~》Onde Jão e Pedro tem um momento especial e reflexivo.
~ Totalmente autoral.
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Jão Romania Balbino
Los Angeles, Califórnia◇
Quando bate 00:00hs do dia 01 de Janeiro, eu estou sozinho. Por escolha própria.
Escuto os gritos, os fogos, as buzinas o todo o restante, enquanto estou parado em frente a uma praia, em Los Angeles.
Não sei quando começou a acontecer, mas de alguns anos para cá, eu e meus amigos começando a passar os fins de anos em lugares além de São Paulo.
É legal. Viajar com ela galera é sempre bacana.
Não sei dizer porquê escolhi estar sozinho dessa vez, talvez seja para agradecer por mais um ano esplêndido, de uma forma mais íntima.
Independente: obrigado!
Fecho os olhos, sorrio, sinto a brisa do mar e ouço o barulho das ondas. Parece outro mundo.
- Passando a virada sozinho, Sr. João Vitor Romania Balbino? - Aquela voz conhecida me tira do transe.
Olho para trás e encontro o moreno de pé, alguns passos de mim.
Pedro usa uma roupa quase toda branca. Sua famosa camisa de botões e uma bermuda em bege. Seu cabelo partido para o lado e perfeitamente penteado, apesar de sempre ter alguns fios rebeldes caídos em sua testa.
Está maravilhoso.
- E você, Sr. Pedro Tófani? Por que não está com os outros? - Entro na brincadeira, me aproximando mais dele.
- Estou atrás de você. - Ele diz e começa a caminhar mais até mim. - Sabe? Existe um tradição de darmos "feliz ano novo" para as pessoas com quem passamos a virada.
Pedro termina de falar já bem próximo de mim. Ele me abraça e eu retribuo. Passamos alguns minutos assim, ouço Pedro verbalizar um "feliz ano novo" e eu respondo o mesmo.
Tófani usava um perfume forte, como sempre. Ele sempre estava extremamente cheiroso. Ele era quente, acalmava o lugar gelado e húmido.
Quando nos separamos, arrepio com o frio. Automaticamente sinto falta de seu abraço.
- Você já vai subir? - Pedro me pergunta.
Suspiro e nego com a cabeça.
- Não... - Me viro para o mar. - Ainda preciso pensar mais.
Ele assente, ao meu lado.
Ficamos em silêncio, apenas com o barulho do ambiente de fundo.
- Se lembra quando eu e você fomos juntos na praia pela primeira vez? Só eu e você. - Pedro quebra o silêncio.
Sorrio. É claro que eu me lembro.
- Lembro. Foi legal. - Digo sorrindo e ele assente.
Não houve nada em específico, mas foi legal. Na verdade, foi incrível. E eu me lembro de cada detalhe.
Lembro de quando sentamos na areia; lembro de quando Pedro pediu para eu passar protetor nele; lembro de quando eu fui buscar água de coco para nós dois; lembro de quando mergulhamos na água gelada; lembro de quando nos beijamos lento deitados na areia... Eu ainda me lembro de tudo.
- A gente já viveu tanta coisa junto, Pedro. - Quebro nosso silêncio nostálgico.
Vejo ele assentir com a cabeça, sorrindo.
- Vivemos umas 7 vidas juntos, em só uma. - Ele diz.
- E em todas as outras vidas, ainda vamos ser nós. - Eu digo.
Ele me olha e eu o olho. Ele sorri e eu também.
Pedro dá um riso nasal e olha para o chão, mas logo me encara nos olhos novamente.
Encarando seus olhos, percebo seus brilhos novos, as coisas que não existiam antes. Percebo as coisas que desconheço ali.
Sinto vontade de conhecê-los de novo.
- Será que a gente sabe viver um sem o outro? - Digo, sorrindo para ele.
Ele sorri tímido e nervoso.
- Você não tá me pedindo pra tentar de novo, de novo, não é? - Ele diz, ainda sorrindo.
Sorrio mais ainda e continuo o encarando nos olhos.
- E seu eu tiver?