~》 ONDE Jão e Pedro tem uma boa madrugada.
~ Totalmente autoral.
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Jão Romania Balbino.
São Paulo, Brasil.◇
Puxo os lençóis para cobrir meu corpo arrepiado pelo frio que o ar condicionado causa.
Ao não sentir o corpo do meu namorado grudado ao meu, rolo na cama, tentando encontrá-lo.
Não acontece.
Me espanto, abrindo os olhos e assimilando a falta de Pedro ao meu lado. Agora somos apenas eu, Vicente e Chicória.
Um pouco confuso, tateio a mesinha de cabeceira e procuro meu celular.
As 02hs44 da manhã, aonde estaria Pedro a não ser ao meu lado?
Levanto da cama, brincando com Chicória, que decidiu me acompanhar.
Desço as escadas e não o enxergo nem na sala, ou cozinha.
- Pedro? - Chamo. Sem resultado.
Após alguns segundos, avisto o moreno sentado distraidamente na sacada do apartamento, com Quito e Santiago ao seu lado.
Sorrio involuntariamente com a cena, me aproximando do mesmo.
- Ei... - Digo, tocando seu ombro, ajoelhando-me ao seu lado.
- Oi. - Sua voz soa risonha, assim como seu semblante - Te acordei?
Sento ao seu lado, agitando a cabeça de um lado para o outro.
- Bom... Se levarmos em consideração que eu me assustei ao perceber que você não estava na cama, então, digamos que sim. - Assumo, sorrindo e ele ri para mim.
- Me desculpa, acabei acordando pra ir ao banheiro e Quito e Santiago acordaram junto. Vim beber água e eles me seguiram, acabei vindo pra cá e perdi o sono.
Assinto para ele.
Pedro me puxa para um pouco mais perto e deita sua cabeça em meu ombro. O moreno usava uma bermuda e regata preta, coberto por um cobertor cinza. Ele passa o cobertor por mim.
Me aconchego ali, sentindo o ar gélido da madrugada, enquanto me esquento nele.
- Você quer voltar a dormir? - Ele me pergunta.
- Agora perdi o sono. - Assumo.
- E o que a gente faz agora?
Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas sentindo o momento.
- Lembra daquele vinho que compramos no ano passado? - Digo após um tempo. Ele assente. - Deixamos ele guardado por algum motivo... Quer tomar?
Ele olha para mim e sorri. Eu sei que isso é um sim.
Vou até a cozinha e pego o vinha tino de uma marca francesa que compramos em uma viagem e duas taças.
Volto a me sentar ao seu lado e nos sirvo; tocamos nossas taças uma na outra, em um brinde e tomamos.
- É um ótimo vinho. - Ele diz, após alguns segundos.
- Realmente.
Pedro deixa a taça no chão e se vira para mim, aproximando-se. Encosto meus lábios nos seus, inicialmente em apenas um selar, mas o moreno faz questão de por as mãos na minha cintura e aprofundar aquilo.
Toco seu pescoço e me entrego ao seu beijo, em um desarme total. Quando o ar falta, finalizamos com alguns selinhos.
- Tenho escrito algumas coisas ultimamente. - Pedro declara.
- Eu também. Acho que quero lançar algo ainda esse ano. - Digo e ele assente.
Dou outro gole na bebida e ele idem.
Pedro me puxa para ele, me fazendo ri pela nossa proximidade já gigante.
Sento-me em seu colo, ele passa o cobertor por nós dois e eu deito minha cabeça em seu ombro e ele deita a sua na minha.
Ficamos longos minutos em silêncio.
- A cidade é muito bonita, não é? - Pedro sussura.
- É sim. - Suspiro - Mas, sabe, as vezes sinto saudade do céu do interior. As estrelas vivas e facilmente visíveis.
- Precisamos passar um tempo juntos no interior para ver as estrelas. - Ele diz.
Eu viro minha cabeça para sua e o encaro, sorrindo.
- Precisamos.
Ele sorri.
Nos beijamos novamente ali, tão calmo e intenso quanto o beijo anterior.
Depois de novo
De novo
De novo
De novo
E mais uma vez.Encho nossas taças já secas, novamente; então decido guardar a garrafa para não acabar com ela de uma vez.
Quando volto da cozinha, Pedro está deitado na varanda, com uma taça em sua mão, Quito no seu pé, Santiago na sua cabeça, Chicória um pouco afastada dormindo e, agora Vicente, junto dela.
Sorrio descaradamente, tomando o celular para fotografar o momento.
É uma das minhas fotos favoritas deles.
Pedro está sorrindo para foto, com os olhos fechados. Lindo.
Deito-me ao seu lado e nos cubro. Me aconchego a si, enquanto conversamos sobre nossas músicas e composições.
Essa é uma daquelas noites aleatórias que não vão sair da memória.
Aquelas noites que facilmente firarão melodias.
Apenas quando já está amanhecendo e uma pequena gota de chuva cai do céu, que nós decidimos entrar.
Colocamos as taças na pia e fechamos a varanda; desligamos todas as luzes e voltamos para o nosso quarto.
Olho o relógio. 05hs05.
- Vem cá... - Meu amor me chama, em quase um sussurro.
Deito na cama e ele deita em meu peito, enquanto nossos gatos se juntam a nós. Nos embrulhamos.
- Me dá um beijo? - Pedro pergunta.
Sem dizer nada, junto sua boca à minha e o beijo lento. Posso sentir meus lábios quase derreterem nos seus.
Após isso, não demora muito até Pedro adormecer novamente, porém eu só consigo fazer isso após anotar algumas coisas nas notas do meu celular.
Acho que vai sair algo muito bonito.
Não percebo quando durmo.
Em paz.