Capitulo dezanove

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Amber

       Vou para a cozinha fazer um bolo depois de descer com a correntinha que Ivan me deu no bolso. Eu sei que ele virá atrás de mim ou que iremos cruzar em algum momento então vou devolver seu maldito presente.
     Respiro fundo ao pensar no que aconteceu nessa madrugada. Eu disse para mim mesma que Dante não poderia me fazer sentir essas coisas, mas está difícil. Ele não parece um idiota insuportável, não consigo resistir e acabei de descobrir que seus braços são como paraíso. Mas eu sinto que é arriscado demais. Dante não é de relacionamentos, e é isso que eu quero. Talvez seja apenas diversão para ele, e tenho medo de estar completamente envolvida. Eu devia conversar com ele, porque talvez não esteja interessado apenas em sexo. Será que me diria isso?
       Seu olhar mudou, suas atitudes também, e comigo também acontece o mesmo. Meu coração não consegue se acalmar quando ele chega perto de mim, e também não consigo me afastar. Espero que tudo isso não termine numa tragédia, mas se acontecer a culpa será nossa.
       Ivan entra na cozinha tal como eu tinha previsto. Felizmente as empregadas não estão aqui, assim posso acabar com isso de uma vez. Espero ele vir até mim e começar com aquela história de desculpa e dizer que está arrependido.
       — Tem um segundo? — pergunta.
       — Tenho. — Tiro a caixinha do meu bolso e entrego a ele, coloco na sua mão. — Não quero ficar com isso.
       — Você trouxe para a viagem?
       — Eu trouxe a minha caixa de jóias porque assim tenho várias opções, mas não importa. Isso estava na minha caixa de jóias.
       — Amber, eu quero que fique com ele. É uma prova do meu amor por você.
       Ele tem coragem.
       — Uma prova de amor? Uma coisa? As atitudes é que são provas de amor, agora sai daqui.
       Ele coloca a caixinha no bolso. — Dante te faz feliz?
        — Com certeza que ele faz. Agora, por favor, saia.
        Ele sai e preparo os ingredientes para fazer um bolo dos anjos. Quando deixo tudo por cima da ilha, Wendy uma das empregadas entra para fazer seu trabalho. Dante também vem para a cozinha e mostra uma rosa branca para mim. Por que tinha que ser uma rosa branca se no jardim da senhora Louise há tantas cores?
       Será que ele sabe o que significa?
       Seria bom demais para ser verdade. Ele não deve saber, eu é que devo estar desesperada para que ele queira alguma coisa. Como é possível eu me sentir assim em tão pouco tempo? Com certeza que subestimei o troglodita.
       — Para você.
       Sorrio. — Você sabe o significado das cores das flores?
      — Talvez eu saiba, talvez não. — Vem ficar atrás de mim e beija o meu pescoço, e Wendy finge que não nos vê.
       — Não sei se percebeu, mas eu estou ocupada.
       — Eu percebi. Quer ajuda? — beija a parte de trás da minha orelha. — Assim também aprendo pelo menos a fazer um bolo.
      — Como sabe que vou fazer um bolo?
      — Por causa dos ovos, farinha, açúcar. Não sou tão ignorante quando se trata de cozinhar.
      — Está bem. Só não me desconcentra.
      Seus braços continuam ao meu redor, parece que não quer me largar, e nem eu quero que ele faça isso, mas não trabalho bem com distrações e sua voz é tão gostosa e sexy no meu ouvido, eu não vou aguentar.
       — Então, vamos começar? — sussurra, o desgraçado.
       Fecho os olhos e tento me concentrar. — Pode parar com isso?
       Bruna entra na cozinha e estreita os olhos para nós antes de virar para Wendy. — Wendy, vá limpar a sala de estar. Houve um acidente lá.
       — Sim, senhora. — Ela corre para fora da cozinha.
      Dante faz um sinal de paz com os dedos. — Bruna Hernandez, mi amor.
      Ela acena a cabeça em negação. — Seu amor está nos seus braços, hijo. — Ela ri e também nos deixa sozinhos.
       — Você é péssimo em espanhol também? — solto uma gargalhada, mesmo que ele tenha sido bom, disse tudo certo.
       Dante continua com as mãos em mim. — Prometo que vou cantar uma música para você em espanhol um dia desses. Aí irá descobrir se sou péssimo em espanhol e se herdei o talento do meu pai.
       — Vou cobrar. E não esqueça que ainda temos um contrato. — Começo a fazer o bolo. Ligo a batedeira.
       — Contrato verbal, eu sei. — Diz no meu ouvido.
       É difícil me concentrar, mas também é bastante agradável. Eu quero realmente saber se ele sabe o significado de uma rosa branca. Isso não vai sair da minha cabeça até eu descobri, mas não vou insistir em perguntar. Não quero que saiba que me importo sem eu saber se ele se importa.
       — Por que tantos ovos? — Dante pergunta quando me vê colocar uma infinidade de ovos. Na verdade são doze claras.
       — Porque essa é a receita do bolo dos anjos. Ele é branquinho e fofo.
       — Tem bolo dos demônios também? — ele ri.
       — Tem, idiota. É bolo de chocolate daqueles que você sente que vai para o inferno se comer.
       — E você sabe fazer? Eu vou querer provar, boo.
      — Claro que eu sei fazer. — Digo. Quero dizer para agirmos assim apenas quando alguém estiver por perto, mas eu gosto quando me chama de boo. Eu gosto quando me abraça e me beija.
       Dante acompanha o resto da receita sem se desvencilhar de mim, mas o faz quando coloco o bolo no forno. Organizo tudo antes que ele pense em fazer algo estúpido como jogar farinha no meu rosto ou cabelo. Muita gente acha isso engraçado, eu não. Não gosto de brincar com comida.
       — Amber...
       Viro para ele. Talvez queira dizer alguma coisa. — Sim?
       Ele me entrega a rosa. — Eu... vou fazer uma ligação. Depois nos falamos.
       Não era isso que ele queria dizer.
        — Está bem. Você não precisava avisar. Não somos mesmo namorados. — Digo só para arrancar alguma coisa dele.
       Dante suspira e sai da cozinha. É estranho que literalmente em um segundo estamos bem e no outro as coisas mudam. O que se passa conosco?

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