Dante
Já estou acordado quando Amber levanta da cama. Ela vem até mim, sentando ao meu lado nas paredes de vidro. Ela fez um coque nos seus cabelos negros e não usa maquiagem ou o piercing, apenas seu pijama preto de cetim. É incrível como consegue parecer diferente.
Fico preocupado pelo jeito que o meu coração bate assim que ela está perto de mim. O som é tão alto que Amber poderia ouvir, mas prefiro parecer calmo e não estranho. Esses dias perto dela não tem me feito muito bem. Eu até reservei num hotel da Disney para que finalmente possa realizar seu sonho de infância. Bem, não sei se é seu sonho de infância, mas sei que ela quis muito fazer isso quando era criança.
— É impressão minha ou você me contaminou para acordar cedo também? — Sorri. — Eu não tinha mais sono.
— Ainda tem tempo de voltar para a cama.
Ela pega no controle e as cortinas sobem para revelar o céu escuro no nosso quarto. São quatro da manhã, então o sol ainda não se levantou.
— Eu não quero voltar para cama.
— E o que vai fazer então até amanhecer?
Ela leva os joelhos até o peito e abraça. — Conversar com você. Ultimamente anda diferente do idiota que eu conheci.
— Isso é porque não quero estragar as coisas com você. E tenho medo do que você irá pedir depois daqui.
Ela ri. — Lembrei que temos um contrato.
— Não seja muito má, está bem?
— Eu vou tentar. Mas pensei que gostava do meu lado malvado.
— Gosto de todos os seus lados, boo. — Digo.
Ela se apoia na parede de vidro. — Posso fazer uma pergunta?
— Você pode fazer, mas eu não prometo que irei responder.
— O que você gosta de fazer? Não diga nada que envolva o Night Club ou o Inferno porque tudo isso é trabalho. Também não diga ficar bêbado.
É uma pergunta difícil porque eu faço coisas para me manter relaxado e distraído e envolve sempre trabalho e fazer terapia. Nunca tinha pensado nisso, mas não tenho muitas formas de entretenimento.
— Eu gosto de passar tempo com os meus amigos. Algumas vezes vou malhar.
— Só isso?
— Sou aborrecido demais para você? — Sorrio para ela.
— Você não gosta de filmes? Música?
— Eu vejo alguns filmes. Música nem tanto. — Apoio-me na parede também. — Você gosta?
— Eu gosto de música e filmes também. Tenho muitos passatempos.
— Deixa adivinhar. Cozinhar, passar tempo com os amigos, fazer coquetéis, ver filmes e séries, fazer maquiagem ou ver vídeos de maquiagem...
— Por quê? São péssimos passatempos?
— Não, apenas quis saber se te conhecia.
— Você não conhece.
— Eu notei algumas coisas em você. Sei que adora maquiagem, gosta da cor roxa, botas de cano alto, você é rancorosa, odeia homens insuportáveis, gosta de conversar e ouvir histórias, gosta de chás mais do que café e não passa um dia sem cuidar desse rostinho. — Toco o seu nariz com o meu dedo.
— Por que acha que gosto da cor roxa?
— Suas malas, tem vários batons roxos, a imagem de fundo do seu telefone é roxo, as frases que posta nas suas redes sociais são sempre num fundo roxo. Foi só um palpite.
Ela sorri. — Bem, foi um bom palpite. Eu gosto de cor roxa. É a minha preferida. A sua é preta?
— Não tenho cor preferida.
— E por que acha que gosto mais de chá do que de café? — morde o lábio inferior. Gostaria de ser eu a fazer isso.
— Porque você bebe mais chá do que café desde que chegamos aqui. Você nega café algumas vezes, mas nunca nega um chá.
Ela aplaude. — Você é bom observador. Estou impressionada.
— Achei que nunca conseguiria te impressionar. — Mas ainda o farei quando formos para a Disney.
— Fiquei impressionada ao saber que sabe sobre mim.
Fico mais perto dela e toco o seu braço, e Amber permite que meus dedos caminhem lentamente por sua pele. Aquela sensação estranha se intensifica quando a toco ou nos beijamos. Eu sei que não queria sentir essas coisas, mas até é bom.
— Você parece um anjo.
Seus olhos procuram os meus. — Não acho que eu pareça um anjo.
— Por que não?
— Antes dos dezoito, eu era muito inocente. Eu não pensava como hoje e tentava fazer tudo certo. Aquela Amber era um anjo, essa não.
Continuo com as minhas caricias nela. — E o que aconteceu para você mudar?
Seu sorriso é malicioso. — Conheci um cretino, perdi a minha virgindade, percebi que tinha cobras e não amigas, então decidi mudar. As pessoas sempre acharam que eu era falsa, então saí da minha bolha e me tornei em quem sou agora.
— Ás vezes as mudanças são as melhores opções. — Digo. — Eu sei muito bem. Embora não tenha sido tão nerd quanto a minha mãe me fez parecer.
— Não consigo imaginar você como nerd. Com essa altura, os valentões não teriam hipótese.
— Claro que teriam. Só não sofria com eles porque eu sempre fui bom a lutar. Não tem nada a ver com a minha altura.
— Entendo.
— Alguma vez disse que você é linda?
Amber desvia o olhar. — Não espera que eu diga que você também é. — Sorri de um jeito adorável.
Aproximo-me do seu rosto e nossos narizes se tocam. Ela fecha os olhos e não se afasta, pronta para receber os meus lábios porque ela também quer. Se não tentarmos fugir do que sentimos vai ser mais fácil entender o que se passa. No fundo, eu já sei o que se passa, mas preciso explorar mais.
O toque dos nossos lábios é suave, mas cheio de intenções. Sua boca me recebe, suas mãos pulam para o meu cabelo e ela fica mais perto, para sentir o meu corpo. Em tão pouco tempo amo o gemido vindo de sua garganta sempre que minha língua acaricia a sua. Dou a atenção nos seus lábios, deixando-os provar o meu desejo.
Amber senta por cima de mim e me beija com intensidade agora. É impossível não passar a noite em branco só pensando nesse beijo, ela é viciante, me deixa completamente desnorteado. É a primeira vez que eu quero explorar mais os meus sentimentos e me entregar completamente. Por que ela me faz sentir assim?
Minhas mãos sobem e descem nas suas costas cobertas de cetim, saboreando a sua boca como um louco, procurando senti-la também. Eu não vou superar esses beijos, e tenho torcido para que não acabe. Não quero que acabe. Eu sinto faíscas por todo o meu corpo sempre que ela está por perto.
Terminamos o beijo, mas meus lábios seguem para o seu pescoço, seu queixo e meus braços a abraçam. Ela não foge de mim como eu pensava, isso significa que também quer explorar tudo isso?
Ela olha para mim. — Agora estou com sono.
Quando Amber se afasta, puxo o seu corpo de volta e permito que se aconchegue a mim. Ela puxa a manta ao lado e cobre os nossos corpos sem dizer mais nenhuma palavra. Inspiro o cheiro do seu cabelo e deitamos, no sofá. Observo o céu ainda escuro enquanto minha mão tenta confortar Amber.
Lorenzo tinha razão, essas coisas são agradáveis. Eu já não lembro como é namorar, e também não tinha muita experiência antes porque Emily não era tão carinhosa, nem eu era. Ficar desse jeito com Amber é tão gostoso, quero muito poder fazer isso todos os dias.
Fecho os olhos, sentindo-os pesados e começo a me entregar ao sono. Quando ele me chama não posso recusar porque ele raramente o faz.****
Pela manhã, alguma coisa mudou. Não apenas dentro de mim, o céu parece mais lindo, o sol nasceu, os pássaros cantam, e eu não acredito que estou mesmo fazendo isso. Eu me tornei mesmo nisso? Nem sei se consigo ser romântico. Depois da minha ex-namorada morrer, eu nasci de novo, é por isso que parece que há muita coisa que não sei. Fiquei anos afastado dessas coisas.
Amber coloca aquelas máscaras de olheiras a mim e também nela depois de lavarmos o rosto. Ela também está bastante animada, embora ontem a noite parecia fria e distante e que não queria saber de mim, essa madrugada a situação mudou.
Observo ela ficar na ponta dos pés para colocar um tal de sérum no meu rosto, depois passa o creme e o protetor. Ela cuidou de si primeiro e depois de mim. Tenho até medo de perguntar ou comentar sobre nós e acabar com isso.
— Você nunca esquece desse procedimento todo? — passo as mãos no meu rosto, sentindo-o mais macio.
— É muita coisa, esqueço sim. Mas tenho que me concentrar para fazer tudo certo. — Tira as máscaras debaixo dos seus olhos. — Você dormiu muito bem.
Tiro também. — Sim e agora estou esfomeado.
— Já terminamos. — Ela vai para o quarto pegar no seu telefone.
Saio do closet também e sigo minha "namorada" para fora do quarto. Seguimos para a sala de jantar, onde todos nos esperam. Eu estou feliz e qualquer coisa que o meu pai dizer não irá me afetar hoje.
— Bom dia. — Amber sorri para todos e senta na mesa.
Ocupo uma cadeira ao seu lado. — Bom dia.
— Bom dia. — Minha mãe sorri. — Parece que o dia está maravilhoso hoje.
— Está perfeito. — Digo, olhando para Amber. Ela mostra um sorriso tímido para mim e pega num croissant.
Eu poderia olhar para ela o dia todo. Essa madrugada foi especial, começo a sentir que doutora Susan estava certa. Qualquer pessoa pode fazer isso.
Depois da refeição, fico com a minha mãe no jardim porque ela me pede para conversar. Passeamos por suas flores e admiro a variedade e todas as cores. A princípio, eram apenas rosas vermelhas, mas ela deve ter mudado de ideias.
Será que Amber gosta de flores?
Dizem que todas as mulheres gostam de flores, não sei se é verdade. Mas por que estou tão preocupado? E desde que acordei a minha cabeça nega parar a fita riscada em que Amber e eu nos beijamos.
Ela quer um relacionamento, Dante!
— Vou ser sincera com você, filho. Achei que depois da Emily você não voltaria a ter ninguém. Fiquei com medo porque você não trazia nenhuma mulher para nos conhecer. Poderia ser um trauma ou essas coisas. — Ela passa a mão numa flor laranja.
— Apenas pensei que não tinha jeito para essas coisas.
— Ela parece ser uma boa pessoa. Zoey também parece ser a mulher perfeita para o seu irmão. Custa acreditar que cresceram tanto. Mas o que mais me deixa aliviada é que você se entregou.
Não sabia que trazer uma namorada iria tocar tanto o coração da minha mãe, o objetivo era calar a boca do Ivan e mostra para o meu pai que me subestima demais. Agora me sinto um pouco mal, embora saiba que sinto coisas por Amber e minha terapeuta já disse para não ignorar os meus sentimentos, por isso não fugi ainda. E nem quero fugir.
Porra, eu não quero fugir.
— Não podia fugir do que ela me faz sentir.
— Cuide bem dela, está bem? É difícil encontrar pessoas que valham a pena. Ainda mais alguém que irá te aceitar do jeito que você é.
— Tem razão, mãe. Muito obrigado.
Ivan se junta a nós, saindo pelas portas traseiras da cozinha com um sorriso convencido, caminhando lentamente em nossa direção e abraça a nossa mãe. — Reunião de mãe e filho?
— Apenas uma pequena conversa.
Eu tiro uma rosa branca. — Eu vou me hidratar um pouco, vocês podem continuar.
— E essa rosa? — minha mãe pergunta.
— É para a minha namorada.
Minha mãe sorri. — Por que não tira uma vermelha? Branca significa recomeço. Vermelha é amor.
— Tanto faz. Se calhar ela não sabe isso.
Ivan revira os olhos. — Olha quem decidiu ser romântico. Não combina com você.
— Não vai conseguir estragar o meu dia, hoje, Ivan. — Bato no seu ombro quando passo por ele.
Na verdade, eu sei o significado das rosas brancas porque minha mãe não se cansa de dizer, e é isso que realmente quero dizer. Talvez Amber e eu não tenhamos começado do jeito certo, agora quero mudar as coisas. Não sei como dizer as palavras e tenho medo que ela se assuste, então vou tentar mandar sinais.
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Colapso [COMPLETO NA AMAZON]
عاطفيةDante Valentine não era simplesmente um homem bonito, um pedaço de mau caminho, alguém que ninguém queria por perto, um bad boy com muitos problemas e passado desconfiável. Talvez até fosse algo mais só que... ...Amber não estava interessada e...