Epílogo

1.4K 156 78
                                    

🎸 | Boa leitura!

Parece que o barulho está dentro da minha cabeça, mas sei que está do outro lado da parede

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Parece que o barulho está dentro da minha cabeça, mas sei que está do outro lado da parede. Sério, eu realmente amo ouvir todo esse talento na bateria, mas acho que estou ficando um pouco velho e meus ouvidos mais sensíveis, principalmente quando passa das dez da noite e eu moro numa casa de músicos. Pela primeira vez, estou cogitando colocar isolamento acústico na casa inteira.

Ouço um palavrão quando a batida é interrompida na metade. Com certeza ela quebrou uma baqueta, ela sempre faz isso quando toca como se sua vida dependesse do quão forte ela consegue bater na bateria. Pobre coitada a bateria, se fosse um ser vivo, estaria cheia de hematomas.

— Isso foi... Ela acabou de... Isso foi um palavrão!? — Dulce desperta ao meu lado e senta de supetão na cama.

— Não a culpe, você xinga sempre que erra uma nota, com quem acha que ela aprendeu? — digo ainda de olhos fechados, me aconchegando ao meu travesseiro e ganho um segundo sendo arremessado no meu rosto.

— Ela tem sete anos! — Dulce exclama já levantando e calçando os seus chinelos.

— E toca como se tivesse vinte, o que podemos fazer? — bocejo.

— Christopher! — Dulce me repreende.

Quando a olho, ela está com as mãos na cintura e sei que ela quer que eu a acompanhe. Eis uma coisa sobre a nossa família: perdoamos música alta, não perdoamos palavras feias.

A contragosto, acompanho minha esposa até o quarto ao lado, onde uma miniatura dela está recomeçando um novo solo após substituir a baqueta que quebrou.

— Hora de dormir! — Dulce anuncia, fazendo nossa filha parar com as baquetas para cima.

— Mas, mamãe...

— Nada de "mas", Lina! Já para a cama!

— Estamos treinando para amanhã quando formos ao show, temos que saber ficar acordados. — a pequena diz inocentemente e eu abro um sorriso para o quão adorável ela é.

— "Estamos"? — Dulce franze o cenho.

— Acho que aquele cobertor se mexeu. — aponto para a cama da Lina.

— John, eu juro por Deus... — Dulce segura a ponte do nariz e eu coloco as mãos em seus ombros para tranquilizá-la.

Nosso filho mais velho, John, retira o cobertor e olha para nós como quem fez algo que não deveria. Ele sempre está convencendo a Lina a fazer coisas com histórias sobre como aquilo vai ser bom por alguma razão.

"Açúcar te dá energia, então pegue aquele pote de um litro de sorvete para que a gente coma inteiro".
"Se você viver brincando com terra e sujeira, vai ficar super forte e nunca ficar doente, então pode pular na lama todos os dias".
"Não se dedique em matemática se não é boa nisso, artistas não precisam se preocupar com o que não são bons".

Backstage Onde histórias criam vida. Descubra agora