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🎸 | Boa leitura!

Me enfio no trabalho logo depois que Christopher deixa o meu quarto

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Me enfio no trabalho logo depois que Christopher deixa o meu quarto. Preciso adiantar algumas coisas antes da sessão online com a psicóloga que eu contratei. Ela mora em Los Angeles, mas atende remotamente, o que é ótimo já que o meu trabalho me obriga a ficar viajando. Respondo alguns e-mails, faço anotações para mandar para o Christopher e avalio os inúmeros pedidos de entrevista que apareceram logo depois que as pessoas tiveram certeza de que Katrina é a nova namorada dele. Estão pedindo até mesmo uma entrevista com ela, mas isso não vai acontecer.

Quando acabo tudo, faltam cinco minutos para o horário combinado com a terapeuta. Minha mente viaja até a noite anterior e eu abro um sorrisinho bobo pensando em como foi muito melhor do que eu imaginei que seria. Ele me deixou tranquila, respeitou o meu tempo e me fez sentir cuidada. O único momento em que eu entrei em pânico foi quando ele estava em cima de mim.

É claro que eu não disse ao Christopher o real motivo da minha cara de desconforto quando ele estava tentando começar. Não era só a dor incomodando, mas uma sensação de sufoco, de estar presa por alguém que é bem maior do que eu e que tem toda a capacidade física de me manter naquela posição se quiser, por mais que eu lute para sair. É claro que o Christopher nunca me forçaria a nada, inclusive ele se afastou assim que eu pedi para invertermos as posições. Ainda assim, meu peito se apertou e eu senti dificuldade para respirar e me acalmar.

A voz da Laila veio das profundezas da minha mente e eu comecei a imaginar tudo o que ela me relatou sobre a violência que sofreu. Ter o Christopher em cima de mim despertou uma espécie de gatilho.

Ainda assim, estou feliz. Foi tudo maravilhoso e eu quero muito poder fazer de novo.

Realizo a chamada para a psicóloga assim que o horário chega. Ela atende rapidamente e sorri para mim do outro lado da tela.

— Oi, Dulce! — me cumprimenta. — Como você está?

— Ótima! — sorrio. — Realmente ótima. Parece até estranho ter uma sessão de terapia quando estou me sentindo tão bem. — dou risada.

— É até melhor que você esteja bem, assim terá mais facilidade para se abrir sobre os motivos de ter procurado terapia. E que tal começarmos com isso? Por que você resolveu buscar a terapia, Dulce?

Começo falando sobre os meus problemas com o sono e como eu estava me viciando em remédios para poder dormir. Ela me ouviu atentamente e começou a acrescentar falas de reforço e fazer perguntas para aprofundar mais o assunto.

Sem perceber, a cadeia de eventos que eu estava citando, um após um outro, me levou até o meu passado e o que a minha família passou. Parece óbvio, mas eu nunca tinha dito para mim mesma que era por isso que eu não conseguia descansar o bastante à noite. Ter outra pessoa me ajudando a analisar essas razões foi como abrir um espaço da minha mente que eu abandonei há muito tempo. E, fracamente, me senti horrível tendo que mexer nisso.

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