[Como seguimos daqui?]

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~》 Onde Jão e Pedro tem uma recaída e acabam sentindo na pele o gosto da incerteza.

~ Totalmente autoral.

Jão Romania Balbino.
São Paulo, Brasil.

A quase 10 minutos, eu e Pedro estamos olhando para o teto de meu quarto.

Minha respiração está se regulando novamente e o calor agora está se quebrando com o vento gelado do ar-condicionado.

Não falamos uma única palavra desde que acabamos, apenas nos jogamos aqui, exaustos, suados e sem uma única peça de roupa.

Faziam meses que isso não acontecia. Merda.

Não deveria ter acontecido, não de novo. Não depois de eu ter prometido que não aconteceria novamente.

Eu sei que não deveria, mas isso já não é uma grande surpresa.

O que a gente faz agora? Ainda não sabemos a resposta.

Quando se passam mais longos minutos, posso sentir Pedro se virar para mim. Viro para ele.

Nos encaramos.

- Não devíamos ter feito isso... Não podemos parar na cama a cada festa que vamos! - Ele diz. Eu assinto.

Era isso. Sempre foi assim.

- É.

O silêncio cai sobre nós novamente.

Passo meus olhos por seu rosto e paro para analisá-lo. Pedro tem um rosto lindo, sempre achei o mais bonito nele.

Tófani parece me analisar também. Eu me lembro de quando ele falava que eu tinha os traços harmônicos, que deixava meu rosto impecável.

Eu ainda me lembro, depois de tanto tempo.

Antes que eu possa pensar, em um impulso extremamente inesperado, Pedro toma meus lábios para si.

Sua boca gruda na minha, em um selar um pouco bruto. Me assusto de início, mas sinceramente, já estamos aqui, não é?

Retribuo o beijo. É intenso, porém lento. Minhas mãos vão para sua cintura nua e as suas mãos tocam meu rosto.

Após alguns minutos, sinto o ar começando a faltar. Porém, antes que eu pudesse soltar o beijo, sinto algo molhado em meu rosto.

Em um impulso, desgrudo nossas bocas e encaro Pedro.

Ele estava... Pedro estava... chorando?

O que?

- Pedro... Ei, o que aconteceu?! - Talvez, meu susto esteja me deixando desesperado.

O que houve? Eu fiz algo? Por que ele estava assim?

Confesso: odeio ver Pedro chorar. É como se isso cortasse até o fundo de meus ossos.

Ele não diz nada.

- Pedro, você está me preocupando, o que foi?! - Ele continua em silêncio, chorando ainda mais.

Antes que eu pudesse falar mais algo, Pedro finalmente fala.

- Isso aqui, João! - Ele exclama.

- Como assim...?

Pedro balança a cabeça e se senta na beira da cama, sem olhar para mim.

- Isso aqui. Nós. Você. Isso foi o que aconteceu. O que aconteceu foi você! - Sua voz está embaçada, ele continua chorando.

E eu, confuso.

- Como assim, Pedro?!

- Eu não aguento mais! - Ele esbraveja - Sabe, Vitor, é muito complicado viver assim. Uma hora estamos juntos de nossos amigos, na outra estamos falando sobre pessoas que andamos ficando e, sem querer, paramos na cama! E, porra, tudo volta! Todos os meus sentimentos se encontram a flor na pele, porquê quando eu toco você, João... Quando eu toco você me sinto em outro mundo!

Pedro derrama todas as informações de uma vez, falando rápido e em meio a lágrimas. Ele não olha para mim.

Passo a mão pelo rosto. Penso em dizer algo, mas ele é mais rápido.

- Você nem quer isso aqui. Você exclamou que finalmente tinha me deixado ir, mas você nunca vai realmente embora!

Chega.

- Não! Você não me ajuda! Se se importasse tanto assim com a maneira que eu me sinto, não teria transado comigo a 30 minutos atrás! - Digo, me sentando na cama, ainda atrás dele.

- Então me diz o que eu faço! Tanta ver meu lado, João! - Ele passa a mão pelo rosto, abaixando a cabeça. - Parte de mim te quer de volta, mas isso não funcionaria, não é mesmo?

O silêncio, novamente.

- Não funcionaria porquê você não quis que funcionasse! - Acuso, com a voz baixa.

Se eu falasse mais alto, choraria.

- Eu sei. - Sua voz soa mais baixa que a minha. - Mas eu juro que fiz tudo o que eu pude.

Ficamos em silêncio. Talvez ele espere que eu diga algo, mas eu não sei o que dizer.

Ele se levanta e eu me desespero. Não quero que ele vá embora.

- Não! - Seguro sua mão. Ele se vira para mim. - Não...

Ele nega com a cabeça.

- Está vendo... Nós nunca conseguimos, João! Tudo que estamos tentando, esse tempo todo, é acabar. Mas nós, simplismente, não conseguimos!

Olho para baixo. Ele estava certo.

Pedro se senta na cama, olhando para mim.

Sinto seus dedos levantarem meu queixo e eu encontro seus olhos.

- Como seguimos daqui? - Sussuro. Ele não ouviria se não estivéssemos na proximidade que estamos.

- Eu não sei, amor. Eu não sei.

ONE SHORT, pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora