Capítulo três

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Eu estava diante da coisa que mais estava me agoniando durante todo o meu dia hoje, numa situação de que eu não queria estar, porém eu sabia de que não haveria escapatória para mim. E o quanto antes eu souber da verdade e, ou saber que havia ferrado a minha vida, ou apenas seria uma paranoia; melhor.

Estava no vaso, sentado, quieto.

Com aquele teste de gravidez em minhas mãos e esperando com que o resultado fosse negativo, mesmo de que eu soubesse de que muito provavelmente não seria.

Alguns dias haviam se passado, especialmente quase duas semanas e eu estava completamente mal. Talvez além do meu físico estar uma merda, meu emocional não estava ajudando. E ficar próximo do Jungkook ultimamente, apesar de ter seus lados bons, não estava me ajudando muito também. Meu lobo interior já não parava mais quieto e eu havia viciado naquele maldito cheiro amadeirado de que ele tinha, o que sinceramente não era surpresa, mas é terrivelmente desagradável.

O bater incessante de meus pés contra o mármore de meu apartamento era claro, evidenciando a ansiedade. Era uma manhã de domingo e eu havia acordado há um tempo, cedo, especialmente para fazer esse teste. A minha garganta parecia de que estava fechada, totalmente, e eu não conseguia raciocinar muito. Queria ver apenas aquele resultado logo.

Mas como o destino gosta de me pregar umas peças, meu celular tocou. Era o Jeon.

Num suspiro pesado, atendi.

— Jimin-ssi... Olá. — Sua voz parecia aliviada, preocupada também, e ele falou num tom totalmente sereno.

— Olá, senhor Jeon.

— Eu liguei para saber como você está, já que pela semana estava se sentindo mal e, bem, mais retraído. — A sua última frase saiu meio baixa, como se estivesse magoado, mas eu acho que estava vendo demais onde não há. — Você está se sentindo melhor? — Perguntou calmo.

Eu suspirei.

Ah, se ele soubesse.

Eu queria simplesmente dizer que não. Que não estava bem e que estava passando mal, além de fisicamente, mal de ansioso por pensar de que tinha uma imensa possibilidade de que eu estivesse esperando um filho dele por descuido. Que ele sequer lembrava-se quando havia feito. Era vergonhoso. Eu senti um bolo imenso e incômodo na minha garganta, mas eu consegui engolir isso.

— É a-apenas um mal estar. — Não, não era isso.

A minha resposta o fez respirar fundo. E eu não entendi exatamente o que aquilo queria dizer, mas ele respirou bem fundo antes de continuar as suas falas comigo.

— Olha, Jimin-ssi, tô preocupado. E se você estiver se sentindo mal, amanhã não venha pro trabalho, sim? Eu posso até te levar em um médico, se você quiser.

— Não! — Respondi na hora. Um silêncio ficou, antes de que eu o quebrasse meio sem graça. Tudo que eu menos queria é estar em um hospital com ele fazendo exames e ele sabendo de que eu estaria grávido. Simplesmente não teria como. — Q-Quer dizer, eu vou estar bem. Não é mesmo nada demais...

Ele ficou em silêncio por um tempo, como se me analisasse.

Quase bati as mãos em minha própria testa devido as minhas ações impensadas. Estava realmente agindo meio suspeito e sabia de que se eu fosse esconder isso dele, era para eu fazer direito.

— Está bem. Apenas quero que saiba...

Bip, bip.

O barulho do teste ecoou em nossos ouvidos. E eu sabia de que ali havia o resultado e isso me deixou ansioso, porém, não fiz suspense e logo virei o pequeno aparelho, vendo o resultado ali no ecrã minúsculo.

"Positivo, 1-2 semanas."

Minha boca abriu, na hora, saindo um ar pesado de lá.

Eu estava grávido.

Me senti incrivelmente fragilizado naquele momento e meus olhos arderam em uma agonia imensa, e eu sabia muito bem o que era aquilo. Eu ia desabar em lágrimas e não era por menos, havia uma criança crescendo dentro de mim.

E apesar de não ter sido desejada, seria amada. Mesmo que fosse um feto, ainda sim era uma vida em desenvolvimento e eu não queria retirar dele, ou dela, a possibilidade de viver e de se tornar um ser humano incrível. Era um erro, isso era claro. Um dos piores de minha vida. Mas era meu erro. E não pagaria a culpa.  Eu teria essa crianca e ela será a criança mais amada do mundo.

— Jimin? — Jungkook questionou.

Queria dizer que ele seria pai, mas não.

Jungkook não é disso, ele não me ama. Apenas transou por um dia e sequer se lembra disso, não há importância para ele e ele não precisava lidar com isso também.

Então, só o cortei.

— Estava medindo a minha temperatura, e-estava normal. — Respondi, inventando a melhor desculpa plausível. — V-Vou ajeitar umas coisas por cá, senhor Jeon. Obrigado por se preocupar, mas realmente não precisa. Tenha um ótimo dia. — E desliguei.

Expirei profundamente, aliviado.

E na hora meu nariz fungou, evidenciando o meu choro de que ficaria perdurando por horas e horas. E eu sabia de que não haveria escapatória. Então suspirei, curvando meu corpo totalmente sensível e levando uma de minhas mãos até minha barriga, apertando e acariciando a região. Ali tinha um bebê crescendo, devagar como um feijãozinho.

Feijãozinho. Chamaria assim.

Sorri, ao que uma lágrima minha caiu e ardeu na minha alma quando encostou na minha pele, pois eu sabia de que as coisas a partir dali mudariam.

E pior, de que estava sozinho nessa.

NOTAS: OS CAPÍTULOS SERÃO TODOS EM SUA MAIORIA NESSE TAMANHO E EU ESPERO QUE VOCÊS TENHAM CURTIDO. AS ATUALIZAÇÕES SERÃO DE DOIS EM DOIS DIAS OU DE UM EM UM, NÃO ESQUEÇA DO VOTO E COMENTÁRIO QUE SEMPRE ME MOTIVAM DEMAIS. SZ.

Best Mistake • JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora