Me Chama

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Chuya

Faziam cerca de três dias que eu havia sido atacada covardemente pelas costas. As dores de cabeça cessaram, mas o medo, vez ou outra, ainda tomava conta de mim. Por conta disso, foquei completamente em meu trabalho, evitando sair pelas ruas da Vila da Areia sozinha e maquinando melhorias para a doceria, que estavam cada dia que passava, ainda mais cheias. Minha mãe e Sora estavam sendo um grande apoio para mim naquele momento díficil, apesar de minha mãe apenas acreditar que eu havia tido um mau súbito e batido a cabeça em um beco, assim como tinha acontecido com ela a algumas semanas atrás. Focando completamente em realizar as minhas atividades, me agachei, afim de retirar um bolo quentinho do forno, e ao olhar pelo canto dos olhos, uma sombra se moveu pela porta entreaberta da cozinha. Me virei bruscamente e deixei escapar um grito surpreso ao ver Kankuro parado ali, com o seu uniforme de ninja e pintura no rosto, observando-me com um sorriso travesso.

— Kankuro, você me deu um susto! — Reclamei, uma mão sobre o meu coração, após largar a forma em um dos balcões. — Você não acha que é hora de parar de me seguir pela doceria como um dissimulado?

Ele riu, balançando a cabeça negativamente.

— Eu só estou fazendo o trabalho que o meu irmão mais novo me designou. Tenho que dar a certeza para ele que você está completamente segura, senhorita Mori.

— Eu sei, eu sei. — Bufei. Ainda estava me acostumando com a ideia.— Mas é díficil me acostumar com isso. De qualquer forma, eu prefiro que seja você a qualquer ninja feio e ranzinza.

Ele riu alto novamente.

— Bom saber que você me acha bonito e não ranzinza.

Nossos risos se misturaram, gerando uma sensação calorosa de amizade. Era bom estar próxima de Kankuro daquela forma, pois eu o considerava um amigo maravilhoso e divertido. Sua presença trazia um toque de leveza a odo esse clima de tensão. Ele olhou ao redor, me observando enquanto eu decorava o bolo de maneira calma e tranquila.

— E a Ume, Chuya? — Perguntou, curioso. — Eu vi que ela tem trabalhado aqui pela manhã.

— É, ela tem sim. — Concordei, sem evitar um suspiro carregado de decepção. Minha situação com Ume estava cada dia pior. — Mas tenho sido ignorada por ela desde que eu e o Gaara começamos a namorar.

— É uma realidade díficil para todo mundo. — Disse, assentindo de maneira compreensiva. — Também não é fácil pra mim. Sabe disso, não sabe?

— Sei. — Engoli em seco, me recordando da declaração que ele fez para mim através das marionetes no aniversário de Shikadai e como me senti péssima por não o corresponder.

— Mas, no fim das contas, acho que eu não conseguiria viver a minha inteira preso a uma pessoa só. Mesmo que essa pessoa seja a maravilhosa Mori Chuya. — Brincou. — De qualquer forma, prefiro ser seu amigo do que não ser nada para você.— Disse, de maneira descontraída, me fazendo sorrir com a frase.—E aí, vai querer mesmo ir ao mercado depois de enfeitar esse bolo?

— Quer dizer que agora você sabe toda a minha agenda? — Ergui uma sobrancelha.

— Sora me dá uma folha com todos os compromissos do dia escritos.— Explicou, erguendo a prova no ar.

Quando saímos para comprar os insumos, todos os problemas pessoais pareciam ter sido colocado de lado. Kankuro me fazia rir o tempo inteiro, e caminhar com ele não chamava tanto atenção quanto andar com o meu namorado, o que me deixava tranquila. Compramos tudo o que precisávamos, e ainda experimentamos algumas coisas em algumas barracas de comida, enquanto o sol estava alto. Percebi que eu estava ficando bronzeada de tanto sair por aí no meio do deserto no auge do dia, e estava completamente distraída com a cor da minha pele, quando vi Kankuro me segurar por um dos ombros. Seus olhos perspicazes vasculhavam o ambiente como se procurasse algo.

Areia e Açúcar  • gaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora