𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐔𝐌
𝗌𝗈𝗓𝗂𝗇𝗁𝖺𝐉𝐔𝐍𝐄 𝐄𝐍𝐓𝐑𝐀𝐕𝐀 no trem sozinha, pela sétima vez, era seu ultimo ano e seus pais não tinham ido lá para despedir.
Mas não é como se esperava, ela já era mais velha agora, antes ignorava o sentimento de solidão, agora abraçava ela. E isso a fazia se afastar de todo mundo que tentasse chegar perto de si.
No momento que Malia a encontrou, começou a puxar para uma cabine diferente dessa vez, não era a mesma que ficavam sempre. E June estranhou mais ainda quando viu vários sonserinos encarando as duas.
- Malia, que merda é essa? - Sussurrou June com raiva por ela não a ter avisado antes.
- Vamos fazer amizade - Sorriu irônica também sussurrando.
- Você está esquecendo que sou nascida trouxa? - Falou June se lembrando de certos momentos que a fizeram estremecer - Não fico com sonserinos - Falou respirando fundo tentando não gritar.
- Eles são diferentes! - Justificou e Malia revirou os olhos com preguiça de falar que tinha uns três ali que já a azararam - Gente, essa é a June - Falou e a menina só sentou em um dos cantos e encarou a janela.
Era como se fosse uma tradição, desde seu primeiro ano nunca falava nada e sempre encarava a janela, algumas vezes dormia. Malia entendeu isso, sabia que era o jeito dela e respeitava, mas queria falar para ela ao menor fingir conversar.
Malia se sentia como se ela fosse a única que colocava vontade da relação das duas, e ela não se lembrava de June a abraçando pelo menos nenhuma vez, mas ficava, ficava por não querer deixar sua amiga sozinha, mesmo que muitos já a falaram isso.
Malia conversava com todos ali enquanto ignorava Crouch olhando com ódio para a única nascida trouxa dali. E ignorava também o fato de nem Regulus e nem June falavam alguma palavra, ao menos faziam barulho para respirar.
June queria morrer ali mesmo, por mais que evitava os olhar, conseguia quase sentir seus pensamentos gritando em azará-la. Ela só desejava sua cama no momento, seu quarto, sem ter que falar ou ouvir ninguém.
E estranhamente Regulus se sentia a mesma coisa, não estava no clima para conversar ou ao menos prestar atenção, ele só queria seu dormitório, onde mesmo com barulho, ele encontrava silêncio.
E o resto do caminho foi assim, só Malia abria a boca para falar algo aleatório. A Harris nem ao menos se preocupou em despedir quando o trem parou, e ela ainda fez questão de suspirar alto saindo da cabine.
Os sonserinos apenas reviraram os olhos pela atitude e continuaram conversando com Malia, enquanto a mesma, bufava baixo.
E como se nem precisasse se esforçar, seu corpo a levou automaticamente para seu dormitório, organizou suas coisas e colocou um único porta retrato ao lado de sua cama. Que mostrava uma foto dela com seus pais, era seu primeiro ano e foi sua primeira foto que movimentava, e foi a última que tirou com eles.
Assim, alguns minutos após, foi para o Salão Principal para as boas vindas de todo ano, e ela quase explodiu os olhos de tanta força que os revirou assim que Dumbledore começou a falar seu discurso.
Ela batia palma para os alunos que entravam para a Corvinal, e comia silenciosamente, não falava com alguém de sua casa, e ninguém falava com ela. Era como se fosse completamente invisível aos olhos de todos.
Mas ela repetia para si mesma que preferia assim, porque desse jeito, não teria que se esforçar para manter uma conversa, ou ao menos, começar uma. Mas mesmo ela sabia que isso era uma mentira, ela odiava se sentir esquecida, como se nunca tivesse existido, mas para o bem de sua saúde mental, não aceitava isso.
Do lado esquerdo à sua mesa, havia um garoto olhando diretamente para o prato de comida, sem o tocar ou ao menos se mexer. Mas diferente dela, ele não mentia para si mesmo, sabia a razão para todos seus problemas, sabia como tinha que os resolver e sabia quais eram. Ele só não o fazia, e só esse único problema ele nunca quis ir a fundo.
Mas ele não se importava em se sentir invisível, queria isso na maioria do tempo, mesmo sabendo que a maioria de Hogwarts o temia. Ele gostaria de querer ser esquecido algum dia, não tem que se preocupar com certas coisas simplesmente pelas pessoas não ligarem para ele.
- June! - Gritou Malia eufórica enquanto sentava ao lado da mesma - Você não vai acreditar! - Riu.
- Hm? - Perguntou ela sem interesse olhando para sua comida enquanto ouvia sua amiga tagarelar.
- Você nem está prestando atenção! - Endireitou-se - Você sempre faz isso! - Disse começando a ficar irritada.
- Faço o que? - A olhou confusa.
- Eu sou mesmo sua melhor amiga, June? - Perguntou a ruiva triste, e sentiu sua garganta enlatar quando a garota não a respondeu.
June simplesmente não sabia o que era ter uma melhor amiga, não sabia o que era altruísmo, não sabia como ser empática. Ela acreditava que ninguém a gostava, que ninguém a amava, e consequentemente começou a parar de tentar amar.
- Sério isso? - Insistiu Malia.
- Olha - Começou Delilah - Não sei o que você quer que eu fale - Falou e a ruiva a deu uma cara de completa indignação - Eu também não sou sua melhor amiga, Malia - Entrelaçou as mãos.
- Óbvio que é, cacete! - Exclamou desacreditada.
- Eu nem sei nada sobre você - Falou com o rosto neutro, mas algo dentro dela sentiu que deveria ter ficado calada.
- Você não sabe porque não quer! - Apresentou os fatos - Deveria ter ouvido todo mundo - Respirou fundo - Todos me falaram que você não era uma boa amizade! - Sentiu lágrimas no canto de seus olhos - Mas eu só falava "Ela é assim mesmo"! - Colocou as mãos para cima - Mas mesmo depois de sete anos você continua assim? - A olhou triste.
- Eu só sou assim - Deu de ombros - Ninguém tá te obrigando a ficar - A olhou com indiferença.
- Você se superou mesmo! - Passou as mãos nos cabelos irritada - Não quero mais nada com você! Eu cansei! - Exclamou se levantando e saindo sem ao menos ter comido.
- Que ótimo primeiro dia, Hogwarts - Murmurou June para si mesma tentando entender o porquê dela simplesmente não conseguir ficar perto de alguém.
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𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐀 𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑 ʳᵉᵍᵘˡᵘˢ ᵇˡᵃᶜᵏ
Fantasy─── ❝ Você é só um estranho ❞ 𝐉𝐔𝐍𝐄 𝐃𝐄𝐋𝐈𝐋𝐀𝐇 𝐇𝐀𝐑𝐑𝐈𝐒, uma corvina qualquer, a menina havia passado sua vida inteira sem realmente ter amigos, só conhecidos. Sua família não era de se considerar pessoas amorosas, acabou que...