Octavia

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Há exatos dois anos, minha vida deu uma guinada inesperada. Hoje, enquanto me preparo para a semana do casamento de Ivarsen, não consigo deixar de refletir sobre os eventos que marcaram essa jornada. Entre altos e baixos, descobertas surpreendentes e desafios superados, minha trajetória me trouxe até este momento crucial. O passado se entrelaça com o presente, e, no horizonte, a celebração familiar se aproxima.

À medida que me aproximo dos meus tão esperados 18 anos, uma sensação de expectativa paira no ar, misturada com um toque de nostalgia pelos anos que passaram. Enquanto conto os dias para esse marco, não posso deixar de pensar em Dean, o menino que cativou meu coração ao longo desses dois anos de mudanças e crescimento.

Dean, com seu sorriso cativante e a maneira como ele ilumina até mesmo os dias mais sombrios, tornou-se uma parte essencial da minha jornada. As risadas compartilhadas, os momentos de cumplicidade e até mesmo os desafios que enfrentamos juntos moldaram a complexidade dos meus sentimentos.

À medida que o aniversário se aproxima, paira a pergunta: o que o futuro reserva para nós? Será que o tempo, assim como o destino, conspirará a nosso favor? Enquanto os dias se desenrolam, estou ansiosa para ver como essa história, que começou há dois anos, continuará a se desdobrar.

Entretanto, junto com a antecipação, também surge uma sutil teia de insegurança. Às vezes, me pego questionando se Dean percebeu as mudanças que aconteceram em mim durante esses dois anos. Será que ele nota as pequenas nuances que revelam o turbilhão de emoções que eu mal consigo articular?

A proximidade dos 18 anos intensifica essas inseguranças, tornando-me mais consciente das expectativas que pairam sobre essa fase da vida. O que acontecerá quando atravessar essa fronteira simbólica? E, especialmente, como isso influenciará a dinâmica entre Dean e eu?

Enquanto me preparo para o meu aniversário e para o casamento do meu irmão, sinto-me como uma dançarina em um palco incerto, tentando equilibrar as promessas do futuro com as sombras do passado. O desconhecido se estende diante de mim, e a incerteza torna a jornada ainda mais intrigante e, ao mesmo tempo, desafiadora.

Enquanto a contagem regressiva para os meus 18 anos avança, percebo que estou crescendo no meio de uma corrida ilegal, uma pista onde as reviravoltas da vida se desenrolam em alta velocidade. Esses dois anos me transformaram em uma espectadora e participante desse cenário peculiar.

A adrenalina das corridas ilegais, os motores rugindo, e a escuridão que envolve essas noites clandestinas criaram uma trama única para minha jornada. Nesse universo desafiador, aprendi a lidar com a pressão e a incerteza, assim como as curvas perigosas de uma pista clandestina.

Enquanto o casamento do meu irmão se aproxima, vejo-me entre dois mundos, equilibrando o compromisso familiar e a atração magnética da corrida noturna. Cada ronco de motor ressoa como uma metáfora da imprevisibilidade da vida, e, no centro disso tudo, estou eu, crescendo entre as luzes da cidade e as sombras da ilegalidade.

  O som do motor da moto de ivarsen ecoa pelo pátio da casa.

  Com um olhar curioso, Ivarsen se aproxima de mim. — "Falando sério agora, mana, tem algo que você não está me contando? Como anda essa história com o Dean?"

— "Ah, você sabe como é, Ivarsen. Dois anos, muitos altos e baixos... Dean é uma parte especial dessa equação." — Falo.

Ivarsen rindo, — "Parte especial, hein? Parece que minha irmã está escondendo algo. Conta aí, qual é a do casalzinho?"

Eu rindo também, — "Não é nada tão dramático assim. Só que, com o casamento chegando, tudo parece mais intenso, mais... complicado."

Ivarsen coloca o braço ao redor dos meus ombros. — "Complicado é o nosso sobrenome, Tavi. Mas, sério, se precisar de conselhos, tô aqui."

   A porta se abre, e Arion Ashby, irmã da minha mãe, entra com sua família. Cumprimentam-nos com sorrisos educados, mas percebo um sutil desconforto.

Arion parece sorrir forçadamente. — "Olá! Espero que tenham espaço para mais alguns." Ela fala com seus braços em volta dos do seu marido, parece estar tensa.

Minha mãe responde educada, — "Claro, Arion. Sempre bem-vinda." — Ela se levanta indo até sua irmã com um sorriso, as duas se abraçam por um momento.

  Eu percebo meu pai trocar um olhar cauteloso com minha tia, Banks, enquanto cumprimenta o marido de Arion. Minha tia, seu marido e sua filha se acomodam à mesa, e a atmosfera se torna uma mistura de cortesias formais e suspeitas não expressas.

Meu pai parece tentar amenizar.
— "Como estão as coisas, Arion?"

— "Tudo sob controle, como sempre." — Ela bebe um gole do vinho.

    A conversa à mesa se torna um equilíbrio delicado entre perguntas educadas e pausas constrangedoras. Enquanto tento manter a leveza, percebo as dinâmicas complicadas entre minha família e os recém-chegados. O jantar de casamento se desenrola com uma tensão palpável, deixando-me curiosa sobre as razões dessa tensão não dita entre meu pai e Arion.

Filha da minha tia Arion, pelo que me lembro é Liz o seu nome e ela fica olhando ao redor.
— "Nossa, isso aqui está incrível! É para o casamento do primo?"

  Eu e Gunnar nos entreolhamos ao ver a surpresa dela em um jantar simples e o jeito que se refere a ivarsen.

  Vejo meu pai sorrindo para ela e pousa os talheres no prato. — "Sim, querida. Estamos todos reunidos para celebrar o grande dia dele."

Ela abre um sorriso animada, — "Deve ser legal casar. A minha mãe diz que é tipo um conto de fadas."

— "Ela está certa em muitos aspectos. Às vezes, é como um conto de fadas, com algumas reviravoltas pelo caminho." — Meu pai olha para ela, uma onda de ciúmes bate em mim do jeito que ele está tratando ela bem.

Ela curiosa pergunta, — "E você e a minha mãe se dão bem? É a primeira vez que eu estou conhecendo todos vocês."

Meu pai olha para minha mãe que aperta a mão dele e sorri. — "Nem sempre foi fácil, mas as famílias são complicadas. No final, aprendemos a nos entender."

— "Meu pai diz que a vida é como um filme, cheia de drama e comédia."

Meu pai sorri novamente para ela. — "Ele tem uma maneira única de ver as coisas. Espero que, com o tempo, todos nós possamos ter esse tipo de pensamento."

   A filha da minha tia olhando para a mesa.
— "Parece legal. Espero que um dia tenhamos uma festa assim lá em casa." — Ela olha para mim, seu cabelo ruivo ao ponto de parecer vermelho sob as luzes do lustre, — "Temos uma criação de galinhas que amaria mostrar para vocês."

— "Não sabia que vocês tinham mais irmãs, Arion." — Meu pai responde subindo as sobrancelhas, Gunnar ri mas vejo o bicar do salto da minha mãe no pé do meu pai e no de Gunnar pela mesa de vidro e eles dois se contorcendo na cadeira.

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