Capítulo 42

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Como eu posso descrever esse momento?

Chato, pesado, desconfortável e longo?

Estávamos na sala principal "conversando". Alessandro e Leonardo estavam em um canto da sala conversando, Matteo e Enrico conversavam em meio aos longos goles de whisky, o senhor Giovanni estava sentado em um canto mais afastado da sala observando a todos, Violetta estava no caminho ao meu lado com seus brinquedos, Lorenzo sentado ao meu lado com cara de tédio e Francesca estava a minha frente me enchendo de perguntas.

Entendo sua preocupação com uma estranha da noite para dia se tornar mãe de seus netos, mais a mulher estava de marcação serrada comigo.

- Então quer dizer que voi é formada em psicologia?- Faz a vigésima quinta pergunta.

- , sou psicóloga infantil- Comento simples.

- Primeira vez que io tenho proximidade com alguém com essa formação- Comenta bebericando seu vinho branco- Mas, por que escolheu essa profissão Elisa?- Perguntou encarando meu olhos de modo intimidador.

- Porque é de acordo com o que passamos na infância que nos torna as pessoas que somos na vida adulta. Ou seja, ajudar uma criança psicologicamente terá grandes benefícios no futuro da mesma, evitando problemas com drogas, álcool e etc- Respondo a encarando a todo momento sem desviar os olhos.

- Bobagem, criei quatro filhos e nunca teve essa bobeira de psicológico afetado. Isso é falta de Deus- Diz arrogante.

Mais é uma diaba mesmo em?!

- Discordo- Chamo sua atenção- Como psicóloga e pessoa próxima dos seus filhos, principalmente do primogênito, posso afirmar que a educação que eles tiveram na infância e adolescência os deixou com sequelas que são complicadas para resolver na vida adulta- Explico vendo uma veia se destacar em sua testa cheia de botox.

- O que quer dizer com isso?- Pergunta séria.

- Simples...A educação que damos aos nosso filhos sempre trazem consequências para a vida adulta, seja ela boa ou ruim. E observando sua família e o comportamento dos irmãos Bianchi posso deduzir que faltou muita coisa em suas educações, principalmente atenção, compreensão e carinho, e isso os afeta em sua vida adulta. O caso do seu filho mais velho, chegou a prejudicar até as crianças-

- Então senhora Bianchi, io acredito que a senhora deveria repensar o seu ponte de vista sobre a psicologia, principalmente envolvendo crianças- Finalizo vendo seus ombros se mostrarem tensos e a mão que segura a taça apertar o objeto frágil.

Ela me intimida com olhar mas não abaixo a cabeça ou desvio meus olhos da mesma.

Já fui muito humilhada e intimidada na vida para deixar alguém fazer isso novamente

Não gosto de arrumar briga ou confusão, mas não vou deixar ela me diminuir de modo estratégico para se pagar de boa.

Fora que tenho horror a pessoas ignorantes de mente fechada que ainda veem a psicologia como algo bobo e sem necessidade, sendo que os psicólogos e psiquiatras ajudam as pessoas que foram prejudicadas por gente como ela, soberba e orgulhosa.

A velha não cria os filhos e ainda causa graves problemas psicológicos neles e quer vir pra cima de mim e dizer que cuidar do psicológico de uma criança é bobagem?!

Assim não dá né minha senhora?!

Sei que ela passou por algo traumático, perder um filho dever ser horrível mas ninguém tem culpa disso, muito menos os filhos dela. Se fosse alguém madura tentaria procurar ajuda ou deixar alguém ajudá-la, mas ao invés disso prefere cruzar os braços e bater o pé de que está certa.

Acredito que todos na sala viram o clima pesado que se instalou entre nós duas, tanto que Leonardo procurou meu olhar para ver se estava tudo bem.

Giovanni se levanta de onde estava e chama sua família para terem uma conversa no escritório, sem questionar todos seguem o mesmo, mas antes de ir Leonardo vem até meu lado e murmura "Quando voltar vamos embora...não se preocupe, voltarei logo"

Assim que todos saíram do cômodo Lorenzo se sentou em meu colo.

- A vovó non gostou de voimamma?- Pergunta me encarando.

- Non sei piccolo, mas non se preocupe com isso. Hum?- Digo batendo na ponta de seu nariz com o dedo indicador.

O mesmo se ajeita em meu colo enquanto brinca com a irmã.

Que família eu fui me meter em?!

Mais que uma babáOnde histórias criam vida. Descubra agora