Onde Você Mora?

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Chuya

Cada dia após o incêndio era uma batalha constante para encontrar forças e continuar, mas a determinação de reerguer a minha doceria me impulsionava a ir adiante. A cozinha do Kazekage se tornou um refúgio improvisado para eu criar minhas sobremesas, e por sorte ou destino, os pedidos não paravam de chegar. Eu sentia falta do meu espaço, mas tentava focar nos pontos positivos. Nós completávamos cada pedido com um sorriso, mas os dias pareciam se arrastar, e com investigações importantes rolando, a ordem que eu tinha era não pisar fora da Residência do Kazekage. Kazekage esse que estava a uma semana em missão em outro país, o que só fazia com que eu ficasse ainda mais de mau humor.

Naquela manhã, o cansaço em meu corpo era palpável. Meus pés pareciam pesar enquanto eu deslizava pela cozinha. Sentia a exaustão pesar em meus ombros enquanto a chama do fogão refletia em meus olhos repletos de cansaço. Sorri para Sora, do outro lado da cozinha, que indicou a porta de saída, sugerindo que eu tomasse um ar. Assenti, percebendo que eu precisava mesmo de um momento para recuperar as energias. O Festival das Luzes de Outono estavam cada dia mais perto e eu precisava reunir forças se quisesse realmente colocar em prática tudo o que eu tinha planejado.

Perdida em meus pensamentos, caminhei em direção a estufa pessoal do Gaara, um espaço de tranquilidade onde eu poderia, finalmente, encontrar a paz. Abri a porta de vidro e me envolvi com o aroma das plantas e o calor reconfortante. Caminhei até o centro da estufa, respirando fundo e fechando os olhos por um breve instante, ainda sentindo a tensão sobre os ombros e permitindo que a calmaria me envolvesse. Por um momento, me lembrei do dia em que a chuva torrencial caiu sobre mim, e sorri, me sentindo um pouco melhor após focar meus pensamentos em memórias positivas. Eu estava observando as flores, quando algo cobriu meus olhos por trás, e eu me assustei, mas logo ri, sentindo o calor familiar e reconfortante. Meu coração acelerou, mal acreditando que ele realmente estava ali.

— Gaara. — Sussurrei, e o observei passar uma venda em meus olhos.— Você voltou. Por que está me vendando?

Sua mão segurou na minha, me conduzindo com cuidado.

— Quero te levar para um passeio.

Mesmo sem enxergar, eu sabia que estávamos flutuando por aquela areia de novo, dessa vez, sem ver nada. Apenas aproveitei a brisa suave em meu rosto, me perguntando o que havia o feito mudar de ideia sobre passear por aí a luz do dia. Quando aterrissamos, ele me guiou mais um pouco sob terra firme, e então, removeu a venda, e eu senti os meus olhos se arregalarem ao absorver a visão que estava ali, diante de mim.

Uma nova doceria Mori estava erguida, como um sonho se tornando em realidade. Três andares de beleza e encanto, cada detalhe trabalhado para criar um espaço belíssimo. A fachada, agora revestida em tons suaves de azul e dourado, irradiava elegância, como nunca antes. Janelas amplas deixavam a luz entrar, e as portas de vidro ainda estavam ali, dessa vez, em um material mais resistente. Os balcões de mármore branco e vidros finíssimos estampariam as minhas mais belas criações.

— O-o que é isso? — Perguntei, olhando para ele.

— Seu recomeço.

Caminhei, olhando ao redor, tão chocada que sentia que estava sonhando. Atrás do balcão, a cozinha muito semelhante a original, mas dessa vez, completamente renovada, com alguns eletrodomésticos que conseguiram se salvar no incêndio e uma bancada maior e mais ampla dessa vez. Mordi o lábio, as lágrimas ameaçando em cair e funguei.

— Não acredito que fez tudo isso.

— Eu não fiz. — Ele negou com a cabeça, sorrindo. — Kankuro encontrou o dinheiro. Ele não pegou fogo, como você imaginou e foi mais que o suficiente para conseguir reformar.

Areia e Açúcar  • gaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora