Prólogo

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Gaara

Eram dias de tranquilidade na Vila da Areia. Caminhei pelo meu gabinete, segurando uma xícara de chá verde recém preparado por uma de minhas funcionárias e fitei a imensidão de tudo o que estava sob minha responsabilidade. Eu sabia que, aos trancos e barrancos, havia me transformado em um excelente gestor e líder. Entretanto, ao ouvir Kankuro abrir a porta, me recordei o porquê vinha sendo um péssimo tio. Dias de paz em meu país e dias de caos em minha própria casa.

— E então, decidiu? — Meu irmão mais velho me perguntou, falando através de uma marionete, o qual colocou metade em evidência pela fresta da porta. A marionete era incrivelmente parecida com Shikadai, meu sobrinho que estava prestes a fazer dois anos de idade.

— Tem certeza que ele não vai ficar com medo disso? — Perguntei, analisando bem os olhos esbugalhados do boneco.

— Ele vai se amarrar.— Kankuro garantiu, sorrindo de maneira orgulhosa enquanto encarava sua mais nova criação. Agora, estava completamente em minha frente, e ao olhar minha expressão de preocupação, revirou os olhos.— Tá, você não decidiu.

— É muita coisa para pensar! — Exclamei, em um pequeno desespero.— Reuniões dos Kages, questões políticas, novos exames, cuidar das minhas plantas, ter uma vida social e agora... Bem, e agora...

— O aniversário de dois anos do Shikadai.

— É.

— Mas foi você quem decidiu, meu querido. — Kankuro deu de ombro e se sentou em minha cadeira de Kage, como quem se divertia em fazê-lo. Ele começou a girar de um lado para o outro, da mesma maneira que crianças costumavam fazer. — Se vira!

— Tá, tá, eu sei. — Revirei os olhos, caminhando a passos lentos e pegando uma das infinitas agendas que eu costumava tentar usar para me organizar. As vezes, nem eu mesmo conseguia compreender como era possível alguém ser tão focado em algumas coisas e tão negligente em outras. — Vamos começar pelo o que falta... A decisão, certo?

— Sim. — Ele explicou, ainda girando.— Temari quer saber urgentemente se você decidiu quem irá fazer o buffet do aniversário.

— E não podemos ser sinceros?

— Você sabe que não existe isso de ser sincero. — Articulou, parando e não deixando de me olhar com advertência. — Nem pense nisso. Ela precisa acreditar que tudo está perfeitamente decidido e alinhado, ou sobrará para nós.

— Certo. — Bufei, me recordando do péssimo temperamento da minha irmã mais velha.

Temari havia feito muito por nós. Na ausência de uma mãe real, por muitas vezes, ela me foi como uma figura materna importante, em momentos cruciais de toda a minha jornada. Eu sabia que era mais do que justo a retribuir com boas ações para quem ela mais amava: O pequeno Shikadai, seu filho com Nara Shikamaru.

— Buffet, né? Tá. — Respirei fundo. — Mandarei soldados por toda a Vila por todos os estabelecimentos alimentícios, afim de descobrirem quais os melhores doceiros da Areia.

— Gaara, por favor... — Kankuro debochou. — Vai confiar no paladar de soldados rústicos para uma decisão como essa?

Encarei meu irmão, e então, tive um ideia brilhante. Ele tinha razão. A escolha do buffet deveria partir de alguém de confiança, que se importava verdadeiramente com a criança e os convidados, de preferência um tio.

— Você tem razão. — Concordei, o olhando nos olhos. — Kankuro, eu o designo para a missão de sair por todos os estabelecimentos alimentícios da Vila, afim de descobrir qual o melhor doceiro da região.

Areia e Açúcar  • gaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora