capítulo 1

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"Às vezes me sinto tão vazia por dentro, como se minha alma estivesse em pausa, esperando que algo ou alguém me faça sentir viva novamente."


Yolanda

Pego uma maçã e minha bolsa, e sigo para mais um dia na escola. A rotina é a mesma de sempre, mas algo novo me aguarda: uma nova família se mudou para a casa ao lado, embora nada de especial tenha ocorrido com os vizinhos anteriores. Tia Lenne e eu somos as anfitriãs do bairro, junto com Mercedez, que chegou primeiro.

Decido sair um pouco mais cedo, como de costume, e ando pelas quatro quadras até chegar ao colégio. Ashley e Megan já me esperam na entrada.

Estou ajustando a câmera do meu celular para uma foto perfeita no Foursquare enquanto Ashley e Megan discutem sobre uma festa que Steven, Derick e Elize vão dar. Steven e Derick são os capitães do time de lacrosse, e Elize é a líder de torcida. Festas não são muito a minha praia, a menos que eu tenha uma razão específica para ir.

Vejo Steven e Derick se aproximarem do nosso grupo.

— O que acham de uma festinha hoje à noite? — Steven pergunta, tentando chamar minha atenção.

— Adoraríamos, mas e a Yolanda pode ir conosco? — Megan me puxa para a conversa.

Olho para Steven com reprovação. Ele sempre está por perto de Elize, minha eterna inimiga desde o ensino fundamental.

Elas sempre tentam me arrastar para todas as festas, e na última vez, tia Lenne teve que vir me buscar no meio de um mar de adolescentes

.— Tenho um compromisso hoje e não poderei ir. — Respondo, tentando ser convincente, antes de Steven ter a chance de insistir.

Na verdade, não tenho compromisso, mas há algo que me impede de ser uma adolescente normal.

— Que pena, né meninas? — Derick diz em tom de deboche.

— Sim, mas da próxima vez, com certeza. — Respondo com ironia. — Lugares onde Elize vai, eu não vou nem de graça! — Enfatizo, cruzando os braços.

— Tem certeza, amiga? — Megan pergunta, com um olhar preocupado.

— Tenho, sim. — Afirmo, com firmeza.

— Bom, a gente se vê na festa. — Steven diz, se afastando com Derick.

— Nos vemos na casa da Elize. — Derick diz, enquanto se retira.

— Até mais. — Respondo, sem entusiasmo.

Steven e Derick são típicos garotos alfa, sempre à procura de garotas, principalmente Elize.

— Encontro vocês na aula. — Digo, afastando-me.

— Vê se não se atrasa! — Megan grita, enquanto eu apresso o passo.

— Não vou me atrasar! — Respondo, sem olhar para trás.

Caminho para os fundos da escola, o único lugar onde posso desfrutar da minha leitura sem ser incomodada. Troco o piso liso pelo gramado, pois não tenho muito tempo antes das sete, quando começa a primeira aula. Deixo minha bolsa em um canto e me encosto na parede, deslizando para sentar no chão. Começo a ler "Pegasus e o Fogo do Olimpo", me emocionando com a parte em que Pegasus é atingido por um raio e cai no terraço de uma garota solitária, parecida com a minha história, mas com um desfecho diferente, já que meu pai também morreu.

Ouço uma voz rouca ecoar no banheiro abandonado. Olho para a direção e vejo um garoto alto, com olhos castanhos e tranças negras. Ele tem um piercing preto metálico nos lábios rosados.

— O que faz aqui? — Sua voz é rouca e carregada de excentricidade.

— Eu é que deveria perguntar isso, esse lugar é meu! — Respondo com um tom possessivo.

Ele segura um cigarro entre os dedos de forma despreocupada e dá uma leve batida, fazendo a ponta cair no chão.

— É, eu estava fumando. — Ele diz, levantando o cigarro, escondendo-o da minha vista.

— Nunca apareceu ninguém aqui antes. Achei que estaria sozinha. — Afirmo, levantando-me e pegando minhas coisas.

— Cheguei hoje. — Ele apaga o cigarro na parede. — Por que estava chorando?

— Não é da sua conta, e você não deveria estar aqui. Eu cheguei primeiro! — Respondo com uma rispidez defensiva.

— Não estou interessado, mas é curioso. — Sua resposta é provocativa, um verdadeiro desafio.

Ouvimos o sinal tocar. Jogo minha bolsa no ombro e saio, dando as costas para ele.— Nos veremos por aí. — Ele diz, passando por mim.

Caminho atrás dele, sentindo os olhares curiosos dos outros alunos. É constrangedor! Acelero o passo e passo na frente dele quando ele para para falar com o professor. Entro rapidamente na sala, onde vejo Megan e Ashley já sentadas. Pisco para elas e me sento na minha cadeira, apenas para ver o garoto entrar na sala.

— Este é Tom Kaulitz — O professor o apresenta, colocando a mão em seu ombro largo. — Há alguns lugares vagos, fique à vontade, senhor Kaulitz.

As carteiras são duplas, com três lugares vagos: o de Joe, o garoto invisível, Perla, a nerd, e eu, a garota que todos ignoram. Tom caminha até o meio da sala, decidindo onde se sentar. Seus olhos encontram os meus, e ele me observa com uma intensidade que faz meu coração acelerar.

— Eu sabia que íamos nos encontrar por aqui. — Ele murmura, seus olhos não deixando os meus.

Abro o livro de atividades, mas minha atenção está voltada para Tom, que gira uma caneta entre os dedos. Suas mãos são musculosas e marcadas por veias grossas, o que me faz sentir um formigamento de curiosidade e frustração.

— Tem algum problema comigo? — Pergunto, arqueando a sobrancelha.Ele solta um riso nasal, seu olhar desafiador.

— Você é hilária. — Ele diz, virando-se
para a frente, mas seu sorriso permanece em seus lábios.

— E você é um enigma. — Respondo, tentando me concentrar na aula.

Tom se deita na mesa, claramente entediado. Ele continua a me observar, sua presença constante e provocante. O resto da aula passa lentamente, e eu me sinto cada vez mais inquieta com sua presença.No final da aula, Tom se aproxima de mim quando estou organizando meus materiais.

— Então, o que você estava fazendo no fundo da escola? — Ele pergunta, sua voz baixa e insinuante.

— Apenas buscando um pouco de tranquilidade. — Respondo, tentando manter a calma.

— E eu estraguei sua paz. — Ele diz, com um tom desafiador. — Você sempre se esconde aqui?

— Não se preocupe. — Respondo, com um sorriso sarcástico. Ele sorri de volta, um sorriso que é ao mesmo tempo atraente e irritante.

— Vamos ver quanto tempo você consegue manter esse orgulho. — Ele diz, enquanto se afasta.Sigo-o com o olhar, sua presença é como uma chama que queima dentro de mim. Sinto uma mistura de curiosidade e frustração, e me pergunto como será o próximo encontro entre nós.

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