Capítulo 18

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Capítulo pequeno, pois, em alguns dos capítulos terão um pouco dos ocorridos passados, para que possam entender toda a história de Tom.

KRISTINA

Entrei no enorme edifício, era um hospital psiquiatra particular. Hoje é o meu primeiro dia exercendo a função, um mês formada, o frio na barriga me têm, não faço ideia de qual caso irei lidar.

— Bom dia, eu queria falar com o diretor do hospital. — Informo na recepção. — Sou a Dra Kristina.

Havia duas moças, uma loira e outra morena, a morena fez questão de me atender, a outra estava lixando suas unhas.

— Bom dia, é por aqui. Me acompanhe! — A recepcionista sai de seu posto, assim sigo em sua direção.

A sigo, entramos no elevador, ela aperta o piso 4. Assim que o elevador se abre, posso escutar gritos, gritos de pacientes que talvez não estejam tendo bom comportamento ou não querem tomar suas medicações.

A sala do diretor Dante é logo ali, no final do corredor, na última porta. Os gritos somem, assim que a recepcionista abre a porta.

— Com licença, Sr Dante. — Ela diz abrindo a porta, dando espaço para que eu possa entrar.

Ela se vai, me deixando na sala com o diretor. Ele era um homem de meia idade, alto e gordo.

— Dra Kristina, como vai? — Ele diz levantando-se de sua cadeira, estendendo sua mão.

— Ótima, e muito ansiosa por sinal. — Retribuo, sentando à sua frente.

— Imagino, primeiro emprego. — Ele sorri amarelo.

Ela olha em seu computador, talvez seja informações sobre mim, conversamos por email, duas semanas depois de enviar minhas certificações.

— Vou começar com qual caso? — Pergunto curiosa.

— Vamos lá, esse paciente é um garoto de onze anos, a própria mãe pediu para que ele fosse avaliado e acompanhado. — Ele dá uma pausa, virando a ficha do garoto.— Seu comportamento não é nada adequado para sua idade, sua mãe acha que pode afetar o irmão, digamos que ele é a “A sementinha do mal” — Ele dá ênfase nesse apelido medíocre, como se fosse algo engraçado.

— Ele já fez algo incomum? — Pergunto incrédula. — Ele ainda é uma criança, minha nossa!

— Ele tem várias personalidades que estão afetando até seu irmão gêmeo. — Ele continua ler a ficha do garoto. — Sua mãe diz que ele é uma criança agressiva, faz coisas anormais por ouro prazer, coisas do tipo: Matar animais, machucar colegas, brigar na rua.

— Ele está aí? — Questiono descansando meu braço em minhas pernas cruzadas. — Achei que não seria assim, de imediato.

Achei que ele me mostraria a equipe, todo o hospital, me falasse o código de ética.

— Sim, está na sala 12, no piso 2, você vai querer o caso? — Ele questiona dando de ombros. — Falo por ser seu primeiro caso, se quiser posso te dar um caso de uma criança “mais normal”— Assim que o diretor fala, me preparo para sair de sua sala.

Ele me entrega a ficha do garoto, havia três folhas de do seguradas por um clip cinza. Seu nome estava anotado de caneta azul, na primeira folha.

Tom kaulitz.

— Claro que vou, eu vou ser a nova psiquiatra de Tom kaulitz! — Segurando sua ficha, levanto-me para sair de sua sala.

— Seja bem-vinda, Dra Kristina.

Apenas sorrio e saio de sua sala, espero não me decepcionar com essa merda de hospital.

Caminhei pelo longo corredor, enfermeiras iam e viam com bandejas de medicamentos, os barulhos nesse corredor eram insanos e assustadores.

Aperto o botão do elevador para o piso 2, era a sala 12. Esse piso era tomado por um silêncio ensurdecedor, uma verdadeira paz, em comparação com o piso de cima, esse era o Elíseos.

A porta de minha nova sala estava aberta, assim que entro, vejo o garoto, ele está sentado com postura e calmo. Seu estilo, o adultizava, parecia um pequeno bad boy.

Me sento na mesa a sua frente, pegando sua ficha para avaliá-lo.

— Bom dia, Tom kaulitz. Eu sou Kristina,  irei te acompanhar daqui em diante. — Ele apenas continua sentado na cadeira, sem dizer nada.

Seu olhar me dava a certeza de que foi forçado pelos os pais a virem para essa consulta.

— Tem algo que queira me contar? — Faço questão de dirigir palavras novamente.

— Não, eu não tenho nada! — Responde ríspido. — Isso é uma perda de tempo.

— Por que uma perda de tempo? —Pergunto para evitar um certo desconforto, pois o garoto estava encarando meus seios, mesmo estando completamente cobertos.

Sem respostas, novamente. Folheio sua ficha, assim como o diretor Dante fez.

Sua mãe havia relatado seu comportamento dentro de casa, apenas quando estava em casa, pelo que leio, ele passava a maior parte do tempo fora.

— Sua mãe disse que você teve episódios muito agressivos no colégio. — Lhe digo folheando sua ficha. — Poderia me dizer?

Eu já sabia, segundo o relato que sua mãe deu ao diretor, apenas queria que ele me contasse.

— Vaca mentirosa! — Ele balbucia enquanto girava na cadeira. — Minha mãe não sabe de nada!

— Você realmente enfiou um lápis em um dos olhos de seu colega de classe? — Questiono incrédula, ao ler os relatos de sua mãe Charlotte.

— Qual é, esse caso é antigo, eu não sou mais assim. — Me responde dando um sorriso ladino.

— Esse ocorrido tem apenas uma semana! — Alerto, com a voz áspera.

O garoto perdeu uma de suas visões, ele enfiou no meio de seu globo ocular. Observo Tom, com um olhar assustado, pois em seus olhos não tinham remorso, e ele falava tudo tão naturalmente.

— O que te levou a fazer isso? — Questiono amigável, pois sua mãe queria saber o que o levou a fazer isso.

— Ele disse que meu irmão parecia uma bicha. — Esse garoto não para de girar em sua cadeira, já estou ficando tonta. — Também disse que ele tinha cara de menina, ele chegou em casa chorando.

— Por quê não alertou a direção e sua família? — Pergunto com calma, mantendo o olhar centrado ao seu.

— Porque eles nunca aprendem, só aprendem quando encontram alguém mais forte que eles. — No final de suas falas ele joga um sorriso maquiavélico em seus lábios, um arrepio percorreu todo meu corpo.

— Ok. Você tem amigos? — Pergunto para quebrar o gelo, tirar esse maldito sorriso de seus lábios.

— Tenho quatro, contando com meu irmão. — Ele anui, de maneira simples, girando em voltas longas sobre a cadeira.

— Você se dá bem com seus pais? — Questiono, enquanto finalmente ele para de girar sob a cadeira.

— Gosto de minha mãe, meu pai, eu não sentiria falta, caso ele fosse para o inferno. — Abro a boca em espanto, ao escutar suas falas.

O garoto fala arqueando suas costas para trás com as mãos em sua nuca.

Suas palavras eram frias, em nenhum momento demonstrou tristeza ou remorso.

— Por hoje é só. — Finalizo fechando sua pasta. — Nossas consultas serão às terças e quintas.

Ele levanta da cadeira para ir embora, sem prévia e sem avisos.

O que será que você guarda nessa cabecinha?



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