[Olhos brilhantes]

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~》Onde Pedro percebe algo diferente em Jão.

~ Totalmente autoral.

Jão Romania Balbino.
Rio de Janeiro, Brasil.

Acho praias de madrugada uma dádiva.

O silêncio ambiente, que vem com um barulho natural de fundo. O vento forte, as ondas, a água subindo até a costa.

Sem falar no clima frio, mas gostoso. Ótimo para usar um moletom e uma calça confortável.

Bom, é assim que me encontro.

Meus amigos e eu temos o costume de dar rolês pela madrugada e como somos amantes de praias, nada melhor do que aproveitar a estadia no Rio de Janeiro para visitar uma.

Eu estou mais afastado, posso ouvir as risadas de Renan, Pedro, Malu e Gio.

Rio comigo mesmo ao perceber que sei diferenciar cada uma dessas risadas. Eu as reconheceria em qualquer lugar.

Apesar de amar a companhia deles, decidi ter um momento a sós.

Eu costumo apreciar minha própria companhia.

Fecho os olhos e sinto o vento gelado em meu rosto. Sorrio sem nem perceber.

Meus olhos estão cheios de lágrimas, causadas pela dilatação da minha pupila.

Sou apaixonado por essa sensação e esses momentos.

- Rindo sozinho, Romania? - Pedro me tira dos meus pensamentos, com seu tom risonho.

Dou risada e ele também. Pedro senta-se ao meu lado.

- É lindo, não é? - Pergunto, me referindo ao mar.

Ele assente com a cabeça e um sorriso lindo nos lábios.

- É sim... - Pedro diz meio vago.

Estranho. Conheço ele.

Franzo o senho e viro-me para ele.

- Quer me dizer algo? - Digo de supetão.

Ele me olha, ainda sorrindo. Alguns segundos de silêncio entre nós se estala.

Até que ele me responde.

- Você está... está diferente. - Fico ainda mais confuso.

- Como assim?!

- Diferente. Um diferente bom. - Um vinco deve está formado entre minhas sobrancelhas, porquê ele ri.

- Mas, como assim diferente?! - Viro de lado, ficando de frente para ele.

- Ah, diferente... Sabe? Tipo, com um brilho a mais.

Minha confusão fica tanta, que explodo em uma risada. Sendo acompanhado por ele.

Quando os risos cessam, ele olha no fundo dos meus olhos e diz:

- Tá vendo? Seus olhos estão brilhando. Você tá com um brilho diferente no olhar... - Ele faz um pausa, me encarando. - João, eu não sei se você já percebeu, mas eu acho que você tá apaixonado.

Ele diz. Sério, porém confortante.

Meus olhos se arregalam e antes que eu possa dizer algo, ele mesmo diz.

- É sério, tem algo muito forte em você. Talvez você ainda nem tenha percebido, mas tá apaixonado!

- Aí, Pedro! - Balanço a cabeça, rindo.

Não sei dizer ao certo o que sinto. Estou negando, mas dentro de mim não há nenhuma negligência sobre isso. Nada.

Há apenas meu coração acelerado, mas é culpa da risada.

Minha pele arrepiada, mas é culpa do frio.

Minha barriga fazendo-me cócegas, mas é apenas pelo vento.

E, também, há uma vontade imensa de tocar Tófani... E eu não sei por quê.

Mas eu queria. Queria me jogar nele, em um abraço apertado, queira cair em seus braços, deitados na areia, queira sentir o cheiro do seu pescoço e a textura da sua pele. Porém, principalmente, queria sentir a maciez de seus lábios.

Queria tocar nele, sentir ele, viver ele, beijar ele, cheira ele.

Eu queria ele.

E, como um relance no tempo, o piscar de uma estrela, a falha de uma lâmpada, a rapidez de um raio, o piscar de olhos... ah, meu Deus.

Eu estava apaixonado.

Estava apaixonado de novo... por ele.

Quando nossos olhos se encontram, eu transbordo.

Olhando no fundo daqueles olhos negros, vejo suas pupilas dilatadas e um brilho lindo lá.

Me aproximo dele. Toco sua bochecha de um jeito delicado, ele fecha os olhos, sentindo o toque. Roço a ponta do meu nariz no seu e passo ele por seu rosto. Ele ri. Eu também.

Deixo um selinho demorado em seus lábios.

Me afasto dele e, novamente, olho para os seus olhos.

- Seus olhos estão brilhando, baby. - Eu declaro. - Assim como você diz que estão os meus.

ONE SHORT, pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora