Varanda, Ironias e confuso

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— Sim, uma pena. — A garota sorriu, o puxando para longe.

Asta ainda era um estúpido que não tinha muitas certezas na vida, mas sabia que queria ser puxado por ela o resto de sua vida.

E isso parecia tão certo, como se estivesse destinado a ser cravado na história dos dois.

Noelle o puxou para uma escada e para mais outra, para uma salinha e por último uma varanda.

Sim, uma varanda, tão pequena que a maioria das pessoas não notaria.

Antigamente, os dormitórios eram nos lugares atuais dos laboratórios de algumas matérias. O mais alto comando da escola — ou seja, o diretor — tinha um quarto maior e com tudo que se havia direito: banheiro, suíte, varanda, etc. Os alunos possuíam dormitórios comuns que variavam de acordo com sua posição social e seu desempenho escolar, mais ou menos como alas que variavam de tamanho e forma.

Os tempos mudaram e a escola abandonou essa coisa de elitização, para a sorte dos alunos. Os antigos dormitórios foram demolidos ou reformados inteiramente.

Um dia na sétima série Noelle se esqueceu de fazer uma tarefa e precisava cumprir hora na diretoria — ou seja, ficar três horas sentada encarando o vice-diretor com cara de bosta enquanto ouvia uma palestra sobre a importância de exercitar seu cérebro e coisas assim. Nessa época, a Silva ainda não possuía as técnicas necessárias para forjar o dever ou simplesmente matar aula, então só tinha a opção de cumprir sua punição.

Desesperada como sempre foi, ela quase chorou e gritou com umas três pessoas — incluindo Asta — que ela era de uma das famílias mais importantes de Clover e coisas como "Pare de me irritar!", "Faça outra coisa estrupicio!".

Então, quando o vice diretor veio a buscar pessoalmente na sala de aula, Noelle fez o que sabia fazer: Correr.

Entrando em lugares desconhecidos e que sempre estavam impedidos, ela encontrou essa sala, provável antigo dormitório dos diretores anteriores — porque possuía varanda, um banheiro que era cheio de entulho e vários armários que guardavam produtos da limpeza.

Não, o vice diretor não a encontrou. Mas em algum momento você tem que sair de um lugar para fazer coisas básicas, tipo xixi, alimentação e sono.

No final, Marx a pegou no corredor do seu dormitório, a fazendo cumprir pena de mais uma hora pela desobediência.

Grande coisa, talvez Marx pudesse punir o próprio diretor, já que ele não faz nada nessa escola mesmo.

Julius era o diretor da Clover School e ninguém sabia muito bem porque ele estava lá. Era de uma família pobre, dormia em seu trabalho, tinha faltas constantes, não aparecia em quase nenhum lugar que era necessário e agia mais como um "melhor amigo" dos alunos.

Sobrava mesmo era para o coitado do Marx, o vice. Tinha que arcar com a parte burocrática, punições, reclamações, materiais e todo o resto para a escola. Alguns dias era possível ver até a fumaça saindo da mente do coitado.

Querendo ou não, Noelle mais tarde agradeceu a Marx por aquela punição, já que encontrou essa sala discreta que podia passar tempo atoa e em paz. Havia até colocado alguns livros e essas coisas em uma caixa e escondido em um cantinho.

E essa era a primeira vez que levava Asta para aquela salinha, deixando de ser só o santuário de paz dela para se tornar o lugar deles. A ocasião das pazes dos dois marecia, afinal.

— Então você me arrastou para um muquifinho? Pensava que a realeza tinha mais classe. — Asta soltou, dirigindo um sorriso irônico para ela.

— Você está andando muito com o Liebe, está até falando igual a ele.

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