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🎸 | Boa leitura!

⚠️ | Alerta de gatilhos: depressão, suicídio, abuso sexual, crise de pânico, violência.

Abro os meus olhos e não reconheço o ambiente

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Abro os meus olhos e não reconheço o ambiente. Fico parada e ofego tentando lembrar do que aconteceu antes de eu dormir na noite anterior. Observo o quarto escuro, os detalhes, me familiarizo com tudo. Eu não estava em um hotel em Vegas? E por que esse parece ser... A foto na penteadeira. É o meu quarto na Califórnia.

Respiro fundo por um instante e minha atenção começa a se estabilizar pouco a pouco. Já enxergo melhor, penso melhor também. Eu estava em Vegas, é verdade, trabalhei o primeiro dia inteiro e então viajei no domingo à noite porque minha folga é nas segundas e terças. Peguei um vôo comercial, voltei para a minha casa e caí na cama assim que cheguei tarde da noite. Não consegui dormir, então eu tomei um comprimido. Eu não tinha vinho para acentuar o efeito, então eu tomei mais um.

Levanto devagar e coloco os pés no chão frio. Me estico jogando os braços para cima. Estou bem, o sono foi mais pesado dessa vez, mas ainda surtiu um ótimo efeito energético. Faz uma semana que estou usando os comprimidos que a Alexandra me deu e eu jurei que só tomaria em casos de emergência, mas toda noite pareceu uma emergência.

Vou para o banheiro, faço minhas higienes matinais, tomo um banho gelado e depois preparo um café da manhã reforçado. Hoje não verei a minha mãe, mas sim o meu pai. Faz tempo que não o visito e não pude da última vez por causa da emergência com a Maite.

Quando chego à prisão de segurança máxima, sou levada até a sala de visitas. Me acomodo em meu lugar e observo o outro lado separado por um vidro transparente. Não lembro qual foi a última vez que eu abracei o meu pai. Sinto falta do cheiro de sabonete cítrico que ficava em meu nariz sempre que ele me levantava em seus braços e me apertava em seu peito grande e quente. Quando eu era criança, aquele abraço era sinônimo de proteção. Ele sempre fez tudo para nos proteger, mas esse tudo o levou a este ponto de sua vida.

O vejo entrar acompanhado de um guarda. Assim que me vê, meu pai abre um sorriso alegre e grande. Eu sorrio também, sentindo um aperto no peito e uma imensa vontade de arrancar a barreira entre nós.

Pegamos os telefones para nos comunicarmos e ele fala primeiro.

— Oi, meu amor! Quanto tempo, não? Como você está? Quero saber tudo.

— Eu estou bem. As coisas andam meio corridas por causa da turnê, mas estou me virando. Consegui duas folgas por mês, então posso voltar eventualmente.

— Isso é ótimo! Sua mãe vai adorar te ver com mais frequência.

— Falando nisso... — coço a nuca me preparando para contar. — Há algumas semanas, ela teve um surto e... tomou uma caixa de comprimidos.

O rosto dele passa de alegre para sombrio no mesmo instante.

— Ela está bem, não se preocupe. — me adianto. — Foi uma recaída drástica, mas foi só um susto. Depois disso, eu a levei para visitar a Laila. Acho que ajudou um pouco.

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