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🎸 | Boa leitura!

Coisas que eu sei sobre a Dulce:Ela é desnecessariamente cruel

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Coisas que eu sei sobre a Dulce:
Ela é desnecessariamente cruel.
Ela não se importa com opiniões que não batem com a dela.
Ela gosta de ter a última palavra.
Ela não sabe se colocar em seu devido lugar como uma simples funcionária.
Ela se veste como se estivesse indo para uma reunião com o presidente todo santo dia.
Ela se acha a pessoa mais correta do mundo, o que a faz parecer sempre soberba.
Ela se retrai diante de todo e qualquer possível contato humano, principalmente se o humano do outro lado for eu.

Outras coisas que eu sei sobre a Dulce que não fazem o menor sentido com a primeira lista:
Ela toca bateria.
Ela tem uma irmã gêmea possivelmente mais divertida que ela.
Ela faz corridas matinais aos domingos.
Ela é fã da Lana Del Rey a ponto de decorar o próprio quarto com fotos da cantora assim como uma adolescente faria.
Ela me ouve quando eu peço com paciência que faça isso.
Ela fica bonita quando não se importa em passar uma imagem séria.

Estou deitado na minha cama deliberando sobre em que momento essas duas personas se entrelaçam para se tornar um único indivíduo. Ao mesmo tempo que tenho esses fragmentos, sinto que não sei nada sobre ela. Falta alguma coisa, algo que ajude a encaixar essas características distintas. Mas enquanto penso nisso, também estou pensando em coisas que ultrapassam o limite da sensatez, como as ondas do cabelo dela se movimentando sobre seus ombros sempre que ela pendia levemente a cabeça ao me ouvir falar.

No restaurante, enquanto falávamos sobre a minha música, eu tentei não ficar olhando demais, mas foi uma tarefa complicada. Dulce raramente solta o cabelo ou fica sem os óculos e quando isso acontece eu luto para me concentrar em outra coisa. Parece idiotice me deixar levar por algo tão banal sem nem saber o porquê disso. O fato é que o cabelo dela é bonito e parece macio. E os olhos dela são tão marcantes que eu me sinto mergulhando direto neles quando ela me encara. E ela sempre me encara.

Ergo minhas mãos, observo os bandaids que ela colocou em uma delas e passo meu dedo neles como fiz algumas dezenas de vezes durante o dia. Por que minha mente está fazendo isso?

Sento na cama, pego o meu caderno de composições e abro uma folha em branco. Pouso a ponta do lápis sobre a primeira linha e então eu paro e penso melhor. O que estou fazendo? Prestes a escrever que o cabelo vermelho dela parece uma cascata de rosas? Por que estou pensando nisso?

Fecho o caderno, o jogo para o lado e esfrego minhas mãos nos cabelos. Preciso de um choque para despertar de qualquer que seja a loucura que está se enraizando em minha mente.

Saio do meu quarto e vou direto para o do Christian. Bato na porta algumas vezes e ele não demora a atender.

— E aí, chefe? — ele sorri. — Que cara é essa?

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