[Estamos em paz]

594 43 99
                                    

~》Onde Jão passa o ano novo com seus amigos.

~ Totalmente autoral.

Jão Romania Balbino.
São Paulo, Brasil.

É sempre meio desconexo quando preciso fazer meu último show antes da minha "pausa".

É quase como se alguém estivesse me forçando a deixar meu lugar completamente para trás.

Chega a ser até doloroso.

Porém, claramente é um alívio saber que poderei cuidar de mim pra valer nos próximos meses.

Estar em casa, com meus gatos e ter mais espaço para meus amigos e familiares.

É um felicidade e tanto, ainda mais quando paro pra pensar que não tive muito disso no último ano inteiro.

- Feliz ano novo! - Sou despertado a realidade com o grito em coro dentro de meu camarim.

Minha banda e equipe toda reunida em um círculo, com seus copos e celulares para cima. Bem do nosso jeito.

Francine me abraça e eu prontamente correspondo. Trocamos um selinho rápido, como já era de costume nosso. Nada demais, só carinho.

Viro-me ao outro lado e tomo Pedro em um abraço.

- Feliz ano novo, que 2023 seja ainda maior do que foi 2022! - Ele diz, com a sua voz eufórica.

Sorrio.

- Vai ser! Obrigado por tudo! - Nos afastamos e, seguimos com isso até todos terem cumprimentado todos.

[...]

Eram por volta das 02:00hs da manhã, todos estávamos em uma casa alugada, em volta da piscina.

Alguns fora e outros tomando banho. Eu havia ido me trocar a força, pois por insistência da Francine, do Pedro e do André, eu vou entrar.

- Caralho, vocês falaram que não tava gelada! - Digo, descendo o último degrau da piscina.

- É claro que não tá! Eu tô aqui a quase uma hora! - Pedro responde, com um sorrisinho sacana.

Cerro os olhos e nego com cabeça, olhando para ele. Enquanto o moreno ri pra mim.

- Deixa de frescura, João Vitor! - Francine diz, jogando água em mim.

Por fim, mergulho de uma vez, tentando acalmar o quão gelado tudo ali estava.

Começo a me movimentar, tentando que o frio se dissipe.

Depois um algum tempo, finalmente funciona.

[...]

Quando o relógio bate 04:00hs, grande parte das pessoas decide que é o momento exato para se recolher.

Todos já meio bêbados, sem responder muito por si, cambaleando e por aí vai.

Eu continuo dentro da piscina, sentado em sua escada. Pedro está aqui comigo, mas ele continua nadando sem parar.

- Você não cansa, não?  - Pergunto, em um tom bem humorado.

- Nah, acho que não. - Ele responde no mesmo tom.

Acabo sorrindo e ele faz igual.

Dou o último gole no meu sétimo drink. Acho que agora já deu.

Pedro nada até o meu lado e senta-se ali comigo.

- Ainda vai demorar aqui?

- Não, daqui a pouco já vou.

Assinto.

Suspiro e encosto minhas costa na parede da piscina, fechando os olhos.

- Temos um álbum a ser construído, não é? - Pedro pergunta.

- Temos.

Ele põe-se na mesma posição que a minha.

- Você já tem bastante coisa pronta, né? - Sua pergunta vem junto de um tapa de leve em minha coxa.

Um costume antigo que Pedro tinha comigo. Não sei dizer quando ele voltou a fazer.

- Já sim. Você tem alguma coisa?

- Primeiro precisamos conversar sobre o estilo que terá esse álbum, depois sobre o que eu tenho.

Assinto.

Ficamos em silêncio por longos segundos.

- Alguma das teorias dos seus fãs está certa? - Ele pergunta e eu prendo o riso, de um maneira totalmente falha. - Estou falando sério, Vitor!

- Você está me perguntando se o álbum será repleto de ódio e rancor? - Falo em meio a uma risada, enquanto o encaro com sua carranca.

Ele me olha com os olhos cerrados.

- Quero saber até que ponto sua criatividade vai nesse álbum. - Ele diz, me encarando.

- Bom, isso vai depender de você.

Ele pigarreia, com um sorriso lindo, enquanto revira os olhos e balança a cabeça.

- Estamos em tempos de paz, Romania! - Ele diz.

- Será que estamos? - Pergunto o olhando nos olhos.

Pedro não desvia o olhar. Na verdade, ele se mantém por minutos inteiros.

Sinto minha boca seca demais. Quando passo a língua, quase que inconscientemente, pude ter a certeza que Pedro olhou aquele movimento com atenção.

Algo em mim faz cócegas, no corpo todo.

Talvez ele esteja perto de mais.

Senhor, quando ele chegou tão próximo assim?

- Talvez... - Pedro sussura e mesmo assim, eu escuto com clareza. - Talvez não estejamos 100% em paz para algumas coisas.

Eu sabia exatamente do que ele falava. Sabia exatamente porquê eu sentia igual.

- Talvez nunca estejamos 100% em paz. - Eu respondo, no mesmo tom.

Ele ri e eu sorrio.

- Você me faz pensar coisas demais... Você não deveria fazer isso! - Ele acusa, ainda baixo.

- Você não deveria se aproximar tanto assim! - Respondo.

E então, ele passa seu braço em minhas costas e me puxa para si, fazendo nossos narizes se tocarem.

- Não consigo evitar. Você sempre fez isso comigo... estranho é pensar que ainda faz.

- Pedro, me beija! - Digo e ele sorri.

Sinto sua outra mão tocar a lateral do meu pescoço.

Eu toco sua silhueta e o trago para mais perto.

Antes que eu pudesse pensar, ele finalmente me beija.

E é mágico e eufórico, como um feitiço especial, que suprisse a necessidade que tínhamos um do outro.

Quando o ar acaba, nos afastamos apenas o suficiente para nossas bocas descolarem.

E eu não estava arrependido, nem um pouco.

Não era nada demais, era?

- Vamos, já está muito tarde. - Pedro levanta-se e me puxa com ele.

Acho que vamos para o seu quarto.

Eu espero que sim.

Seguimos em silêncio.

Ele, aparentemente, quer mais. E eu também quero.

São só beijos, não é? Não tem problema nenhum.

São só beijos, só corpo.

E ele é o único que faz eu sentir isso.

Então, são só alguns momentos.

ONE SHORT, pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora