capítulo 11

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TOM

As autoridades estão nos interrogando, estamos sentados no sofá da sala, de frente para um investigador e dois policiais.

Antes de começarmos, ligamos para o hospital no qual ela assumia a função, eles disseram que a última vez que a viram foi às dez da noite, com essa informação deu tempo de ensaiar a peça teatral, não da forma mais detalhada possível, mas creio que ela sairá bem.

Sua mão passa pelos comprimentos de seu braço, a faixa em torno de sua mão alisa seus pelos eriçados que demonstram qualquer nervosismo. Sacudi minhas pernas de leve, para que tome sua atenção, e que ela aja naturalmente, sem dar qualquer tipo de brecha.

— A quanto tempo ela está desaparecida? — O investigador questiona, abrindo uma espécie de agenda.

Sua voz rouca e grave toma qualquer silêncio que havia na enorme sala. Ele é um homem careca, branco, magro e alto. Usa um suspensório preto, com uma camisa branca e calça social.

O típico cara que acaba descobrindo tudo no final, ele tem cara de que não se impressiona com pouca coisa.

— Ela não veio para casa depois do hospital. — Um longo suspiro toma seus lábios rosados, seguido por uma pausa. — Ligamos e nos disseram que a última vez que a viram foi às dez da noite!

Ela está se saindo bem, observo suas expressões e estão estáticas, prontas para acionar o lado falso emocional a qualquer momento.

— Bem, só podemos acionar uma busca quando passar às vinte e quatro horas! — O homem alerta, com os lábios finos.

— Por favor! — Uma súplica vem de sua voz trêmula e fina. — Tentem achar minha tia, ela é a única família que tenho!

Lágrimas instantâneas descem por suas bochechas avermelhadas, suas mãos faziam gestos melodramáticos, sem se importar com a dor que a sua sutura estaria lhe causando.

Ela usa o rosto de um anjo, mascarado com sua maldade interna, pronta para dar o bote em qualquer um.

— Iremos fazer o possível, não se preocupe! — Ele responde, com seus olhos redirecionados a mim.

Sua falsidade é algo que a torna uma boa menina, aos olhos de quem não a conhece.

— E você garoto? — Ele aponta sua caneta esferográfica em minha direção, esperando por respostas.

Inspiro todo o ar, preparando algo que não seja incriminatório, fitando meu olhar para si, garantindo veracidade.

— Ela estava em minha casa, quando chegou não encontrou a tia. — Completo minhas respostas com tranquilidade, sem demonstrar fraqueza.

Minha face sem reação, mórbida para qualquer leitura facial, mantenho-me neutro de qualquer varredura.

— E o que ela estava fazendo em sua casa? — Seu questionamento era voltado para mim, como se a principal vítima fosse Yolanda.

— O que minha namorada estaria fazendo em minha casa? — Um riso irônico sai em forma de um suspiro nasal.

Suas costas relaxam, encostando no sofá à nossa frente. Creio que está preparando mais interrogatórios.

— Entendo, mas ela era de acordo com esse namoro? — Dessa vez seu olhar vai para Yolanda, para que ela possa responder.

Espero que ela não foda com tudo, o último lugar que quero apodrecer, é na cadeia.

— Sim. — As costas de suas mãos passam em uma lágrima solitária. — Tom adorava ela!

Apenas anuo, transmitindo verdade em suas respostas, mesmo sendo a maior mentira contada.

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