dessa transformação.

  Depois de deixar Octávia em sua casa, as imagens da noite ecoavam em minha mente. O fogo refletindo em seus olhos, as palavras que compartilhamos, tudo parecia tão intenso e significativo. Mas à medida que dirigi para casa, uma sombra de insegurança começou a se formar.

    Ao entrar na quietude da minha casa, me deparei com a solidão que contrastava com a intensidade da noite anterior. O fogo que queimava dentro de mim ainda estava presente, mas agora vinha acompanhado por uma dose de ansiedade. Eu me perguntava se teríamos a força necessária para superar os desafios que se aproximavam.

  Enquanto me jogava no sofá, repassava cada detalhe da noite. Octávia e eu estávamos construindo algo especial, mas a vulnerabilidade da confissão de medo ainda pairava sobre mim. A ideia de perdê-la era assustadora demais para contemplar.

  Refletindo sobre a noite passada, percebi que precisávamos conversar mais sobre nossos medos e expectativas. O futuro que estávamos construindo não seria isento de desafios, mas talvez a verdadeira força residisse em enfrentá-los juntos, compartilhando nossos receios e esperanças.

  Enquanto me acomodava na cama, o calor do momento ainda reverberava em meu coração. Decidi que, no novo dia que se iniciava, precisávamos ser honestos um com o outro. O amor que sentíamos era forte, mas enfrentar nossos medos juntos poderia fortalecê-lo ainda mais. E assim, adormeci com a esperança de que, apesar dos desafios, nossa jornada continuaria a ser guiada pela força do que construímos naquela noite especial.

••••••

   Na manhã seguinte, acordei com o sol raiando, mas o peso das preocupações da noite anterior ainda persistia. Decidi que era hora de encarar esses sentimentos de frente e ter uma conversa sincera com Octávia.

  Enquanto me preparava para o dia, uma sensação de inquietação me acompanhava. Enquanto descia as escadas, pensava em como abordar os temas delicados que precisávamos discutir. Quando cheguei à sala de estar, porém, fui interrompido por uma surpresa inesperada.

  Minha mãe estava lá, sentada no sofá, com um olhar entre surpresa e curiosidade. Engoli em seco, sem esperar que eu fosse encontrar com ela tão cedo e com tanta coisa acontecendo.

— "Dean, querido, eu não esperava vê-lo agora. Algum plano para o dia?" — Ela perguntou, sua expressão revelando uma sutil malícia.

— "Só algumas coisas para resolver, mãe. Você está bem?" — respondi, tentando esconder minha ansiedade.

  Ela sorriu, um brilho travesso nos olhos. — "Bem, bem, acho que você pode dizer que eu estava dando uma espiadinha para conferir como foi sua noite."

  Engoli em seco novamente, imaginando quais detalhes ela já tinha deduzido. — "Ah, mãe, sobre isso..."

Antes que eu pudesse terminar, ela riu. — "Não se preocupe, Dean. Vocês são adultos. Só queria garantir que tudo estivesse bem. Octávia parece ser uma garota incrível."

  A surpresa e o alívio misturavam-se em mim. — "Você conheceu Octávia? Já conversou com ela?"

— "Não diretamente, mas quando você a deixou em casa, percebi que era uma visita especial. Vocês dois parecem estar construindo algo bonito juntos."