Capítulo vinte e um

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Em dias seguintes, as coisas não mudaram muito entre nós. E posso dizer de que tínhamos uma rotina de quase todos os dias irmos juntos ao trabalho e chegarmos lá um com o cheiro do outro, estava na cara e também dizíamos que estávamos esperando um filho para quem quiser que nos questionasse sobre isso. Não escondíamos nada.

Era bom simplesmente não mentir e viver dessa maneira, bem, e sem omissões.

Estávamos tendo uma vida tranquila e gostosa, e mesmo que nada ainda fosse de fato rotulado ou estivéssemos em algo sério, eu gostava de como as coisas calmamente estavam caminhando. Sem pressa e em nosso tempo.

Assumindo que estava esperando um filho dele, atraí olhares não muito bons para mim, especialmente na empresa onde eu trabalhava. Ouvia coisas no corredores de que me deixavam triste, mas eu estava tentando ao máximo ignorar. Puta, era o que chamavam. Diziam de que eu estava me aproveitando do Jungkook financeiramente e obviamente me crucificando mais do que tudo.

Se fosse mesmo por uma questão totalmente ética, ambos seríamos errados. Mas é claro de que estavam apenas falando de mim; ômega.

Em um dia qualquer, eu estava em minha sala. Ajeitando a minha mesa de que sinceramente estava meio que uma zona, e o Jungkook na sala dele ao lado, trabalhando, e agenciando algumas firmas apenas pelo computador. E eu estava ali, auxiliando-o no que ele quiser, quando em abrupto a minha porta central foi aberta. A minha sala era a única em todo prédio que tinha acesso a dele, sem ser pela porta de entrada, mas a minha também tinha uma, e ali entrou o Jinsoo. Um ômega rico que era um dos "destinados" para o Jungkook a se casar por grana, mas é claro que o Jungkook não quis um casamento arranjado. E até onde eu sabia, eram amigos, ou pelo menos era isso que o Jungkook me dizia.

— Então é você o felizardo. — Ele disse, sorrindo falso.

E eu fiquei ali, imóvel, olhando confuso para ele e não entendendo muito bem a sua intromissão em minha sala.

Engoli seco e me sentei em minha cadeira, e nisso ele olhou para a minha barriga, e em seu olhar eu vi desprezo.

— É... felizardo?

— Vim ver o Jungkookie e de quebra conhecer o ômega que estão dizendo por aí estar grávido dele. E é o assistentezinho... — Me deu uma olhada de cima para baixo, parecendo com raiva e sorrindo ainda falso. — Parabéns pelo bebê.

Eu sei que havia falsidade ali pela sua feição e o modo pelo qual se referiu a mim, era desconfortável também. Então eu fechei mais a minha feição também porque eu não seria obrigado a ser gentil com quem não era gentil comigo e suspirei, sorrindo também falso.

— Obrigado. Estamos muito felizes com os nossos filhos.

— Filhos?

— Sim. — Sorri mais ainda, alisando a minha barriga suavemente. — São gêmeos.

Eu vi a sua mandíbula trincar ali e que eu de fato quem sabe havia o estressado demais. Mas eu não conseguia não ser desse jeito também com quem era uma pessoa idiota à toa. Eu entendo de que de fato ter seu coração partido é algo que doa porque eu já passei por isso e ver quem gostamos com outra pessoa machuca, porém precisa tratar assim quem não tem culpa? Eu creio que não.

Então seu sorriso falso por um segundo se desfez e ele se inclinou sobre a mesa.

— E parabéns também por enganá-lo. Eu sei que você deve ser uma vadia que está se aproveitando do Jungkook, do dinheiro dele e as coisas que ele te oferece. Então, parabéns por ter conseguido enganá-lo. — Disse baixo, em tom de segredo. — Mas saiba que não tínhamos uma amizade, e a gente fodia bem gostoso até um tempo atrás...

— Saia da minha sa...

— A empresa é do Jungkook, assistentezinho. — Ele falou alto, sobressaindo a sua voz e se ajeitando, se afastando de minha mesa e ajeitando seus cabelos, fingindo ser meigo, mas em seu olhar havia raiva. — E eu sou muito mais que bem-vindo aqui. — Voltou a sorrir.

E pela minha sala mesmo, antes que eu pudesse respondê-lo, ele entrou lá. Jungkook e ele vieram de famílias ricas de que tinham um pretexto de casarem ambos e deixaram os seus patrimônios ainda mais valiosos, então tinham ligação, além de íntima, profissional a todo momento.

Jungkook o recepcionou com um sorriso largo e um abraço, mas aquele ômega em si o beijou na bochecha, fazendo exclusivamente questão de me olhar pelo vidro. Então suspirei, desviando o olhar e voltando a ajeitar as coisas em minha mesa.

Pela primeira vez, me senti inseguro. E mal. Era um sentimento ruim de que havia crescido em meu peito e eu simplesmente gostaria de chorar, sair dali. Mas eu me mantive forte e tentei ao máximo afastar aqueles pensamentos de que tomavam conta da minha cabeça constantemente e de forma incessante. Mas não ia embora.

E me fazia questionar se, de fato, ele queria algo propriamente dito comigo ou apenas eu seria um "amigo" como ele era com esse rapaz, e eu não queria isso.

Eu mereço muito mais. Mas só não tinha mais certeza se o Jungkook seria capaz de me dar.

NOTAS: OS CAPÍTULOS SERÃO TODOS EM SUA MAIORIA NESSE TAMANHO E EU ESPERO QUE VOCÊS TENHAM CURTIDO. AS ATUALIZAÇÕES SERÃO DE DOIS EM DOIS DIAS OU DE UM EM UM, NÃO ESQUEÇA DO VOTO E COMENTÁRIO QUE SEMPRE ME MOTIVAM DEMAIS. SZ.

Best Mistake • JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora