Areia e Açúcar • gaara

Lua e Flor

Chuya

Gaara e eu estávamos no jardim lateral, um ao lado do outro. Ele pediu para que eu me sentasse um pouco na grama, e o observei agachar e se concentrar. Ao meu redor, haviam flores, e ele me motivou com a cabeça, para que eu pegasse arrancasse uma. A retirei com cuidado e a entrelacei em meus cabelos louros. E então, em alguns segundos, o notei erguer uma de suas mãos e realizar um jutsu com sua areia controladora. Para a minha surpresa, ele tinha total controle sobre ela, formando uma plataforma flutuante em minha frente. Ela não era tão grande, mas tinha espaço o suficiente para dois. Ainda sob o meu olhar, Gaara subiu, e então, ergueu a mão para mim, afim de me motivar a fazer o mesmo.

— Venha, Chuya. Suba. — Me chamou, fazendo com que o meu coração acelerasse. Eu nunca imaginei que aquilo aconteceria, nem em meus sonhos mais românticos. — Que tal um passeio noturno? — Perguntou, quando segurei sua mão e subi com cuidado na areia flutuante.

Me sentei ao lado dele, e então, a areia foi ganhando altitude. A sensação de adrenalina fazia o meu corpo inteiro se arrepiar, e quando vi o quão alto estávamos, me segurei de maneira delicada em seu antebraço, ainda encantada com tudo. Era uma sensação incrível. A lua estava brilhante, iluminando nossos rostos e o vento batia suavemente em meus cabelos.

— Gaara, isso é maravilhoso! — Exclamei, meu sorriso entregando toda a felicidade que eu sentia naquele momento. — Nunca imaginei ver a Vila da Areia assim...

Ele sorriu, um pequeno sorriso que foi capaz de aquecer meu coração.

— Gosto de fazer isso de vez em quando. — Admitiu, parecendo desfrutar da vista. — Sempre sonhei em mostrar essa perspectiva para alguém especial.

Senti meu rosto arder com as palavras que ele proferiu. Ele não tinha nenhum pudor em dizer que eu era alguém especial para ele.

— As casas parecem tão pequeninas daqui. — Indiquei, olhando para trás e vendo o palacete ficar para trás. — Até mesmo um monumento gigantesco como aquele.

— É bom ter uma companhia tão entusiasmada com a vista. — Riu. — Torna a experiência bem mais divertida.

— Quer dizer que eu sou a primeira a te fazer companhia no passeio?

— Sim.— Respondeu.— Quer dizer, se não contarmos o Shukaku.

— Shukaku?

— Uma Biju que foi selada em mim quando eu ainda era basicamente um feto. — Disse, e então, seus olhos pareceram obscuros de repente.— É uma longa história, mas basicamente, ele esteve dentro de mim até a alguns anos atrás. Eu fui criado para ser uma arma militar nessa Vila.— Seus olhos claros encararam a imensidão de casas.. — Mas eu não era muito querido por aqui. — Engoliu em seco.

— Eu sinto muito. — Falei, tocada pela maneira que ele me relatava tudo aquilo.

— Depois de algumas experiências ruins, eu pensei que meu destino era esse. Amar somente a mim mesmo e mais ninguém. — Continuou, como quem revelava um segredo. — O meu passado é estranho e cheio de contradições. Só que agora tenho uma chance de recomeçar a cada dia. — Ele suspirou. — Tenho bons amigos, uma Vila para cuidar e... Você, Chuya.

As palavras dele me encheram de alegria, mas também me entristeceram em certo ponto. Como alguém tão gentil e amável como ele poderia ter sofrido tanto? Eu gostaria de voltar no tempo e consertar as coisas, mas tinha a noção de que isso era completamente impossível.

— Você não está mais sozinho agora. — Suspirei, nervosa.— São tempos de paz.

— Sim, e finalmente sinto como se estivesse fazendo algo significativo agora. — Falou, determinado. — Protegendo a Vila e construindo um futuro melhor.