[Eu já gosto]

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~》Onde Pedro não gosta de seu vizinho.

~ Totalmente autoral.

Pedro Tófani Palhares.
São Paulo, Brasil.

Um grunhido doloroso sai de minha boca, quando sinto mais uma pontada em meu estômago.

Com certeza, beber todas aquelas bebidas ontem não me fez muito bem.

Sem contar na maldita dor de cabeça, causada pela puta ressaca que eu estava sentindo.

Minha situação era tão humilhante, que neste momento eu estava sentado no chão de meu banheiro, de frente para pia.

Meu celular estava ao meu lado. Eu já havia telefonado para três possíveis amigos e nenhum deles me atendeu.

Não os julgo, são 09:30 da manhã e todos fomos dormir, por volta, das 04:00hs dessa madrugada.

Quando já estou prestes a desistir e aceitar meu trágico fim, lembro-me de uma pessoa que certamente atenderia.

Ah, não...

Quando minha cabeça pensa em protestar e mandar essa ideia para o mais longe possível, outra pontada dolorosa acontece em meus estômago.

Merda!

Disco seu número e espero que ele atenda. Exatos dois toques, escuto sua voz.

- Pedro?! - João diz, claramente animado, do outro lado da linha.

- Oi, João... Eu preciso da sua ajuda. - Minha voz soa com falhas, ele percebe.

- Ah, claro! O que aconteceu? Do que precisa? - O garoto diz com um tom claro de preocupação.

Fofo.

- Eu não tô muito bem, acabei bebendo coisa demais ontem e meu estômago não reagiu muito bem. Tem como você passar na farmácia e comprar algum remédio?

- Óbvio! Vou agora mesmo. É só disso que precisas?

- Hum, pode trazer alguns remédios pra dor de cabeça também?

- Sim, sim! - Ele assente rapidamente.

Agradeço mentalmente por João Vitor ser assim.

- Ok. Olha, eu não tô muito bem pra levantar. A porta do apartamento tá fechada, mas a chave reserva tá no tapete. Eu tô no banheiro. Tem como você trazer aqui?

- Tenho sim! Chego em 20 minutos!

- Ok, obrigado. - Murmuro e desligo rapidamente.

João Vitor Romania Balbino, mais conhecido como Jão, é o meu vizinho. Digamos que ele seja apaixonado por mim a uns dois anos. Isso me irrita, bastante. Porque ele é tão caído aos meus pés que até eu sinto pena!

Bom, pelo menos, nesses momentos ele me serve muito!

[...]

Quando passam-se 25 minutos, escuto um barulho na porta.

- Pedro? - A voz de Vitor ecoa distante.

Sinto seu barulho mais alto, até ouvir exatas três batidas na porta do banheiro. Suas exatas três batidas, que sempre me fazem saber que é ele.

Arrasto-me no chão e destranco a porta. Ele abre-a com cuidado.

- Oi. - Sua voz saí na defensiva.

- Oi. - Respondo.

Ele senta do meu lado. Percebo em sua mão um copo cheiro d'água.

- Trouxe seus remédios, toma aqui. - Ele retira os remédio da caixa e os destaca da cartela.

Tomo os dois de uma só vez.

- Obrigado. - Murmuro baixinho. Talvez por vergonha de mim em estar dependendo ele.

Ou, talvez com vergonha de tê-lo feito fazer tudo isso por mim.

- Não precisa agradecer. Você sabe que se me chamar eu vou. - Ele admite e eu suspiro.

É disso que eu estou falando.

Ficamos em silêncio.

- Tudo pra fazer você gostar de mim! - Ele diz, em um tom brincalhão.

Reviro os olhos e me condeno por estar prendendo um sorriso que insiste crescer.

- Eu já gosto. - Assumo, extremamente baixo.

Tanto que me pergunto se ele seria capaz de ouvir.

Mas ele é, claro que é.

Ele sorri largamente.

- Tá, isso não quer dizer que eu sou maluco por você e que nós vamos nos casar um dia! - Volto ao meu tom autoritário normal.

Ele ri.

- Mas eu não vou desistir. - Ele diz.

Nego com a cabeça, junto de um sorriso.

- Eu sei que não.

Novamente, ficamos em silêncio.

Acho engraçado o qual aconchegante é o nosso silêncio.

Olho para o garoto ao meu lado. Ele usava a sua típica regata preta, acompanhado de seu short preto da Adidas. Com os cabelos loiros bagunçados.

Eu precisava concordar: Aquele cabelo caiu perfeitamente com ele.

A roupa preta contracena com o seu tom pálido quase rosado, junto do seu platinado.

João é lindo demais.

- Você quer ir para o quarto? - Ele me pergunta.

- Não tenho forças para levantar. - Digo. Ele ri do meu drama.

- Vem aqui. - Inesperadamente, João me pega em seu colo.

Meu rosto acaba em seu ombro e eu posso sentir seu cheirinho.

Arrepio com o contato tão repentino. Mas, não reclamo.

Ele me conduz até meu quarto e me deita em minha cama. Me embrulho, pois o lugar ainda está frio, devido ao ar-condicionado.

- Você quer que eu deixe você sozinho? - Ele me pergunta.

- Não. - Eu respondo. - Deita aqui.

Dou duas batidinhas na cama, ao meu lado.

Sem questionar, João deita ali e eu deito em seu peito.

Sinto ele começar um cafuné em mim, que me acalma.

Não sei quando, nem quanto tempo levou, apenas sei que adormeci ali.

Deitado nos braços do garoto que estou a tanto tempo tentando não sentir nada.

Falhei miseravelmente.

Nota:

Aqui seu capítulo, coração!♡
idatepotter

ONE SHORT, pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora