~》ONDE Jão está farto da sua situação com Pedro e decide bater o martelo
~ Totalmente autoral.
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Pedro Tófani Palhares.
São Paulo, Brasil.◇
Após horas nessa festa chata, sinto a necessidade de tomar um ar. Decido então sair desse meio de pessoas e cheiros e sons, para um dos quartos que há nesta casa.
João havia sumido e eu sei bem que ele ama o último quarto daqui, então é para lá que eu sigo no momento que adentro a parte interna do lugar.
Encontro o loiro deitado na cama de casal, olhando para cima. Ao ouvir-me procura o dono do barulho, esticando um pouco a cabeça. Logo deita-se esticado novamente.
Sigo até seu lado e percebo um ar triste, o que me incomoda logo de cara. Deito junto dele, com os braços se tocando. Na mesma posição.
- Está tudo bem? - Pergunto.
- Está tudo cada vez mais doloroso, Pedro. - Com a voz tensa, João diz, um pouco mais alto que um sussurro.
- O quê?! O que está mais doloroso, João?! - Minha voz soa mais alta e preocupada, muito preocupada.
O que estava doendo nele?
- O jeito que não estamos funcionando. - João tem a voz embaraçada, com um nó que o faz sua frase oscilar.
Viro meu rosto para ele, prestando total atenção. Era uma conversa sobre nós; uma conversa sobre o que estávamos sendo e fazendo.
- Como assim?
Observo João engolir seco, ainda encarado o teto do quarto em que estávamos. Os olhos avermelhados apertam meu peito e a forma como ele parecia calcular suas palavras me encanta.
- Eu... eu não estou mais conseguindo aguentar esse ritmo. - João prende a respiração, tentando calar o choro. Preciso me esforçar para fazer o mesmo. - Está machucando mais do que aliviando, entende?
Ao final da frase, ele finalmente olha para mim. Cravando seus olhos profundos, as pupilas dilatadas, em um tom negro, com o avermelhado tomando conta de todo o resto. Choroso, triste, amedrontado.
Apenas assinto com a cabeça levemente, é tudo o que sou capaz de fazer. Minha vontade é de colher ele, abraçar o mais apertado que posso, encher de beijos e dizer que está tudo, tudo bem. Mas não está.
- E então...? - Pergunto, agora com a minha voz frequejando.
João nega com a cabeça, mostrando estar tão perdido nisso tudo quanto eu. Seus olhos retornam para cima, como se pensasse.
- Não aguento mais brigar e voltar; não aguento mais dizer não e acabar dizendo que sim depois; não aguento mais isso de "vamos ficar quando der vontade" e fingir que não sinto vontade... - ele puxa o ar - o tempo todo.
O choro que eu tentava calar vence e solta-se. Não barulhento ou chamativo, mas silencioso. As lágrimas escorrem linhas curvas, pela posição que minha cabeça se mantinha - virada para João.
- O que... o que você quer fazer? - Com medo, pergunto.
Tudo pode mudar com uma conversa.
- Quero que me responda uma última vez. Quero que algo seja definido. Não posso mais viver de idas e vindas, de talvez. Não quero mais isso, Pedro! - Entonado sua voz, João responde firme. Decidido. Como nunca havia saindo de sua voz antes.