Chove, Chuva

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Chuya

Havia algo de diferente naquele fim de manhã. A luz do sol invadia suavemente o cômodo em que eu morava, pintando tons dourados nas paredes, pela pequena fresta que passava pela janela. Me sentei na cama, me alongando com preguiça sob as cobertas e levei um susto ao ver o horário no relógio de parede. Saltei da cama, piscando algumas vezes e então, sorri, me lembrando da noite anterior. Eu havia chegado em casa assim que o sol havia nascido, e na melhor companhia do mundo. Meu namorado. Ri pensando nisso, e continuei enquanto tomava um banho gelado, cantarolando as canções de amor que eu costumava ouvir meu pai cantar.

A sensação de dever cumprido também deixava tudo melhor. Depois do banho revigorante, desembaracei os fios loiros de meus cabelos e vesti um vestido leve e florido, que eu havia comprado quando ainda vivia no vilarejo. Desci as escadas e um aroma delicioso invadiu minhas narinas. Dei uma pequena risada novamente, ao ouvir minha barriga roncar e sorri, ao ver minha mãe cozinhando. Ela já estava fazendo o almoço, e lá fora, a Doceria estava fechada, como prometemos fazer no dia seguinte a festa do Shikadai, para podermos descansar.

— Bom dia, filha. — Ela me cumprimentou, me encarando.— Pelo visto acordou com um ótimo humor.

— Bom dia, mãe.— Respondi, sorrindo de volta.

Ela se virou para mim, enquanto mexia algo delicioso na panela. Seus olhos brilhavam em curiosidade, e eu me encostei na porta, afim de disfarçar a minha empolgação. Vendo que não era possível, dei as costas a ela, fingindo estar procurando algo na geladeira.

— E então, como foi a festa ontem? Vocês se divertiram?

— Foi uma noite divertida, sim. — Respondi, pegando um suco de laranja de garrafa e abrindo a tampa o mais rápido que eu conseguia, afim de que o líquido me impedisse de falar mais.

— Parece que tem algo que não está me contando. — Brincou, percebendo o tom evasivo.

Bebi o suco de maneira tão calma que a irritou.

— Ah, mãe, foi normal.— Dei um sorriso amarelo.— Amigos de infância se reunindo, e eu, Ume e Sora lá no meio.

— Eu te conheço a dezenove anos. — Disse, rindo.— Mas se quer esconder algo da sua mãe, eu não me importo.

Respirei fundo, sabendo que não conseguiria escapar do olhar perspicaz de minha mãe.

— Bem, na verdade aconteceu algo sim. — Falei, um pouco envergonhada.— Eu e Gaara nos beijamos.

Os olhos de minha mãe se arregalaram, ela soltou o que estava fazendo e um sorriso incrédulo se espalhou pelo seu rosto. De repente, era como se o meu bom humor houvesse se espalhado ate ela.

— Você e Gaara? Meu Deus! — Ela exclamou, gargalhando.— Vocês estão namorando?

Balancei a cabeça rapidamente, em afirmativa.

— Sim, mãe, nós estamos. — Respondi, sentindo as bochechas arderem de constrangimento.

Ela soltou um grito animado e me abraçou.

— Oh, Chuya! — Disse, ainda grudada em mim. — Eu sempre soube que você é a menina mais linda desse mundo, mas quem diria que minha bebê estaria namorando o Kazekage!

Continuei rindo, de maneira tímida, sem saber como agir mediante a tanta empolgação. E então, minha mãe logo voltou para as panelas, agora, parecendo ter mais gosto pelo o que fazia.

— Quando você vai trazer o meu genro para um almoço?

— Eu não sei, mãe, não faz muito tempo que ele jantou aqui.— Falei, um pouco desconfortável.— É um pouco cedo, não acha?

Areia e Açúcar  • gaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora