Inverness-shire, Escócia
Abril de 1817Glub.
Glub-glub-glub.A mão de Jimin tremeu. Sua pena cuspiu tinta, fazendo grandes borrões na estrutura da asa que ela estava esboçando. A delicada libélula brasileira ficou parecendo uma galinha leprosa. Duas horas de trabalho arrasadas em um breve instante. Mas isso não seria nada se aquelas bolhas significassem o que ele esperava. Cópula.
O coração dele começou a bater mais rápido. Ele colocou a pena de lado, ergueu a cabeça apenas o suficiente para ter uma visão clara do aquário de água marinha e ficou imóvel.
Jimin era observador por natureza. Ele sabia como sumir no cenário, fosse o papel de parede da sala de estar, os lambris do salão de baile ou a pedra rebocada do Castelo de Lannair. E tinha muita experiência observando os rituais de acasalamento de muitas criaturas estranhas e espantosas, dos aristocratas ingleses às lagartas do repolho.
Quando se tratava de cortejar, contudo, as lagostas eram os seres mais pudicos e formais de todos. Ele estava esperando há meses que Fluffy, a fêmea, mudasse a carapaça e se mostrasse disponível para o acasalamento. Rex, o espécime macho no aquário, também aguardava. Jimin não sabia dizer quem estava mais frustrado, ele ou Rex.
Talvez esse fosse o grande dia. Jimin observava com atenção o aquário, segurando a respiração com expectativa.
Pronto! Atrás de um pedaço quebrado de coral, uma antena cor-de-laranja balançou no ambiente escuro. Aleluia!É isso, ele desejou em silêncio. Fluffy. Foi um inverno longo e solitário debaixo daquela pedra. Mas você agora está pronta. Uma garra azul apareceu. Depois recuou. Que provocação desavergonhada.
- Pare de ser tão melindrosa.
Enfim, a cabeça inteira da fêmea apareceu quando ela se levantou do seu esconderijo.
E então alguém bateu na porta.
- Sr. Park?
Isso pôs fim a tudo. Fazendo "glub-glub-glub", Fluffy desapareceu com a mesma rapidez que surgiu. De volta à sua pedra.
Droga.
- O que foi, Jisso? - Jimin perguntou. - Minha tia ficou doente?
Para ele ser perturbado em seu estúdio, alguém precisava estar doente. Os criados sabiam que não deveriam interrompê-lo enquanto trabalhava.
- Ninguém está doente, senhor. Mas chegou uma visita.
- Uma visita? Ora, isso é uma surpresa.
Para um ingles encalhado morando nos campos desertos das Terras Altas escocesas, visitas eram sempre uma surpresa.
- Quem é? - ele perguntou.
- Um homem.
Um homem. Então Jimin ficou mais que surpreso. Estava definitivamente chocado. Ele empurrou de lado a ilustração estragada de libélula e se levantou para olhar pela janela. Não teve sorte. Tinha escolhido aquela sala da torre por sua vista, de tirar o fôlego, das colinas verdejantes e do lago vítreo que havia entre elas - a água parecia um fragmento de espelho acomodado entre as duas elevações. Mas aquele aposento não permitia observar o portão nem a entrada.
- Oh, Sr. Park - Jisso pareceu nervosa. - Ele é tão grande.
- Nossa. E esse homenzarrão tem um nome?
- Não. Quero dizer, ele tem que ter um nome, não tem? Mas ele não disse. Ainda não. Sua tia pensou que era melhor você ir vê-lo pessoalmente.
Ora. Aquilo estava ficando cada vez mais misterioso.
- Vou descer em um instante. Peça à cozinheira para preparar chá, por favor.
Jimin soltou o laço do avental. Depois de tirá-lo pela cabeça e pendurá-lo em um gancho próximo, ele fez uma avaliação rápida de sua aparência. A sua camisa cinza-granito não estava muito amassada, mas suas mãos estavam manchadas de tinta e seu cabelo, uma bagunça - solto e desgrenhado. Não havia tempo para fazer um penteado. Também não havia nenhum grampo à vista. Ele juntou as mechas castanhas em suas mãos e as torceu, formando um coque frouxo na nuca que prendeu com um lápis. Era o melhor que podia fazer naquelas circunstâncias. Quem quer que fosse aquele homenzarrão inesperado e sem nome, não ficaria impressionado com ele. De qualquer modo, os homens raramente ficavam.
Ele não se apressou para descer a escada em espiral, e ficou imaginando quem poderia ser esse visitante. O mais provável era que fosse o capataz de alguma propriedade vizinha. Lorde kang só viria no dia seguinte e Jisso sabia o nome dele.
Quando Jimin chegou, afinal, no pé da escada, Tia TaeYeon se encontrar com ele.
A tia levou a mão ao turbante com ar dramático.
— Oh, Jimin. Finalmente.
— Onde está nosso visitante misterioso? No salão?
— Na sala de visitas. — A tia pegou seu braço e juntas atravessaram o corredor. — Agora, querido, você precisa manter a calma.
— Eu estou calmo. Ou, pelo menos, eu estava calma até você dizer isso. — Ela estudou o rosto da tia em busca de pistas. — O que está acontecendo?
— Talvez você fique chocado. Mas não se preocupe. Quando tudo acabar, vou fazer um elixir para você.
Um elixir. Oh, céus. Tia TaeYeon acreditava ser algo parecido com uma boticária amadora. O problema era que os "remédios" dela, em geral, causavam mais estragos que a própria doença.
— É só um visitante. Tenho certeza de que nenhum elixir será necessário.
Jimin resolveu manter os ombros alinhados e emanar um ar saudável quando encontrasse aquele homenzarrão sem nome. Quando eles entraram na sala de visitas, a determinação dele foi posta à prova. Aquele não era apenas um homem. Ele era um homem. Um escocês alto, imponente, vestindo o que parecia ser um uniforme militar: um kilt xadrez verde-escuro e azul, combinando com o tradicional casaco vermelho.
O cabelo dele estava bastante comprido (pretos, com toques de castanho claro nas pontas) e seu maxilar quadrado mostrava uma barba fina por fazer há vários dias (preta, com toques de castanho). Os ombros largos se afunilavam em um tronco delgado. Uma bolsa preta simples estava pendurada na cintura e um punhal embainhado pendia de seu quadril. Abaixo da barra do kilt, pernas musculosas desapareciam dentro de meias brancas e botas pretas gastas.
Jimin pediu a si mesmo que não o encarasse. Mas essa era uma batalha perdida. A aparência dele era um verdadeiro ataque de virilidade.
— Boa tarde. — O Park conseguiu fazer uma mesura desajeitada.
Ele não respondeu nem se curvou. Sem falar nenhuma palavra, se aproximou dela. No ponto em que um cavalheiro de boas maneiras teria parado, ele continuou e se aproximou ainda mais.
Jimin mudou seu apoio de um pé para outro, ansioso. Pelo menos aquele homem tinha resolvido o problema de Jimin em encará-lo, pois ele mal conseguia olhar para ele.
O estranho parou perto o bastante para que Jimin inspirasse os aromas de uísque e fumaça de madeira e visse uma boca fina e sensual em meio à barba rala. Depois de longos segundos, ele se obrigou a olhar nos olhos dele. Olhos de jabuticaba eram de tirar o fôlego. E não de um jeito bom. Eram de um tom de castanho que dá à pessoa a sensação de ser lançado em um céu cheio de estrelas ou mergulhado em um abismo, arremessado em um vazio sem esperança de volta. Não era uma sensação agradável.
- Sr. Park?
Oh, a voz dele era a pior parte. Grave, com aquele sotaque das Terras Altas que arranhava e esvaziava as palavras, obrigando-as a ter mais significado.
Ele concordou com a cabeça.
— Eu vim para casa. Para você - ele disse.
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Estavam ansiosos pro encontro deles?
Confesso que eu estava kkk
Eu estava pensando e acho melhor postar os capítulos quando estiverem prontos
Eu fico ansiosa para postá-los
Então bjs estrelinhas ✨️
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Noivo do Capitão
FanfictionPark Jimin possui muitas habilidades preciosas: é um excelente desenhista, escrever cartas como ninguém e tem uma criatividade fora do comum. Mas se tem algo em que ele nunca consegue obter sucesso, por mais que tente, é em se sentir confortável qua...