Mimosa finalmente liberou o nó em seu peito quando a porta de seu dormitório bateu forte contra a madeira. Imediatamente a trancou, se apoiando no objeto frio, deslizando lentamente para o chão.
— Mimosa, vamos conversar! Abre, por favor! — Asta começava a esmurrar a porta, fazendo um barulho desnecessário.
Lá estava ele, a perseguindo como uma maldição disfarçada de benção.
Talvez Mimosa nem devesse se sentir assim — como se uma parte de si tivesse sido arrancada, pisoteada e jogada fora. Eles nem era alguma coisa, afinal.
Qual seria o maldito prazer de Asta afinal? Assistir ela chorando, rezando para que tudo fosse um pesadelo? Quantas garotas tinham sido vítimas dele e dessa situação incoveniente?
Porque ela se lembrava de tudo muito bem: A péssima reputação, a maldita boa aparência, o jeito meio lerdo. Deveria ter visto os sinais enquanto podia.
Aquela tinha sido uma das melhores semanas de sua vida, superando até mesmo aquela semana de viagem para Paris no ano passado. Mimosa se sentia querida, amada, dando ao povo sobre o que comentar e fofocar durante o almoço.
Mas aí Asta decide ser um babaca e nutrir as expectativas ingênuas de uma garota. Pior, quantas vezes fofocou com os outros jogadores sobre como era difícil continuar com ela sem amor?
Sim, era isso. Mimosa era alguém que ninguém se interessaria verdadeiramente sem ver sua posição social. Ela não era digna de amor, não mesmo.
Todas as vezes em que pensou que as pessoas comentavam sobre os dois, na verdade comentavam dela — sobre como ele deveria estar fazendo caridade, provavelmente.
Ela nem entendia porque estava chateada. Talvez porque viveu as expectativas de algo e se esqueceu que Asta nunca foi dela. Ele nunca gostou dela, nunca sentiu nada além do físico.
Ele nunca foi dela para que ela pudesse perder.
Então porque doía tanto?
Como um maldito buraco de bala?
— Por favor, abre!
— Você quer dizer o quanto me usou na minha cara? Sinto muito, não estou em casa. — Seu tom ácido se misturou com as lágrimas, e o que acabou saindo foi uma voz de desespero.
— Eu quero resolver as coisas com você! Me desculpa, você não merece isso. Eu fui um babaca por falar aquila para o Yuno sem nem conversar com você. — Asta escostou sua testa na porta, se amaldiçoando por ser daquele jeito.
Se engana quem pensa que ele se sentia mal pelos seus sentimentos, muito pelo contrário. Ele se sentia horrível por mimosa ter descoberto daquele jeito, mas sabia que aquilo seria inevitável até certo ponto.
— Some daqui, idiota!
— Não sem conversar com você!
— Porque você não morre de uma vez e vê se me encontra no inferno? — Mimosa se surpreendeu consigo mesmo.
— Asta, você ouviu ela. Não sei o que aconteceu, mas some daqui antes que eu te expulse. — Uma terceira voz apareceu atrás da porta, quem rapidamente os dois reconheceram como Noelle.
Noelle estava voltando ao dormitório para pegar seu livro de biologia quando se deparou com Asta, todo sujo de bolo e sem metade do uniforme, esmurrando sua porta. Mimosa parecia chorosa como nunca antes.
— Eliie... — Asta chamou, sentindo seu coração acelerar. Era a primeira vez que ela lhe dirigia diretamente a palavra desde aquele sábado, e ele não podia deixar de reparar em como ela ficava linda naquela expressão séria.
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Talk To Me
FanfictionEm plena madrugada de domingo, Noelle toma uma decisão: se confessar ao seu grande amor adolescente por uma mensagem estúpida. Ela só não contava que sua mente cansada a fizesse enviar mensagem para seu melhor amigo: Asta.