Talk To Me

cinema, filme de terror e lanchonete

A logística das casas não era a melhor para que os adolescentes pudessem se reunir. E para piorar, nenhum deles tinha carro ou outro meio de se locomover além de uma bicicleta velha.

Mas por sorte, tinham Mimosa e seu motorista particular.

Noelle também teria um, mas não queria entrar na questão de sua família novamente.

A família Vermilion eram primos de primeiro grau dos Silva. Acier era irmã da matriarca e assim se seguia.

Ninguém diria que as famílias eram parentes se não fosse exemplificado por documentos, já que não eram exatamente parecidos. Os silvas eram altos, palidos, de cabelo prateado a branco e olhos claros.

Os Vermilions eram ruivos e castanhos em sua maioria, com peles morenas e olhos castanhos preenchidos. Eram pessoas muito simpáticas e humildes, mesmo que fossem a segunda família mais rica da cidade.

Noelle cresceu com Mimosa, sua prima de 3 grau. Aparentemente Fuegoleon e todos os outros membros repulsavam o desprezo silencioso que a jovem sofria dentro da mansão Silva, a levando cada dia mais para dentro de sua família.

Noelle ia todas as Saídas para os Vermilions junto com sua prima até a oitava série, mas parou de abusar da bondade que lhe era ofertada por consciência própria. Considerava muito seus primos e tios, visto que eles eram sua família que a aceitava de verdade, porém sabia que ela nunca teria o sobrenome deles.

Parada diante dos magestosos jardins da Clover School esperando sua prima, a jovem analisou sua roupa mais uma vez.

Seus mom jeans de lavagem clara contracenavam com sua blusa preta de gola alta. Coturnos pretos com um leve salto em seus pés — porque ela sabia que Yuno era mais alto e não haveria problema. Uma jaqueta de couro terminava toda a composição e ainda lhe fazia não passar frio.

Brincos redondos e delicados de pérolas, sem maquiagem, só hidratante labial. Seu cabelo solto, sem as familiares chiquinhas, e liso.

Noelle se encontrava perfeita e sabia disso. Sua pele pálida brilhava na roupa e seu perfume de lavanda se espalhava pelo ar.

Ouviu uma leve buzina, encontrando o carro preto da prima ao longe.

Engraçado, motoristas são educados e não monstros que fazem esse som desagradável.

O carro parou ao seu lado e Noelle esperou para que o motorista descesse e abrisse sua porta.

— Não tem motorista nenhum hoje. — Com um sorriso, Mimosa descia o vidro do carro no banco do motorista. — Fuegoleon me emprestou o carro, já que ele sabe que não irei fazer nada irresponsável mesmo.

E aí está o problema de Mimosa: Ela constantemente gosta de esfregar na cara da Silva suas boas relações em todos os aspectos. No caso, evidenciava o quanto ela e Fuegoleon — que pasmem, nem seu irmão era —  eram próximos e que provavelmente Noelle nunca teria isso com Nozel ou com o próprio — já que a platinada o considerava como uma figura quase paterna.

Não que a Vermilion seja ruim, muito pelo contrário, ela era uma ótima amiga.

É só que como ambas cresceram juntas, tinham a mesma idade e mesmos hobbys, os adultos não podiam evitar de fazer uma comparação implícita entre elas.

O ar de competição criou um ambiente não muito bom para duas crianças. Por mais que ambas eram amigas agora, havia sempre aquele ar de disputa.

— Talvez eu devesse ter trazido equipamento de proteção. — Noelle resmungou, dando a volta no carro e entrando.

Mal sabia a outra que a Silva não se referia apenas a proteção física e sim sobre o quão aquela noite seria bombástica em todos os sentidos.

A de cabelos prateados se ajeitou, colocando o cinto e sua bola no colo. Notou a melodia calma típica das músicas de Mimosa.