~》Onde Jão passa o ano novo com seus amigos.
~ Totalmente autoral.
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Jão Romania Balbino.
São Paulo, Brasil.◇
É sempre meio desconexo quando preciso fazer meu último show antes da minha "pausa".
É quase como se alguém estivesse me forçando a deixar meu lugar completamente para trás.
Chega a ser até doloroso.
Porém, claramente é um alívio saber que poderei cuidar de mim pra valer nos próximos meses.
Estar em casa, com meus gatos e ter mais espaço para meus amigos e familiares.
É um felicidade e tanto, ainda mais quando paro pra pensar que não tive muito disso no último ano inteiro.
- Feliz ano novo! - Sou despertado a realidade com o grito em coro dentro de meu camarim.
Minha banda e equipe toda reunida em um círculo, com seus copos e celulares para cima. Bem do nosso jeito.
Francine me abraça e eu prontamente correspondo. Trocamos um selinho rápido, como já era de costume nosso. Nada demais, só carinho.
Viro-me ao outro lado e tomo Pedro em um abraço.
- Feliz ano novo, que 2023 seja ainda maior do que foi 2022! - Ele diz, com a sua voz eufórica.
Sorrio.
- Vai ser! Obrigado por tudo! - Nos afastamos e, seguimos com isso até todos terem cumprimentado todos.
[...]
Eram por volta das 02:00hs da manhã, todos estávamos em uma casa alugada, em volta da piscina.
Alguns fora e outros tomando banho. Eu havia ido me trocar a força, pois por insistência da Francine, do Pedro e do André, eu vou entrar.
- Caralho, vocês falaram que não tava gelada! - Digo, descendo o último degrau da piscina.
- É claro que não tá! Eu tô aqui a quase uma hora! - Pedro responde, com um sorrisinho sacana.
Cerro os olhos e nego com cabeça, olhando para ele. Enquanto o moreno ri pra mim.
- Deixa de frescura, João Vitor! - Francine diz, jogando água em mim.
Por fim, mergulho de uma vez, tentando acalmar o quão gelado tudo ali estava.
Começo a me movimentar, tentando que o frio se dissipe.
Depois um algum tempo, finalmente funciona.
[...]
Quando o relógio bate 04:00hs, grande parte das pessoas decide que é o momento exato para se recolher.
Todos já meio bêbados, sem responder muito por si, cambaleando e por aí vai.
Eu continuo dentro da piscina, sentado em sua escada. Pedro está aqui comigo, mas ele continua nadando sem parar.
- Você não cansa, não? - Pergunto, em um tom bem humorado.
- Nah, acho que não. - Ele responde no mesmo tom.
Acabo sorrindo e ele faz igual.
Dou o último gole no meu sétimo drink. Acho que agora já deu.
Pedro nada até o meu lado e senta-se ali comigo.
- Ainda vai demorar aqui?
- Não, daqui a pouco já vou.
Assinto.
Suspiro e encosto minhas costa na parede da piscina, fechando os olhos.
- Temos um álbum a ser construído, não é? - Pedro pergunta.
- Temos.
Ele põe-se na mesma posição que a minha.
- Você já tem bastante coisa pronta, né? - Sua pergunta vem junto de um tapa de leve em minha coxa.
Um costume antigo que Pedro tinha comigo. Não sei dizer quando ele voltou a fazer.
- Já sim. Você tem alguma coisa?
- Primeiro precisamos conversar sobre o estilo que terá esse álbum, depois sobre o que eu tenho.
Assinto.
Ficamos em silêncio por longos segundos.
- Alguma das teorias dos seus fãs está certa? - Ele pergunta e eu prendo o riso, de um maneira totalmente falha. - Estou falando sério, Vitor!
- Você está me perguntando se o álbum será repleto de ódio e rancor? - Falo em meio a uma risada, enquanto o encaro com sua carranca.
Ele me olha com os olhos cerrados.
- Quero saber até que ponto sua criatividade vai nesse álbum. - Ele diz, me encarando.
- Bom, isso vai depender de você.
Ele pigarreia, com um sorriso lindo, enquanto revira os olhos e balança a cabeça.
- Estamos em tempos de paz, Romania! - Ele diz.
- Será que estamos? - Pergunto o olhando nos olhos.
Pedro não desvia o olhar. Na verdade, ele se mantém por minutos inteiros.
Sinto minha boca seca demais. Quando passo a língua, quase que inconscientemente, pude ter a certeza que Pedro olhou aquele movimento com atenção.
Algo em mim faz cócegas, no corpo todo.
Talvez ele esteja perto de mais.
Senhor, quando ele chegou tão próximo assim?
- Talvez... - Pedro sussura e mesmo assim, eu escuto com clareza. - Talvez não estejamos 100% em paz para algumas coisas.
Eu sabia exatamente do que ele falava. Sabia exatamente porquê eu sentia igual.
- Talvez nunca estejamos 100% em paz. - Eu respondo, no mesmo tom.
Ele ri e eu sorrio.
- Você me faz pensar coisas demais... Você não deveria fazer isso! - Ele acusa, ainda baixo.
- Você não deveria se aproximar tanto assim! - Respondo.
E então, ele passa seu braço em minhas costas e me puxa para si, fazendo nossos narizes se tocarem.
- Não consigo evitar. Você sempre fez isso comigo... estranho é pensar que ainda faz.
- Pedro, me beija! - Digo e ele sorri.
Sinto sua outra mão tocar a lateral do meu pescoço.
Eu toco sua silhueta e o trago para mais perto.
Antes que eu pudesse pensar, ele finalmente me beija.
E é mágico e eufórico, como um feitiço especial, que suprisse a necessidade que tínhamos um do outro.
Quando o ar acaba, nos afastamos apenas o suficiente para nossas bocas descolarem.
E eu não estava arrependido, nem um pouco.
Não era nada demais, era?
- Vamos, já está muito tarde. - Pedro levanta-se e me puxa com ele.
Acho que vamos para o seu quarto.
Eu espero que sim.
Seguimos em silêncio.
Ele, aparentemente, quer mais. E eu também quero.
São só beijos, não é? Não tem problema nenhum.
São só beijos, só corpo.
E ele é o único que faz eu sentir isso.
Então, são só alguns momentos.