Capítulo trinta

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Dante
     Eu sei que tenho passado demasiado tempo com Amber, mas o que posso fazer se estou louco por ela? Ela me ajuda a me distrair e a tirar da cabeça que tenho problemas, sendo um deles chamado Luke. Eu dormi mais uma vez sem precisar de remédios, porque estar com Amber me proporciona uma paz que não sei explicar. Doutora Susan saberá desvendar tudo isso.
     A água corre pelos nossos corpos, tirando toda a espuma, para finalmente terminarmos o banho porque assim que comecei a lavar o seu corpo e depois ela o meu, não conseguimos resistir em transar no chuveiro.
     Meus braços a envolvem após terminar com o meu beijo apaixonado e desligo o chuveiro. — Vai me acostumar mal se eu acordar com você todos os dias.
      — Que culpa eu tenho se você não consegue resistir?
      — Admito que não consigo.
      — Por sua culpa, molhei o meu cabelo, agora tenho que secar.
      — Minha culpa? — abro a porta de vidro quando solto seu corpo.
      Amber passa por mim e veste o meu robe. — Sim, boo. — E amarra uma toalha na cabeça.
      Envolvo uma na minha cintura também e sigo a mulher que me tira do sério para fora do banheiro. Já são sete da manhã, eu sempre levanto cedo, é o hábito, mesmo que eu tenha uma boa noite de sono não consigo evitar.
      Seco o meu corpo e vou no meu closet escolher a roupa para vestir quando termino de secar e pentear o cabelo. Escolho uma camiseta branca de mangas, que arregaço até aos cotovelos, calça jeans e botas. Talvez vá passar no barbeiro depois, mas antes tenho que resolver algumas coisas.
      Amber veste o seu vestido e mais uma camisa minha, depois seca o seu cabelo. Sei que ela usa um secador muito moderno que seca enquanto escova, então até entendo a impaciência para secar com o meu. Aquele também parece mais rápido.
     Ainda temos tempo de comer alguma coisa antes de sair de casa, e estou hipnotizado ao ver minha namorada — essa palavra ainda soa estranha — devorar os waffles que a minha empregada fez. Eu como os meus ovos mexidos e uma torrada, acompanhado de sumo de laranja.
      — Posso dirigir a sua moto? — ela pergunta do nada.
      — Eu não quero.
      — Boo, você disse que não?
      — Sim.
      — Então é um sim? — tenta me baralhar.
      — Você não pode dirigir a minha moto.
      — Por que não? Eu sou muito boa até. — segura a chávena com as duas mãos, enquanto seus belos olhos azuis me fitam.
      — Você aprendeu com o loirinho. Não acho que ele saiba sobre o assunto. — mordo a torrada.
      — O Duke sabe dirigir uma moto, acredita em mim. — Bebe o café.
      — Um dia desses eu te insino como deve ser. Do jeito certo.
     Amber revira os olhos. — Como se eu não soubesse.
     — Você vai ser melhor do que ele. — Seguro a sua mão e beijo.
      Ela bebe seu café mais uma vez e afasta o prato vazio. — Estou pronta para ir para casa.
      — Estava mesmo faminta.
      — Sim, boo. Preciso de energias para o dia de hoje.
      Termino também o meu prato e vou buscar as minhas chaves, carteira e telefone para poder sair de casa. Amber insiste para irmos de moto, e decido ceder às suas vontades, também amo quando seus braços estão ao meu redor, enquanto o vento bate contra nós.
      Mais uma manhã perfeita, que me faz desejar que seja assim todos os dias. Parece que eu era vazio antes de ficar com a Amber, agora consigo encontrar um sentido. Minha rotina não será mais o trabalho, beber com os amigos e terapia, também tem os meus momentos com Amber. Algumas vezes irei acordar e dormir ao seu lado. É bom saber disso.
      Estaciono a moto no prédio da minha namorada e tiro o capacete. Amber desce e me deixa ajudar a tirar o seu também. Eu sei que tenho alguém seguindo todos os seus passos, mas mesmo assim quero estar por perto para impedir que Luke chegue até ela.
     Acompanho Amber até o apartamento e parece que ela percebe o que estou tentando fazer. — Você não precisava ficar.
     — Eu quero ficar. Assim fico mais tranquilo.
     — Se te deixa mais tranquilo, então está bem. — Ela tira uma saia jeans curta, quando estamos no seu quarto.
     — É tão raro te ver de calça ou de saltos altos. Você tem vários saltos, não mais do que botas, mas ainda são muitos.
     — Claro que eu tenho. Há sempre ocasiões para usar. E calças jeans escondem essas beldades. — aponta para as suas belas pernas.
     — Realmente são lindas. O que acha de fazermos uma tatuagem?
     — Não é muito cedo para isso?
     — Não precisa ser os nossos nomes, ou iniciais. Pode ser qualquer coisa.
     — Isso ainda é muito novo.
     Suspiro. — Eu sei, mas eu quero mesmo assim. Mesmo que um dia não me queira mais, vou querer algo para me lembrar disso. Eu nunca tinha me sentido desse jeito em toda a minha vida, boo.
      Ela para de procurar o que vestir e olha para mim. — Não pensa assim. Pensa no aqui e no agora. Você não sabe se vamos envelhecer juntos.
       — Eu espero que sim, porque quero sempre ter você.
       Amber vem para os meus braços e me beija, sem estar interessada com o tempo que nos resta, e como não posso resistir a ela, deito o seu corpo na cama e me permito encontrar o caminho da perdição. Eu estava falando muito sério sobre as tatuagens e sobre estar com ela. Estou fodido demais para sair dessa.
      Ficamos mais tempo do que deveríamos, mas depois percebemos que temos coisas para fazer, quer dizer, mais Amber do que eu, e saímos do apartamento até o estúdio de tatuagem de moto.
      Adoro ter suas mãos ao meu redor, abraçando o meu corpo enquanto dirijo e tento me concentrar na estrada. É mais um motivo para preferir dirigir do que deixar que ela o faça, porém estou ciente de que em algum momento terei que fazer o que ela quer.
      Descemos após estacionar na frente da Hot tattoo e entramos. Amber vai na minha frente, desfilando e me dando a visão do seu traseiro nessa saia maravilhosa. Quantos homens ficam perdidos com essa visão? Quantos a desejam?
      A mulher de cabelos coloridos acena para mim e sorri para Amber. Não sou bom com nomes e nem estou tão interessado em saber, só quero uma tatuagem. Pensei bastante sobre isso durante o caminho.
      — Bom dia, chefe.
      — Bom dia, Willow.
      — Oi, Willow. — Fico na frente do balcão. — Gostaria de marcação para fazer uma tatuagem.
     Minha namorada olha para mim, surpresa. — Vai fazer agora? Hoje?
     — Sim. Achou que não era sério?
     — Dante, pensa melhor.
     — Já pensei.
     Ela suspira. — Tem clientes à espera? — pergunta para Willow.
     — Sempre tem, chefinha. Por enquanto apenas três.
     — Ótimo. Eu vou poder fazer assim que um dos tatuadores estiver livre. — Digo.
     — Sim. É por ordem de espera.
     — A minha tatuagem vai ser bem pequena. Menor que o tamanho da minha unha. Não tenho prioridade por ser o namorado da chefe?
     Willow ri. — Você é muito engraçado.
      — É sério.
      Amber suspira. — Eu vou para a minha sala. Dante, espero que não se importe de esperar. Se quiser, eu mesma faço a sua tatuagem.
     — Claro que não me importo, boo.
     Vou sentar no sofá e vejo uma revista de tatuagens muito interessante. Os clientes vão entrando, e parece que há um casal que entra na mesma sala, me permitindo ir para o próximo. Algumas tatuagens demoram demais, outras muito pouco tempo. Sortudo é o homem que vem depois de mim porque a minha tatuagem deve ser bem rápida.
      Bem, parece mesmo que vou fazer isso. E espero que Amber também.


      Recebi ligações do Luke e ignorei. Sei que ele quer a minha atenção, quer dizer sempre as mesmas coisas e quer tentar me ferir. Dessa vez ele encontrou um caminho para o fazer, mas a polícia irá manter os olhos nele, Hurt me garantiu que irá encontrar a localização dele. Aposto que se tiverem acesso às câmaras da cidade, eles conseguem.
      Passei no barbeiro depois de fazer a minha tatuagem. Fiz um corte militar e estou ansioso para saber o que Amber vai achar do meu novo penteado. Estaciono a moto no Inferno e vou para dentro beber um pouco na minha sala sagrada. Talvez tenha deixado de ser sagrada porque Amber esteve aqui, mas não fizemos nada, apenas ficamos bêbados juntos.
      Passo pelas pessoas se divertindo e bebendo, e acabo por ficar no bar mesmo. Stephen deve estar por aí, estou louco para mostrar a minha tatuagem a ele. É apenas um coração pequenino no canto do meu pulso esquerdo, e consegui convencer Amber a fazer também. O que importa que o que temos é novo demais? Estou amando isso. Quero que dure para sempre.
      Uma mão bate no meu ombro e logo em seguida Stephen senta ao meu lado. — Cortou o cabelo, seu fodido.
      — E fiz uma tatuagem. — Mostro a ele.
      — Hilariante.
      — Amber fez também. Namorar é tão bom, Steph. Você nem imagina.
      — Eu já namorei, lembra? Também já fiquei, prefiro sexo sem compromisso por enquanto. Não tenho cabeça para essas coisas. Olha o que Lorenzo tem que passar.
      — A situação dele é diferente. Mas o que importa? Futebol esse final de semana?
      — Claro que sim. — Pede uma tequila para o barman. — Um dia só de homens.
      — Só de homens.
      — Ótimo. Depois vou confirmar com Lorenzo também. — Ele recebe sua bebida. — A polícia achou o endereço do Luke?
      — Não. Mas o meu palpite é que ele esteja num lugar abandonado. Pode ser uma casa, um armazém, ele não trabalha, não faz nada, não pode morar em qualquer lugar.
      — Às vezes tenho pena. A vida dele é bem triste.
       Eu também tinha pena, principalmente porque ele teve que passar por tudo sozinho. Eu me sentia muito mal por ele, mas depois de ameaçar a vida da Amber, só tenho raiva.
       — É triste sim.
       — Tenho uma surpresa para você lá em cima?
       Sorrio. — O quê? Amber está aqui?
       Ele acena em negação. — Dante, como seu melhor amigo, tenho que ser sincero com você e dizer que está doente.
       — Você não entende o que é estar apaixonado.
       — É estar fodido. Agora vamos subir. — Bebe a tequila de uma vez.
       — Espero que seja algo que me agrade.
       Saímos do bar, e sorrio para algumas mulheres que nos lançam olhares, mas isso não significa que eu ficaria com elas, estou preso na teia da Amber e não estou interessado em cometer erros. Além disso, elas nem fazem o meu tipo, talvez façam o do Stephen.
       Entramos na minha sala e meus olhos procuram por algo diferente. O quadro gigante na minha parede que antes tinha uma diabinha safada agora tem Amber Jeffrey nele. Stephen lembrou de quando expliquei que queria a foto dela sexy e com o batom preto. Está perfeito.
       — Bom trabalho!
       Ele ri. — Você precisa se tratar.
       — Eu vejo a doutora Susan todas as semanas, lembra?
       — Não é o suficiente.
       — É para mim.
      Sirvo bourbon num copo, deixo na mesa junto com a garrafa e deito no sofá vermelho, na direção do quadro que agora tem o rosto mais lindo que eu já vi. Os olhos azuis mais lindos, os lábios mais saborosos, ela é a minha perdição. Quem diria que eu iria acabar desse jeito?
      Ainda não resolvi as coisas com o Ivan, mas se ele nos deixou em paz durante esse tempo, deve ser porque desistiu da ideia maluca de cancelar seu casamento com Zoey. Agradar o meu pai deve estar acima de qualquer coisa que ele realmente queira e isso algumas vezes é bom para mim.

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