Entre a Serpente e a Estrela

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Ume

Os sons do começo do dia na Vila da Areia eram um sussurro constante enquanto eu seguia pelas sombras, evitando o sol forte que começava a se estabelecer. Eu me dirigia ao local onde estava a minha principal fonte de renda: O bar de dança do ventre. Ali, desde que meus pais haviam falecido na guerra, era o local em que eu consegui ganhar uns trocados e fazer o que eu mais amava, que era expressar minha arte através da dança. Obviamente, eu preferia apenas dançar, mas não era assim que as coisas funcionavam. Ao menos não ali, na Vila da Areia. Minha cabeça doía devido a quantidade de álcool que eu havia ingerido, mas eu não me importava: A raiva e a inveja eram mais fortes do que qualquer dor física. Eu havia visto tudo. Tinha assistido os momentos de Gaara e Chuya no jardim. Gaara, o Kazekage. Que era para ser meu. O Kazekage, o meu sonho de consumo, o ruivo mais belo do País do Vento. Eu me sentia enjoada apenas em me recordar.

Ele era a minha chance. Sim, Gaara era a minha chance para sair daquela vida miserável que eu vivia por aqueles anos. Minha maior vingança seria viver na Residência do Kazekage, ao seu lado e ninguém poderia tirar isso de mim. Nem mesmo a minha prima doceira e sem graça, Mori Chuya, que estava aos beijos com ele.

A música envolvente e conhecida por mim tocava de maneira ambiente. Era fim de expediente. Uma moça de cabelos ralos e escuros fumava um cigarro, no hall. Eu a conhecia muito bem. Yoko, uma das garotas mais antigas da casa, tinha um olhar vazio, que fitava as cadeiras vazia e a sujeira do local, e ao mesmo tempo pareciam estar em outro lugar.

— Ume. — Me chamou em determinado momento, relevando-se mais atenta do que eu pensava que ela estava. — Pensei que estivesse de folga. Gostei do uniforme. — Debochou, olhando para a roupa da Doceria Mori que eu usava.

— Onde ele está? — Perguntei, sem sucumbir as provocações de minha colega de trabalho.

Yoko indicou os quartos com a cabeça. Engoli em seco, me perguntando com quem ele estava, mas não tive tempo para formalidades. Adentrei o dormitório que eu tanto conhecia, e por um momento, me recordei dos momentos que vivi ali com Kankuro. Balançando a cabeça afim de espantar aqueles pensamentos, me recordei que nada daquilo fazia mais sentido.

Caminhei pelo corredor, e então, eu sabia que era ele. O perfume do homem enigmático com olhos sombrios. Eu não sabia se havia alguma garota com ele, mas sem pensar duas vezes, bati na porta. Ele a abriu, como se já me esperasse, e ao me ver, deu um daqueles seus sorrisos predadores. Ele era um renegado, um ninja que havia se desviado do caminho e cujas ações tinham deixado marcas profundas. Me aproximei dele, meu coração batendo forte. Ele me lançou um olhar avaliador, e sem dizer nada, adentrei o quarto, percebendo que ele estava sozinho.

— Ume, minha ameixa doce e traidora. — Disse, a voz carregada de ironia.

Engoli em seco, forçando um sorriso fingido. Aquele homem me dava mais medo do que qualquer outro, talvez por eu saber exatamente do que ele era capaz.

— Estou precisando da sua ajuda, Hiroto. — Falei, e parecia que eu realmente havia capturado a sua atenção. — E sei que você tem razões para me ouvir.

Hiroto riu, um som que arrepiou minha espinha e me deixou em pânico, mesmo que eu tentasse disfarçar. Ele se aproximou de mim, segurando meu queixo e olhando em meus olhos, com malícia e perversidade.

— O que poderia você, um ser tão insignificante, oferecer para alguém como eu?

— Eu sei sobre sua busca por vingança contra as cinco nações ninjas.— Falei, com um toque de ousadia. — Principalmente aos ninjas da Vila da Folha, que mataram o seu grande mentor, Sasori. — De repente, algo pareceu brilhar em seus olhos. A vingança. Eu a reconheceria a quilômetros de distância. — Eu sei que você está sendo procurado por todas as autoridades.—Continuei.— E por isso se esconde aqui, em um lugar cheio de ninjas, justamente por eles imaginarem que seria o último ambiente em que você estaria.

Areia e Açúcar  • gaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora