Areia e Açúcar • gaara

Dia, Lugar e Hora

Kankuro

— Kankuro? — Os olhos de Sora se arregalaram ao me ver ali, de pé, ao lado do balcão da Doceria Mori. Nervosa, ela olhou em direção a cozinha, se certificando que nenhum outro funcionário notou a minha presença ali.— Você é maluco de aparecer aqui! — Ela sussurrou, caminhando até onde eu estava e me empurrando discretamente para a fora da doceria, até estarmos na porta.

— Eu sei que as coisas estão complicadas, mas eu preciso falar com a Chuya.— Insisti, me sentindo desconfortável sob o olhar acusador dela. Sora tinha um olhar intrigante, que parecia me ler perfeitamente e isso me incomodava.

— Você não entende, não é? Como os homens são burros...

— Tá bom, super inteligente e rainha do shogi, e onde está a Chuya?— Questionei, já irritado com aquela situação que se desenrolava. Eu havia demorado alguns dias para decidir ir até Chuya, e apenas o fiz pois sabia que Gaara estava prestes a voltar para a Vila, como havia dito na carta que me enviara. Nela, ele garantia que tinha novidades sobre o caso, mesmo que não houvesse especificado quais.

— Ela não está aqui. — Foi tudo o que ela disse, ainda misteriosa. — Chuya não está vindo até a doceria. Ela precisa de um tempo.

— E você?

— Eu estou aqui, oras.

— Eu sei, eu tenho dois olhos, se não percebeu. — Bufei, e quase vi um esboço de um sorriso se formar nos lábios dela. — Você conversaria comigo? Eu só quero explicar meu lado das coisas, sabe... Gaara não está bem, Chuya não está bem, Temari não está bem e eu e você não estamos bem com tudo isso. Eu estou prestes a explodir.

— Sim, eu conversaria, mas não agora. — Ela suspirou, ponderando as minhas palavras e assentiu, derrotada. — Depois do expediente. Agora, pelo amor que você tem a sua vida, não apareça aqui.

— Tá, e onde a gente se encontra?

— Na esquina dessa rua. — Ela indicou com a cabeça, e eu assenti, me retirando.

Dei uma volta ao redor da Vila da Areia, afim de matar o tempo, e quando o expediente finalmente terminou, Sora e eu nos encontramos onde havíamos combinado. Caminhamos até uma praça, onde as crianças costumavam brincar e se divertir, e haviam algumas delas ali com os seus pais. Sora as encarou, sorrindo, e nós nos sentamos em um dos bancos, com uma pequena cesta de doces entre nós. Ela indicou com a cabeça para que eu pegasse um, e eu o fiz, antes de começar a falar.

— E então, o que quer me dizer? — Ela perguntou, me olhando com curiosidade,

— Você é a única pessoa com o qual posso conversar sobre toda essa loucura que está acontecendo. — Falei, me sentindo confortável. — Eu descobri que minha irmã viveu coisas horríveis e eu... Simplesmente não pude fazer nada por isso. O meu irmão caçula agora está vivendo uma terrível desilusão, e vê em mim uma responsabilidade de ajudar, mas eu... Eu não sei o que fazer, Sora.

Eu a observei respirar fundo, organizando os pensamentos antes de começar.

— Você é um bom irmão.— Ela elogiou, sorrindo. Eu me surpreendi, unindo as sobrancelhas com o comentário. — Acho que isso já é o suficiente para ajudar os dois.

— Como posso ser um bom irmão se não consigo resolver essa situação?

Sora olhou para mim, séria.

— Existem situações que não estão em nossas mãos. — Ela disse, sábia.— Chuya também está sofrendo com essas últimas revelações, e o que eu estou fazendo é apenas cuidar dela até que ela se recupere.