~》Onde Pedro e Jão se encontram, novamente, no alto de um prédio. Só que agora, de um jeito diferente.
~ Totalmente autoral.
◇
Jão Romania Balbino
São Paulo, Brasil◇
É absurdamente impossível explicar meus sentimentos no momento! A mistura da felicidade, com a gratidão, junto do alívio de tudo ter ocorrido bem, faz minha mente acreditar que tudo é imensamente irreal.
Acabei de sair de meu primeiro show da Superturnê. Em São Paulo, no Allianz Parque. E, puta que pariu, foi tão incrível!
Estou suado, cansado e maluco para abraçar minha família e meus amigos.
Corro do palco até meu camarim, parando apenas para agradecer a equipe que estava por ali. Eles merecem.
- Puta merda! - Digo, ao entrar no compartimento e encontrar todos ali.
Automaticamente sou abarrotado com abraços, gritos e parabenizações. Acabo derramando algumas lágrimas, assim como todos eles.
É tudo inexplicável e gratificante!
- Vamos comemorar, viu?! - Malu pergunta, apesar de isso soar mais como um aviso.
Apesar de eu quase nunca comemorar essas conquistas, acho que hoje merece umas bebidas.
[...]
São, por volta de, 03:30hs. Meu apartamento está cheio de pessoas, todas bêbadas. Amo meus amigos e a facilidade que eles tem de fazer uma puta festa.
Eu não estava sóbrio também, mas estava consciente.
E, a minha consciência faz com que eu precise de um momento apenas meu. Por isso, deixei minha casa de fininho, subindo para o terraço que existe em meu prédio.
Sento um pouco longe da beirada. Sinto o vento gelado da madrugada, que caí perfeitamente com o lugar húmido, causa do cereno. O barulho dos carros e motos, que nunca param, ecoam.
Fecho os olhos e sinto a sensação do momento. É gostoso.
Em um suspiro, deixo lágrimas felizes escaparem por meu rosto. Agradeço por tudo.
Não sei por quanto tempo estive ali, mas, só voltei a realidade, quando ouvi uma voz conhecida atrás de mim.
- Então, você está aqui. - Olho para trás e encontro seu semblante risonho.
Pedro caminha até o meu lado e se senta ali, em silêncio.
- Já sentiram a minha falta? Poxa, acho que preciso de mais um tempinho! - Digo, brincando. Ele ri e eu também.
- Não, tá todo mundo muito bêbado. Mas eu queria falar com você, então vim te procurar.
- O que aconteceu? Algum problema?
Ele nega com a cabeça.
- Com certeza não. Na verdade, hoje foi perfeito, não acha?! - Ele sorri e eu assinto.
- É, com certeza.
- Queria te parabenizar. - Ele diz - Apesar de já ter feito isso mais cedo, queria falar de novo.
Ele se cala por um tempo.
- Obrigado. - Ele sorri para mim e eu para ele.
Sempre amei o sorriso dele.
Pedro solta um suspiro e olha pra frente. Faço o mesmo.
- Tenho muito orgulho de quem você é, Jão. Muito. Tenho orgulho do João Vitor, que conheci naquela faculdade. E orgulho do Jão, o cara que tenho o prazer de ver nos palcos. - Pedro diz.
Ele não me encara e eu também não o encaro. Mas, é possível perceber a emoção tanto da minha parte, quanto dele.
- E eu tenho orgulho de você. - Digo, olhando para ele, finalmente.
Palhares me olha e dá um sorriso. Mais um de seus sorrisos.
Ele volta a encarar a cidade a sua frente. A nostalgia, traiçoeira do jeito que é, não me deixa não lembrar.
Alguns minutos se passam e nós continuamos em silêncio total. Mas não um silêncio ruim, era apenas um silêncio bom, daqueles que só existe quando duas pessoas se entendem.
- Olhando tudo isso, toda essa cidade... - Pedro diz, tomando meus olhos para si. Ele ainda olha para a paisagem. - Eu acho que você já não é mais tão pequeno comparado a ela.
Meus olhos enchem de lágrimas e um sorriso instantâneo se brota em meus lábios.
Olho para frente, sem saber ao certo sobre o que pensar.
Lá no fundo, ainda brilha.
Sem saber muito o que fazer, tomo Pedro em meus braços, em um abraço apertado. Ele parece se assustar, mas logo me abraça de volta.
Ficamos alguns minutos ali, daquele jeito. Não posso evitar e algumas lágrimas acabam caindo. Ele também chora, eu sei disso.
Quando passam-se mais ou menos 15 minutos, nos afastamos.
Pedro me olha nos olhos e eu faço o mesmo. Seu semblante é risonho, com um rubor avermelhado no rosto.
Lindo.
Ele suspira, se colocando novamente nos eixos. Talvez eu ainda demore um pouco.
- Bom... - Ele bate de leve em minha coxa. - Vamos voltar, antes que achem que estamos fazendo outra coisa!
Não posso segurar e caio em uma gargalhada alta. Ele me acompanha e se levanta, me puxando pela mão em seguida.
Antes de ir, olho novamente para toda aquela cidade. É realmente lindo.
- Vamos? - Ele pergunta. Eu assinto.
Assim saímos daquele lugar novamente, voltando para o apartamento em um silêncio bom.
Com mais uma noite no alto de um prédio para contar histórias.