Mais que uma babá

Capítulo 57

Mesmo sabendo que Enzo irá adorar a notícia, não posso deixar de ficar nervosa.

Céus, estou pior que uma adolescente indo conhecer a sogra.

Após a moça nos servir eu encaro Leonardo implorando para que ELE anuncie. O mesmo apenas ri do meu nervosismo e se diverte com a minha desgraça.

ORCO

Respiro fundo para não explodir de tanta ansiedade e resolvo soltar a notícia de uma vez.

- Enzo, temos uma novidade para você - Digo sentindo Leonardo segurar a minha mão em cima da mesa.

- Vou ganhar outro irmão?- Sua pergunta me fez engasgar com a própria saliva e tirar risadas sinceras de seu tio.

- Ainda não.

Leonardo respondo me encarando de forma avaliativa.

- Vou ter minha própria gangue!- Comemora Matteo - Mulheres adoram crianças, ganhei na loteria.

- Tadinho do Lorenzo. A cada dia que passa sua herança diminui - Enrico diz com pesar, colocando a mão no peito. Como se as próprias palavras o machucassem - Não sei como ainda pede mais irmãos! Por mim eu seria filho único- Dá de ombros.

- Eu sou o mais velho, que deveria se incomodar por ter tantos irmãos para dividir a herança sou eu - Leo confronta o mais novo - Só para você saber, nunca me agradou ter irmãos.

Alessandro não esconde sua cara de choque desgosto.

- Não estou falando de você irmão, apenas das vergonhas da família - Apazigua a situação entre ambos.

- Por Deus! Vocês saem do assunto muito rápido.

- Se chama TDAH querida. Colo psicóloga deveria saber disso... a não ser que tenha COMPRADO seu diploma - Aponta Matteo, me fazendo o olhar fulminantemente.

- Filho, eu e sua mãe estamos juntos como um casal

A mesa toda se cala e encara o pequeno em busca de localizar cada mínima reação sua.

- Sério?- Pergunta intercalando seu olhar entre eu e Leonardo.

Com medo da voz falhar, apenas balanço a cabeça de forma positiva.

Lorenzo salta da cadeira e vem correndo em minha direção, pulando em meu colo.

- Bigado - Diz com voz embargada.

Enzo não é de falar palavras erradas, principalmente por ter sido alfabetizado mais cedo. Então sua ação me surpreendeu, principalmente ao notar o quão importante é para ele a união "oficial" de uma família.

Com os olhos cheios de lágrimas, eu o abraço forte acariciando seu cabelo e alisando suas costas em forma de consolo.

- Mamãe te ama.

- E papai também - Leonardo diz nos abraçando de lado.

- Que lindo! - Matteo fala nos encarando - Parece cena de filme.

- Quer uma família também? - Alessandro pergunta ao irmão.

O palhaço do grupo faz uma careta e nega.

- Dá muito trabalho. Prefiro ser tio mesmo, brinco, dou presente, levo para sair e apoio a quebrar toda e qualquer regra. Começou a chorar, fazer birra, dar trabalho ou ficar doente, é problema de papai e mamãe- Fala encarando Violetta que observa todos sentada no colo do pai - Se eu sou pai não posso entregar a criança quando começar a dar trabalho, aí quem chora sou eu.

Rio de sua constatação assim como seus irmão.

Depois desse episódio o assunto foi trocado para ideias de viagem em família, mas não pude deixar de notar o quanto Matteo ficou quieto logo após o assunto de família e filhos. Posso jurar que vi um olhar triste e perdido no rosto de mesmo, antes de seus irmãos, que até então estavam brigando para saberem se iriam para Maldivas, México ou Brasil, o chamar para decidir o melhor local.

O jantar seguiu animado, porém um pirregar nos fez ficar quietos e encarar a figura intimidante a nossa frente.

- Não sabia que estavam em um jantar em família, se não teria vindo outro dia - Diz o Senhor Bianchi, pai dos meninos e agora, meu sogro.

- O que deseja? - Leonardo pergunta rudemente.

Dou um tapa leve em seu braço de forma sucinta, para que o mesmo seja pelo menos educado com o próprio pai.

- Gostaria de falar com você e seus irmãos em particular - Fala colocando as mão dentro do bolso da calça, esperando a resposta.

- Qualquer coisa que tiver que falar, pode ser ouvida por todos afinal, estamos em família e família não tem segredos- Rebate segurando minha mão, em claro sinal de mostrar que agora pertenço a família Bianchi.

Seus irmãos não ficam atrás, todos concordaram e seguiram de braços cruzados, esperando o pronunciamento do pai.

- Certo - Deu de ombros - Eu e sua mãe nos divorciamos e partirei amanhã para a Nigéria. A empresa e todas as filiais estão em suas mãos a partir de agora.

Choque era o que definia a todos no momento.

- Por que do divorcio?- Alessandro questiona.

- Sua mãe nunca superou o luto da perda da filha. Mesmo agora quando busquei passar com ajuda psicológica, ela continuou irreversível. Diante da situação resolvi por um ponto final - Conta como se fosse a coisa mais simples do mundo - Não posso obriga-la a se tratar, assim como não posso me obrigar a aceitar viver remoendo o passado e descontando em quem não tem nada a ver com meus traumas.

Quando meu sogro citou a "ajuda psicológica" pude jurar que seu olhar foi para mim, mas resolvi ignorar.

- Nigéria? - Dessa vez foi Enrico que perguntou.

- Tenho uma nova ideia de projeto que quero tirar do papel.

Todos concordam e voltam ao silêncio.

- Que tudo dê certo para o senhor nessa nova jornada. Espero que possa ser feliz e encontrar paz consigo mesmo - Digo o encarando.

- Obrigado Elisa. Fico feliz que meu filho tenha encontrado uma luz no fim do túnel e não uma pedra no sapato, como das outras vezes.

Por fim, o mesmo desejou uma boa noite e foi embora. E mesmo após sua saída, nosso rostos são de puro choque.

- O choque foi grande, mas não o suficiente para acabar com a minha fome - Após isso, Matteo se levantou e foi a cozinha. Provavelmente indo atrás da sobremesa que ainda não estava posta na mesa.

- Seu bastardo!- Enrico se levanta na pressa - Se comer toda a torta da dona Emília eu te jogo da escada.

- Ai você me mata e é preso- Matteo grita da cozinha.

- Meu irmão é ADVOGADO seu idiota