Capítulo seis

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Dante

      Converso com a minha mãe enquanto almoço com Lorenzo num pequeno restaurante que ele recomendou. A comida é boa, mas já provei melhores, e tecnicamente foi uma armadilha do meu amigo porque achei que iríamos para um restaurante de um chefe com estrelas Michelin, mas viemos para essa coisa desinteressante com comida que poderia ser melhor.
       Encaro o desgraçado enquanto ouço minha mãe do outro lado. — Como estão as coisas aí? Você está bem?
      — Sim, mãe, contando os dias para as minhas férias — Minto. Já conto os dias para voltar, mesmo sem ter estado lá.
     — Imagino. Que bom que decidiu vir. Seu pai está aqui. Ele está ouvindo tudo. — Minha mãe parece feliz.
      — Oi, pai. — Digo sem muito entusiasmo. — Eu vou apresentar a minha namorada a vocês.
      Não sei de onde isso saiu, obviamente eu não tenho uma namorada. Apenas adoro contradizer o meu pai, e talvez eu encontre uma até lá, então vou continuar com a mentira. Ele acha que não consigo manter um relacionamento — e não consigo —, mas gosto de mostrar como sempre está errado sobre mim. Só que ele tem razão a maior parte das vezes. É complicado.
      Meu pai bufa. — Você tem um relacionamento sério?
      — Raymond! — minha mãe repreende. — Nós iremos adorar conhecer a sua namorada, filho.
      — Tenho a certeza que vão gostar dela. E sim, pai, eu consigo ter um relacionamento sério. — Consigo chamar atenção de Lorenzo.
      — E a sua namorada é uma das suas strippers? — meu pai pergunta.
      — Filho, não liga seu pai. Nós vamos recebé-la muito bem.
      — Não é uma stripper, pai. É uma empresária bem sucedida. Uma mulher decente e maravilhosa. Mas teremos tempo para isso. — Sorrio. — Até mais.
       — Adeus, filho. — minha mãe responde.
       Desligo e bebo a minha cerveja. — Tenho três semanas para encontrar uma namorada.
       Lorenzo está distraído com outra coisa mais uma vez. Sigo o seu olhar até a empregada de mesa negra, com tranças num coque e olhos brilhantes que atende todos os clientes com um sorriso. Agora entendo a insistência de Lorenzo nesse restaurante.
        — O que acha dessa mulher? Ela seria uma ótima namorada, não acha? — apenas quero ver sua reação.
       — O quê? — ele olha para mim, confuso.
       — Eu disse que tenho que encontrar uma namorada em três semanas. Essa empregada de mesa sorridente seria perfeita.
       — Primeiro, nem pense nisso, segundo por quê? — estreita os olhos para mim.
       — Para provar ao meu pai que está enganado sobre mim.
      — Ele está?
      — Não totalmente.
      Lorenzo ri. — Então, vai atrás de outra, essa é minha. — Agora está sério.
      — Ela sequer sabe que você existe? É uma foda ou...
      Ele não me deixa terminar. — Cala a boca, Dante. Nem tudo na vida é só sexo.
       — Então você gosta dela? — brinco com a minha garrafa de cerveja que está a dois goles de estar vazia.
       Ele desvia o olhar. — Talvez.
       — Está apaixonado?
       — É uma palavra muito forte.
       A mulher vem para a nossa mesa recolher os nossos pratos e sorri para Lorenzo antes de se retirar. Meu amigo também sorri do jeito que nunca vi sorrir para ninguém. Ela é realmente muito bonita, tem um ar inocente e carinhoso, não faz o meu tipo, mas parece fazer o tipo do Lorenzo.
      — Parece que você está caidinho. — rio. — Se ela quisesse um relacionamento sério, você aceitaria?
      — Para.
      — Pior, se ela for virgem e dizer que não está pronta para transar e prefere esperar o casamento? O que você vai fazer? Se masturbar até o dia do casamento, apressar o casamento ou comer outra sem ela saber? — aproximo-me dele para que apenas ele ouça.
      — Vai se foder, Dante!
      — Convida ela para sair. Simples.
      — Não sei. Talvez ela seja boa demais para mim.
      Dou um último gole na cerveja. — Vai se foder você! Quando outro homem ficar com ela, não reclama.
      — É algo que tenho que pensar. Se tiver um relacionamento sério com alguém tenho que fazer isso bem.
      — Quer que eu faça isso por você? Que a convide para sair com você?
      — Não se meta, Dante, por favor.
      — Está bem.
      — É sério. Às vezes, você consegue arruinar as coisas. É meu assunto, eu trato disso.
      — Já entendi.
      — Espero bem que sim. Finja que nunca tivemos essa conversa.
      — Não posso esquecer que você está apaixonado. — Provoco. — Mas está bem. Vou ficar fora disso. Vamos embora?
      Ele olha para sua amada. — Você pode ir. Ainda vou pedir a sobremesa.
      — Depois falamos. — Levanto. — Boa sorte com isso. — Bato o seu ombro e saio do restaurante.

Colapso [COMPLETO NA AMAZON]Onde histórias criam vida. Descubra agora