𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐐𝐔𝐀𝐓𝐎𝐑𝐙𝐄
𝗆𝖾𝗇𝗍𝗂𝗋𝖺𝗌𝐉𝐔𝐍𝐄 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎𝐔 𝐀𝐒𝐒𝐔𝐒𝐓𝐀𝐃𝐀, olhou para suas mãos, onde encontrou unhas sangrando, e olhou para seu pés, vendo cordas ao redor de seus tornozelos, o que não tinha antes.
E quando tentou abrir a boca para falar, sentiu um pano em sua boca. Não gostou dessa sensação, de ser proibida de respirar.
Olhou para a frente, mas tudo que viu era um vazio, um vazio muito profundo.
O preto a preenchia, a abraçava.
E ela se deu um momento para pensar, se iria fazer algo, se conseguiria fazer algo, estava sem sua varinha, estava sem mãos, sem pernas.
Sabia que todos a haviam abandonado, sabia que todos tinham ido embora.
- Harris! - sussurrou alguém e ela tentou fazer o mínimo de barulho possível, pensando que seria outro sonserino.
E em partes, ela estava certa, porque um sonserino apareceu.
Regulus rapidamente a desamarrou, e a ajudou a se levantar, com uma mão em sua cintura para manter equilíbrio.
- Malia - sussurrou, sentindo sua garganta seca por não beber água em muitas horas.
- Achei sua amiga - a olhou preocupado - Ela está na porta, desmaiada.
June saiu do aperto do Black, e tentou correr para a amiga, sentindo seus joelhos enfraquecerem, e se preparou para o impacto.
Regulus a segurou, e a olhou com desdém, vendo o quanto estava recusando sua ajuda, mas June se soltou, chateada.
Assim que viu a Brown, machucada e cortada, se ajoelhou no chão devagar, sentindo dor em lugares que nem sabia que havia sido atingida.
- Malia! - gritou chacoalhando a amiga - Acorda, por favor - respirou fundo, balançando seus ombros com força.
Ela começou a entrar em desespero, e sussurrou aguamenti para ver se isso funcionava.
Malia sobressaltou, respirando ofegante com a boca aberta.
- June - falou com os olhos cheios de lágrimas - Eu não queria, eu juro - soluçou - Não pensei que fossem inteligentes assim, achei que iria dar certo, mas quando estava de olhos fechados, me lançaram a Maldição Imperius, eu vi tudo, vi sua dor, ouvi seus gritos, mas não conseguia me mexer, não conseguia falar, me controlar - chorou descontroladamente.
June se afastou, não sabendo como agir.
- June, acredite em mim - alcançou seu ombro, ainda chorando.
Regulus puxou a mão dela longe do ombro de June, se sentindo protetor, e foi aí que Malia percebeu que estava ali, o olhando chocada.
- Regulus - sussurrou sem saber o que pensar.
- Brown.
Os dois se encararam enquanto June encarava o chão. Em um silêncio profundo, e tudo que a Harris queria fazer era correr, correr para sempre, e desmaiar assim que chegar no final, e cair em um sono profundo, no qual nunca mais acordaria.
Ela se levantou devagar, ainda sentindo dor, e respirou fundo, sentindo sua respiração trêmula, seu coração acelerado e suas mãos tremendo.
Virou as costas para os dois, fazendo Malia tentar levantar mas falhando visivelmente, já que seus machucados eram grandes.
- Harris - falou o Black, chegando perto, mas a June levantou a mão, ainda sem olhar, como um sinal para não se aproximar - Harris - repetiu o menino, triste.
- Não faz isso, June - implorou Malia - Não de novo.
June sentiu uma lágrima cair por sua bochecha enquanto continuava a andar.
E quando percebeu, o chão já estava se molhando, junto com seu pescoço, e sua blusa.
- June - chamou a Malia de novo, mas a garota andou mais rápido.
E quanto mais andava, mais lágrimas caiam.
Mais seu coração se despedaçava.
Não sabia em quem acreditar, não sabia se Regulus a tinha ajudado por vontade própria ou por ser plano dos sonserinos.
Não sabia se Malia realmente havia sido amaldiçoada, ou se tudo aquilo era parte do plano deles.
Ela sabia que agora era impossível voltar atrás, impossível voltar a se fechar.
E ela se odiou, por ter se deixado abrir, só para se machucar de novo, e a única culpada era ela.
Sua mãe, chorava, era a primeira vez que June via isso acontecer, o que fez se assustar e chegar perto da mesma.
- Mamãe, o que aconteceu?
- Sua avó morreu - falou secando as lágrimas.
- Por que nunca conheci ela? - perguntou triste.
- Seu pai não é um bom homem, minha filha - fechou os olhos, sussurrando.
- Mas o que isso tem haver com a vovó? - falou confusa.
- Você só é uma criança, não entende muitas coisas que eu e seu pai fazemos - fungou.
- Você quer um abraço? - abriu os braços.
- Não tenho tempo para essas coisas - se levantou, arrumando o seu vestido.
- Você quer brincar comigo? A gente pode fazer uma festa do chá! Isso pode te animar! - deu um sorriso de orelha a orelha.
- Você vai fazer eu me repetir? - perguntou fria.
- Desculpa, mamãe.
- Sua avó estaria tão decepcionada - falou, respirando fundo.
Os olhinhos de June encheram de lágrimas, não sabendo o que falar. Abaixou a cabeça, esperando sua mãe passar. E olhou para a xícara que estava em sua mão.
Jogou a xícara na parede em um impulso.
Rapidamente, começou a limpar, mas acidentalmente cortou seu dedo, e se sentou, cansada.
Mais lágrimas desceram pelas suas bochechas, enquanto via o sangue escorrendo.
"Ninguém nunca mais me amar, nem mesmo minha avó que nem conheci" Pensou para si mesma.
E pelo resto de sua tarde, chorou, chorou até dormir, sentindo seu corpo exausto, dormindo em cima dos cacos que seus pais não se importaram o suficiente para a ajudar limpar.
- Desculpa, Malia - sussurrou June.
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𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐀 𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑 ʳᵉᵍᵘˡᵘˢ ᵇˡᵃᶜᵏ
Fantasy─── ❝ Você é só um estranho ❞ 𝐉𝐔𝐍𝐄 𝐃𝐄𝐋𝐈𝐋𝐀𝐇 𝐇𝐀𝐑𝐑𝐈𝐒, uma corvina qualquer, a menina havia passado sua vida inteira sem realmente ter amigos, só conhecidos. Sua família não era de se considerar pessoas amorosas, acabou que...