O senhor Bianchi chamou Alessandro para nos auxiliar sobre o que fazer nesse momento.
Ele ficou uma fera quando contamos o ocorrido, tenho certeza que se ele não fosse advogado, teria ido dar uma surra no Jonathan.
- Acho melhor io e o Leonardo ir na escola amanhã para saber quem é os pais da garotinha e contar a eles, depois chamar a polícia e ir com eles na escola e ver as câmeras de segurança- Alessandro fala enquanto anda pelo escritório.
Faz mais de 1 hora que eu estou agoniada para sair daqui. Meu peito está apertado e eu não consigo dizer nada, pelo nó que se formou em minha garganta.
Queria chorar e gritar de raiva e tristeza.
Odiava essa situação, odiava pensar no que essa menininha passou, odiava me sentir tão impotente, odiava relembrar dos momentos no orfanato e odiava imaginar que isso poderia acontecer com Sophia.
- Elisa, está tudo bem?- Perguntou Leonardo, tirando o foco da conversa para mim.
- Só... é um assunto...triste- Digo sem olhá-lo.
Meu chefe não diz nada e volta a falar com seu irmão, mas vez ou outra eu sentia seu olhar sobre mim.
Eles conversaram mais um pouco sobre como seria o processo, se teria chances do Jonathan ser preso amanhã, etc.
Tive que sair da sala quando o babá eletrônica soou e Violetta acordou.
Entro no quarto da mesma e pego ela do berço.
Não consegui segurar algumas lágrimas que rolaram por meu rosto.
Sentia uma tristeza muito grande, não sabia o que fazer para ela passar.
Acho que Violetta notou isso e se aconchegou em meu peito, ficando bem quietinha com as mãos juntas.
‐ Deixe ela comigo e vá descansar- Disse Emília na entrada do quarto.
- Non precisa, posso ficar com ela- Digo de vagar para não gaguejar.
- Io insisto, voi non está bem, da para ver em seu olhos querida- Fala pegando Violetta de meus braços.
- Obrigada- Sussurro saindo do quarto.
Sigo o corredor e vou para o quarto, pego o celular e vou para o banheiro.
Pensei que um banho e uma música legal poderia me ajudar a acalmar, mas estava enganada.
Assim que liguei o chuveiro e entrei, as lágrimas desceram sem parar, não consegui segurar os soluços. Eu só queria gritar ou fazer algo que alivia se a dor no meu peito.
A música animada que tocava, deixava a cena mais triste.
Aos poucos vou escorregando na parede até chegar ao chão, abraço meus joelhos, sem me importar com a água molhando meu cabelo e choro.
Choro como não chorava a anos. Em minha mente se passava cada lembrança do antigo diretor do orfanato...conseguia escutar sua voz dizendo coisas nojentas para mim.
" Calam querida, não vai doer nada"
" Está bellíssima nesse vestido azul Elisa, sabia que azul é minha cor favorita?"
" Non conte a ninguém o que aconteceu aqui ouviu?!"
" Engula o choro, se não farei pior da próxima vez"
" Se non fizer o que io mando, vou levar Sophia para o meu escritório, e voi sabe que io cumpro com as minhas palavras"
" Seja uma boa menina e me obedeça Elisa"
" Sei così dolce"
Não aguentando mais essas lembranças, eu termino o banho rapidamente, saio do banheiro, visto uma roupa leve e me deito na cama com a esperança que o sono me nocautei e esse dia acabe.
Mas infelizmente isso não acontece.
Novamente eu volto a chorar, a dor no meu peito é tão grande que eu me encolho na cana, em posição fetal, me sentindo totalmente vulnerável.
Fazia anos que isso não acontecia, mas o que Lorenzo falou assinou um enorme gatilho.
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Mais que uma babá
RomanceElisa Rossi é uma jovem órfã de pai e mãe, que nasceu em Roma na Itália, e viveu em um orfanato até seus 16 anos, quando foi adotada por uma das monitoras do orfanato "Angeli di Santa Lucia" . A mulher de 26 anos é Psicóloga infantil. Se formou a p...