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🎸 | Boa leitura!

Decido tratar do meu probleminha sexual com a minha terapeuta

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Decido tratar do meu probleminha sexual com a minha terapeuta. Estava relutante em tocar nesse assunto e um pouco acanhada por se tratar de algo tão íntimo, mas ela me deixou super tranquila e nós tentamos juntas destrinchar tudo que envolve essa situação.

Foi nessa sessão que eu me dei conta de uma coisa que quase explodiu a minha mente. Me fixei em cuidar dos problemas dos outros e com a minha irmã esse fardo sempre foi maior. Como ela teoricamente não foi capaz de aguentar as dores dela, eu as tomei totalmente para mim, como se os problemas dela fossem meus. Por isso, acabei projetando o comportamento de alguém traumatizado, alguém que passou por uma violência. Mas a raiz disso sequer vem de mim.

A minha necessidade de usar roupas que escondam o meu corpo e que não chamem atenção, minha falta de confiança nas pessoas, minha repulsa por contato físico, o meu medo de relacionamentos afetivos... Tudo isso parece algo de alguém que foi ferido diretamente. Talvez, se a Laila ainda estivesse aqui, fosse ela a se comportar dessa maneira.

E os meus próximos passos são: criar estratégias que me façam parar de viver traumas que não são meus. Isso também faz parte da tarefa de parar de me sentir responsável pelos problemas alheios. Mas é difícil quando o curso da vida das pessoas que eu amo começa a mudar e eu sou a primeira a quem eles recorrem.

Como se tivessem combinado, naquela mesma manhã de domingo, meus pais me ligaram com uma diferença de trinta minutos entre um e outro. Primeiro foi a minha mãe, com a notícia de que receberá alta em breve e finalmente se sente pronta para tentar ter uma vida normal. Ela quer morar comigo e quer se organizar para sair do hospital apenas quando eu me reestabelecer na cidade novamente, o que significa que ela não confia em si mesma para ficar sozinha, o que significa que eu vou ficar mais preocupada por ser a única de olho nela.

Depois, o meu pai me liga com a notícia de que seu advogado tem novidades e que eles podem reabrir o caso para pedir uma redução de pena com uma nova análise de provas. Ele pode sair da prisão ainda no fim do ano se tudo correr como a defesa espera. E ele insiste que eu entre em contato com o advogado para saber dos detalhes e, claro, cuidar dos pagamentos que isso vai exigir.

Não posso dizer que essas ligações não me abalaram. Fiquei consideravelmente mais irritada pelo resto do dia. Não quis falar com ninguém, foquei em trabalhar no meu quarto e pensei cada segundo em como essas situações vão mudar o meu ritmo. Ter a minha mãe em casa de novo vai exigir uma atenção dobrada da minha parte. Reabrir o caso do meu pai vai obrigar a justiça a reabrir o caso referente à Laila, já que está tudo ligado. Eu gostaria que deixassem o nome dela em paz de uma vez, mas não posso negar essa chance ao meu pai.

Get Free da Lana está tocando nos meus fones e eu me concentro em como isso se encaixa no meu humor.

Às vezes parece que tenho uma guerra em minha mente.
Eu quero sair, mas continuo seguindo em frente.
Eu nunca percebi que tinha que decidir jogar o jogo de alguém ou viver minha própria vida.
E agora eu vivo.
Eu quero sair da escuridão para o desconhecido.

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