[Cedo]

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~》ONDE Jão e Pedro estão em um momento de processo.

~ Totalmente autoral.

Pedro Tófani Palhares.
São Paulo, Brasil.

O cheiro forte do perfume de João toma meu ar logo em que ele adentra meu carro.

O mais velho usa uma regata preta, juntamente de uma calça também preta; seus cabelos cacheados moldados e o rosto lavado e hidratado a pouco tempo.

Como sempre: belíssimo.

- Oi! Desculpa, demorei pra descer. - Ele diz, colocando o cinto de segurança.

- Tudo bem, não foram nem cinco minutos direito! - Digo e ele sorri.

- Então, pra onde vamos?!

Dou um sorriso, virando-me para frente e começando a dirigir.

- Hum... Acho que ainda não está na hora de dizer! - Ele pigarreia, mas não insiste muito.

É tão boa a sensação de saber que estamos fluindo tão bem! Nossa rotina tem se tornado algo gostoso de seguir.

Dormimos na casa um do outro em alguns fins de semana, saímos para jantar, marcamos de ver filmes e séries, passamos o dia juntos e etc.

Essas coisas simples que fazem com que tudo se torne tão bom.

Aquela fase antes do namoro. Aquele simplesmente momento em que não precisa, ainda, ser namoro. Só precisa ser a gente.

Chegamos no restaurante que eu havia reservado.

Vou até o recepcionista e ele nos guia até nossa mesa, no fundo do lugar, para chamarmos menos atenção.

O lugar é lindamente decorado em mármore branco, dourado e bronze. Tudo completamente moderno.

- O que vai querer? - Pergunto para o outro, que olha o cardápio.

- As opções vegetarianas são bem diversas, não sei exatamente o que pedir. - Ele comenta.

- Acho que eu vou querer uma massa. Acho que um talharim a carbonara, mesmo. - Decido meu pedido.

- Vou pedir uma berinjela recheada com ricota. - Ele diz e eu assinto.

- Vinho branco? - Pergunto e ele assente.

Faço nossos pedidos ao garçom e, não muito demoradamente, eles chegaram.

Comemos envolvidos em uma ótima conversa.

Pedimos sobremesas depois e ficamos mais um tempo conversando. Após quase duas horas e meia, pedimos a conta. João se ofereceu a pagar, mas eu ganhei ele com um: "eu convidei, eu pago".

Assim, saímos do estabelecimento de braços dados, caminhando até o carro, já de madrugada. Eram uma e treze da manhã.

Estaciono meu carro na garagem do prédio de João e saímos juntos. Caminhamos pelo elevador de mãos dadas, tranquilos.

Quando adentramos o lugar, os felinos tão bem conhecidos por mim, vem em nossa direção.

Chicória é levantada por João e eu pego Santiago. Quito e Vicente não tardam a chegar.

É muito bom ver Quito bem estabilizado em tão pouco tempo que chegou.

- Está cansado? - João me pergunta.

- Não muito. - Sento no sofá de sua sala, junto dele.

- Que tal assistirmos algo, hum? - Ele questiona e eu assinto. - Precismos tomar banho; vou ver uma roupa pra você.

Assim nós subimos para seu quarto. Jão separa uma bermuda leve para mim e, seu conjunto: short e camiseta, para ele.

Entramos no banho juntos; nada demais. Uma parte agradável entre nós é o quanto nossa intimidade evoluiu rapidamente. Passamos o tempo todo apenas entre beijos e carinhos.

Saímos e nos vestimos, deitando logo em seguida.

- O que vai querer assistir? - Eu pergunto a João.

- Hum, não sei! Quer ver algo novo ou reassistir algo? - Devolvo com outra pergunta.

João se aproxima e aconchega-se em mim. Sorrio com o ato.

- Que tal um terror?

- Pode ser, escolhe um aí.

Depois de um tempo, decidimos assistir Invocação do Mal 3.

Apesar do meu receio com terror, acho que com João deitado em mim, não teria nada que pudesse me apavorar.

Quando o filme acabou, o relógio marcava quatro e trinta e dois. Me assustei um pouco com as horas, logo percebemos que deveríamos dormir.

Fomos ao banheiro, desligamos as luzes da casa e tudo o que precisava ser feito.

Deitamos juntos novamente e, dessa vez, eu fui mais rápido e me deitei em seu peito.

Com nossas pernas entrelaçadas e meu rosto enfiado em seu pescoço, tudo parecia outro mundo.

- Temos algo para fazer amanhã? - Ouço-o murmurar.

- Apenas ir para o estúdio.

- Marcamos algum horário?

- Zebu vai estar lá desde as onze horas, mas disse que vai analisar alguns rascunhos antes de chegarmos. - Ele assente.

- Que bom que vamos ter tempo pra dormir, já que são... - Ele olha no relógio de seu celular. - Quatro e quarenta e sete.

Assinto para o mesmo.

Passamos um tempo em silêncio, apenas adormcendo aos poucos. Até João começar a murmurar uma música conhecida.

Ele tinha essas coisas, murmurar músicas, batidas; cantar baixinho. Todas as vezes que eu o via fazendo isso, pedia para que ele cantasse mais algo.

Não foi diferente dessa vez.

- Canta mais alto... - Murmurei e ele riu.

Logo em seguida, a letra de "Explodir" da dupla Anavitória começa a soar lindamente na sua voz.

Sorrio, sentindo a vibração que seu corpo fazia com sua leve cantiga.

Adormeci ali, completamente embriagado por seu cheiro e me deleitando do privilégio de dormir ouvindo sua voz, tão próxima a mim.

Existem certos momento na vida em que simplismente precisamos disso. Desse carinho mais natural, sem um compromisso firmado. É um momento teste, que se torna bom.

Ainda é tudo muito recente, tudo muito cedo. Temos milhões de vidas para aproveitar, pra que ter pressa nessa?

A pressa já nos atrasou outra vez, não precisamos disso novamente.

Porque é cedo pra namorar; mesmo com um céu derretido em amor.

ONE SHORT, pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora