Capítulo sete

24 2 0
                                    

Amber

       Finalmente o dia que eu mais esperava chegou. Eu esperei, fiquei noites a pensar nisso, criei vários planos na minha cabeça e agora ele está aqui. Ele está na minha frente, o homem gigante de cabelos escuros e olhos verdes, vestido com uma camisa azul marinho, calça de alfaiataria cinza e sapatos castanhos, apoiado numa BMW preta alugada.
       Corro até ele e pulo para os seus braços, recebendo um beijo de cinema bem gostoso. Ivan prova os meus lábios desesperadamente, consigo sentir sua urgência, sua paixão, consigo ver o quanto não se importa com o que as pessoas vêem, pensem ou digam. Ele está simplesmente apaixonado por mim, do jeito que eu queria.
      — Tive muitas saudades de você. — Sussurro contra os seus lábios e sorrio para ele.
      — Eu também. — Toca o meu rosto com carinho. — Não parava de contar os minutos. Tenho planos para hoje. Já reservei num restaurante. Depois vamos para o seu novo apartamento batizar o lugar.
      Rio. — Mal posso esperar.
      Ele me beija novamente durante alguns minutos e depois me abraça como se eu fosse tudo o que precisasse. Nem preciso de um pedido para saber que somos namorados. Estou feliz por ele estar aqui comigo, mas isso não significa que estou apaixonada. Ainda não descobri o que realmente sinto por ele, mas sei que me sinto muito bem quando ele está por perto, ele me trata como nenhum homem nunca tratou.
      — Vamos sair daqui antes que fique estranho demais. — Digo e limpo o meu batom dos seus lábios.
      — Vamos, sim, baby. — Abre a porta para mim para que eu suba no carro.
      Primeiro vamos para o restaurante que Ivan reservou. É chique, gostaria de ter vestido algo mais apropriado, mas também não me importo muito, estou com um vestido preto curto e as minhas notas de cano alto, meu cabelo num coque baixo, então deve ser o suficiente.
       Pedimos os nossos pratos e Ivan pede uma garrafa de vinho ao garçom também. A música que toca no fundo é suave, o ambiente é simplesmente romântico e o jeito que Ivan olha para mim é além de especial. Eu já disse que dessa vez consegui acertar?
        Meu namorado segura a minha mão. — Amber, quero que essa noite seja muito especial. Tenho pensado nisso desde que fui embora.
       — Essa noite será especial e todas as outras que teremos também serão.
       Seu sorriso não alcança os olhos. — É muito cedo para dizer que estou apaixonado? — vejo medo nos seus olhos. Ele tem medo da minha reação?
       Ele está apaixonado por mim?
       Caralho, ele admitiu.
      — Você está? — pergunto. Só para ter a certeza que ele disse em voz alta.
      — Se eu não consigo parar de pensar em você e meu peito dói quando penso que não posso ter você, não significa que estou? — beija a minha mão.
      — Ah, Ivan, assim eu fico sem palavras.
      — Não precisa dizer nada.
      Apoio o rosto na minha mão livre, olhando para ele. — Mas eu vou dizer. Gostei de saber disso. No começo tive medo porque você não mora aqui...
      — Eu não me importo com a distância. O que importa é você.
      — Obrigada por ser assim. Por persistir, por estar comigo.
      — E eu agradeço por me deixar fazer parte da sua vida. — Sorri.
      Ivan é talvez uma das minhas escolhas certeiras, não sei se é cedo para falar, mas é a primeira vez que eu conheço alguém que vale a pena. Se calhar eu não tenho um dedo assim tão podre.
      O garçom traz a comida e o vinho e desfrutamos do momento, conversando sobre coisas que não conversamos por telefone. Eu quero saber mais sobre a família dele, sobre ele assim como ele também quer conhecer a minha família. Temos o nosso jantar perfeito e romântico, Ivan diz todas as coisas que quero ouvir, e finalmente vamos para o meu apartamento batizar o lugar.
      Meu futuro namorado consegue enlouquecer qualquer mulher na cama, seus beijos são selvagens, seu toque é como fogo, ele se importa com o que eu quero, com o meu prazer também, ele simplesmente não tem defeitos. Às vezes me pergunto se eu mereço alguém como ele. Talvez eu estivesse demasiado ocupada com homens como o Dante antes, que não percebi que homens como o Ivan poderiam ser a melhor escolha para mim.
       Meu nariz fuça o pescoço dele e me aconchego lá enquanto ele me abraça e me mantém em seus braços, estamos nus na minha cama, depois de matar saudades.
       Ele segura a minha mão e beija. — Você é tão linda, tão perfeita. — Sussurra.
       — Quando você irá voltar?
       — Acabei de chegar e você já quer saber quando irei embora?
       — Quero aproveitar o máximo de tempo com você.
       — Eu também quero isso, querida. — brinca com os meus dedos. — Eu disse que tenho um presente para você, lembra?
       Olho para ele. — Já posso receber?
       — Não quero estragar esse momento. Quero ficar assim, quero matar saudades.
       Sorrio e beijo a sua mão também. — Está bem. Vamos ficar assim mais um pouco.
      — Sabe, esse tempo todo, eu tive medo de voltar e perceber que outro homem a tirou de mim. — aperta o abraço. — Eu acho que não iria suportar.
      — Tem sorte que estou tão na sua, que não consigo olhar para outros homens.
      Eu acho.
      Seus lábios tocam os meus. — E você é a única no meu coração.
      Sorrio e beijo ele mais uma vez, confortável em seus braços. Quero estar apaixonada por esse homem, e como ele me faz sentir bem e feliz perto dele, deve ser um sinal de que estou no caminho certo.
      De repente, Dante vem na minha cabeça. Não entendo porquê, mas aqueles olhos verdes surgem nos meus pensamentos. Só pode ser uma maldição, quando ele não está por perto, penso nele e naquele sorriso irritante. Se calhar, também pensamos nas pessoas que não suportamos. Dante pode até fazer o meu tipo, mas eu não olharia ou ficaria com ele, muito menos me apaixonar. Espero estar apaixonada pelo Ivan, ele sim merece aparecer nos meus pensamentos e ganhar o meu tempo.
       Faço de tudo para expulsar a imagem de Dante na minha cabeça, principalmente lembrando de todas as merdas que ele fez. Ele é o que tenho tentado fugir agora que tenho alguma coisa com Ivan.
       Após tantos beijos que deixam nossos lábios inchados, Ivan vai buscar o meu presente que é uma correntinha de prata de coração. É bonita e é especial, não costumo ganhar muitos presentes de homens que se relacionam comigo. Terminamos a nossa noite fazendo amor e dormimos juntos, felizes, sem se importar com o resto do mundo.

                                       ****

       Ivan é o tipo de homem que qualquer mulher deseja ter por perto, não sei porquê achei que só me atraia por homens como o Dante. Ele não para de me agradar, de me fazer sorrir, e eu não consigo sair de perto dele. Vamos a restaurantes, praia, ficamos no meu apartamento, passamos o máximo de tempo possível nos últimos dez dias, e sinto um aperto no peito ao pensar que ele vai embora de novo. Relacionamento à distância é foda. Dói demais.
      Estou no salão de beleza ocupada com as mensagens de Ivan enquanto Karol trança o seu cabelo. Ivan está no meu apartamento, descansado e à espera que eu volte para casa para matar saudades. Juro que ainda não sei se estou apaixonada, essas coisas são difíceis de detectar no começo.
       — Como saber se estou apaixonada? — pergunto para Karol.
       — Você não para de pensar nessa pessoa, só quer estar com essa pessoa, sente um aperto no peito quando pensa que pode perdê-la, às vezes fica sem sono por causa dessa pessoa, são muitos sentimentos, amiga. — Responde.
       — Quando percebeu que estava apaixonada pelo Duke?
      Ela sorri. — Quando ele correu para o nosso antigo apartamento só para me abraçar depois que confessei a ele que tinha um irmão.
       — Sobre o Ivan, eu amo estar com ele, mas um dos principais motivos para estar com ele é porque ele está apaixonado por mim. — Guardo o telefone no bolso da minha saia. — Ele parece confiável e bom e me trata muito bem. E os últimos dias têm sido tão perfeitos, e Dante sumiu da minha vida, o que significa que as coisas más também devem estar bem longe.
       — Eu disse que ele ia acabar por desistir.
       Isso é estranho. Não vejo Dante há duas semanas, será que tem tramado alguma coisa ou está apenas odiando o processo de cicatrização da tatuagem? Se for isso eu entendo, a parte de descamação e coceira foi a pior de todas, coisas bonitas dão trabalho, mas ele já deve ter ultrapassado essa fase.
       — Ele acredita em destino, o idiota. E me pediu desculpas com donuts e uma rosa.
      A última vez que o vi foi no dia em que fiz a tatuagem dele. Esse silêncio todo está suspeito demais, ele não parece ser do tipo que desiste com facilidade.
       Karol olha para mim. — Sério?
       — Mas o que importa? Ele nunca vai mudar, e está longe de mim. Deve ter encontrado outra coitada para infernizar a vida. — Sento numa das cadeiras vazias após tirar o telefone novamente.
       — Talvez.
       — Não vamos mais falar sobre o Dante, vai que falar o nome dele em voz alta o trará de volta. Tem sido bom desfrutar da paz nesses dias, não quero estragar isso. — Digo. Meu telefone toca, assustando-me porque por alguns segundos achei que era o Dante.
       Por que seria ele?
       Vou para fora do salão para atender Ivan já com um sorriso. Não planejamos nada para essa noite ainda, achei que iríamos ver um filme juntos e desfrutar da presença um do outro, o que já é perfeito para mim, mas talvez ele tenha mudado de ideias.
       — Oi.
       — Baby, preciso falar com você. — Ouço sua voz triste do outro lado. Será que Dante foi no meu apartamento?
       — Agora?
       — Sim. É que eu vou embora. Estou no aeroporto.
       — O quê? Porquê não me disse nada? — pergunto.
       É por causa do Dante? Ele veio desmoronar tudo ao meu redor?
       — Porque seria muito doloroso me despedir. Se você me pedisse para ficar, eu ficaria. — Responde.
       — Então fica.
       Ao que parece não é por causa do troglodita.
       Consigo sentir a dor na sua voz. — Eu vou me mudar para a Europa. Entende como será complicado? Você deixaria tudo para ir comigo se eu pedisse?
        Finalmente encontro alguém que presta e acontece isso. Por que ele não me disse que iria para a Europa? Eu já criei muitos planos na minha cabeça sobre como seria o nosso relacionamento, e agora vou perdê-lo para a Europa. Parece que não era para ser.
        — Ivan, o que temos é recente, não posso me mudar para a Europa com você. Eu tenho a minha vida aqui.
       — Eu entendo. Você tem razão. Vou ter muitas saudades. — Diz.
       — Eu também. — minha voz falha. — Adeus.
       — Tive os meus melhores momentos com você. Quero que saiba que eu te amo, Amber. Adeus. — Desliga.
       Respiro fundo e admiro como tudo isso aconteceu tão rápido. Em um momento ele estava aqui, em outro ele já não está. Ele devia ter me dito que iria embora, assim eu não teria me envolvido tanto.
      Agora que essa despedida dói, acho que gosto bastante dele.

Colapso [COMPLETO NA AMAZON]Onde histórias criam vida. Descubra agora