𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐂𝐈𝐍𝐂𝐎
𝗉𝖺𝗋𝖾𝖽𝖾𝐒𝐔𝐀 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀 𝐃𝐎𝐈́𝐀 com o impacto da parede. Andar sem olhar para frente tinha suas consequências, e essa era uma delas. June colocava a mão na cabeça onde bateu enquanto era obrigada a ouvir sonserinos falando com ela.
- Tinha que ser uma sangue ruim! Não consegue andar reto! - Riu um menino que ela percebeu ser feio.
- Cara! - Falou seu amigo - Podemos ajudar ela a andar, não? - Perguntou com um sorriso malicioso e June só queria sair dali, urgentemente, como se fosse a única coisa que precisava fazer.
- Harris! - Gritou o menino denominado feio - Immobulus!
- Pelo amor de Deus! - Revirou os olhos - Me descongelem - Falou olhando para eles.
- Há há - Fingiu risada - Até parece que vamos descongelar você - Riu verdadeiramente dessa vez - Tchau tchau! - Acenou com a mão.
June só os encarou enquanto saiam de vista pensando no que poderia fazer para se tirar daquela situação.
E para sua sorte, ou azar, Malia apareceu bem ali a encarando congelada no lugar.
- Então? Vai me tirar ou não? - Perguntou June direta.
- " Bom dia Malia, desculpa por ter sido chata com você a minha vida inteira, eu te amo, sou sim sua melhor amiga, estava falando coisas da boca pra fora, mas você pode me libertar para eu te dar um abraço? " - Zombou a Brown revirando os olhos.
- Ok, você disso tudo, vai me tirar ou não? - Sorriu falsa.
- Você é inacreditável! - Gritou Malia - Você nem sente minha falta? Nem um pouquinho? - A olhou com tristeza.
- Não - Mentiu - Você tem que entender, Lia, que eu não tenho amor em mim, não consigo te amar como você quer - Falou sincera e Malia pigarreou desconfortável.
- Não acredito nisso - Falou irritada - E seus pais? Eles devem te amar muito! É só pensar no amor deles! - Sorriu tentando ajudar.
- Se não vai me descongelar, saia daqui logo -Falou irritada.
- Não vou sair! - Gritou - Por que você acredita que não consegue amar? - A olhou triste.
- Eu não acredito, eu sei que não consigo amar - Bufou - Agora, me descongele ou saia - A olhou séria.
- Me fala pelo menos alguma coisa sobre você! Qual o nome de seus pais? Ou sua cor favorita? Ou qual matéria você mais gosta? Qual menino você acha mais bonito de Hogwarts? - Jogou as mãos para cima - Eu só quero conhecer você poxa, eu quero conhecer minha melhor amiga - June sentiu seus olhos marejarem mas piscou rapidamente para afastar.
- Já falei que não sou sua melhor amiga - Harris tentou a afastar.
- Eu vou ficar aqui até você me falar pelo menos três coisas sobre você - Malia falou determinada.
- A gente brigou! Eu fui horrível com você! Por que você está aí? - Perguntou June.
- Porque eu acredito que você se importa comigo, e que você só precisa de alguém que acredite nisso - Sorriu fofa - Agora, as perguntas - Esfregou as mãos como se estivesse se preparando para um plano maligno.
- Chega, Malia - Tentou sair do feitiço, recebendo uma risada da Brown.
- Qual sua cor favorita? - Sorriu.
- Azul marinho - Revirou os olhos - Pronto, podemos seguir em frente? - Sorriu irônica.
- Não - A olhou - Ok.. Deixa eu pensar - Sorriu - O que você mais fazia na infância?
- Ficava em casa.
- Como assim? Você não saia para parques de diversão ou coisa assim? Ou brincava com seus vizinhos de porta? - Franziu o cenho.
- Não - Suspirou - Ficava em casa o dia todo - Olhou para o teto sussurrando.
- Mas você que não queria ou seus pais não deixavam? - Sorriu fraco.
- Me deixe sair - A olhou irritada.
- Responde minha pergunta - A olhou brava.
- Meus pais não deixavam - Bufou.
- A quanto tempo não fala com seus pais? - Cerrou os olhos, juntando as peças em sua cabeça.
- Última pergunta? - Perguntou June cansada.
- Vou pensar - A olhou.
- Sete anos, não falo com meus pais faz sete anos - Fechou os olhos, não querendo olhar para lugar nenhum.
- Mas, vocês moram na mesma casa? - Perguntou triste.
- Você disse que era a última pergunta!
- Não - A corrigiu - Disse que iria pensar, agora me responde - Falou firme.
- Sim, moro junto deles - Tentou se libertar novamente, sem sucesso.
- Seus pais estão ok com isso? - Perguntou achando que provavelmente a amiga que queria aquilo.
- Eles não me deram uma escolha - Falou sentindo o nó na garganta.
- Mas.. - Falou confusa - O que aconteceu entre vocês?
- Olha, vamos falar sobre flores? - A olhou.
- Já deu a hora de você parar de esconder as coisas de mim! - A encarou nos olhos.
- Olhe na minha coxa - Apontou a cabeça para a cicatriz abaixo de sua saia.
- Como nunca percebi isso antes? - Falou amargada - Foram... Eles? - Perguntou hesitante.
- Meu pai, tinha uns oito ou nove anos - Suspirou tentando abafar os pensamentos de sua cabeça que não deveria contar isso para ninguém.
- Finite Incantatem - Sussurrou a amiga apontando a varinha para ela.
- Tchau, Malia - Falou chateada e se virou para ir embora.
- June, espera! - Gritou ela que fez a amiga se virar para trás - Você ainda não me falou o menino mais bonito de Hogwarts! - Sorriu pequeno.
- Não sei - Foi embora sem hesitar dessa vez, mesmo ouvindo Malia gritar atrás de si, continuou andando sem se importar com nada.
Tudo que sentia era sua cabeça gritando, como se estivesse comando vários soldados a tampar o buraco que estava em sua barreira, a barreira que separava seus sentimentos das pessoas.
E Malia tinha tacado uma bomba ali, uma pequena mas tinha, e se uma parede fura, todo seu material cai, junto de todos os tijolos, concretos, tinta, completamente tudo.
E seu maior medo era que as pessoas percebessem que sua parede estava esburacada, que percebessem que o buraco tinha chance de aumentar, que poderia fazer a parede desmoronar.
E tudo que ela queria era que esses soldados se apressassem para fechar o buraco, tão perfeitamente que ninguém percebesse, antes que ele se expandisse.
E ela precisava que ele não se expandisse, afinal, nunca viu direito o que tem do outro lado da parede, só espiava de vez em quando para ver se estava tudo em ordem, ela não sabia lidar com isso, não sabia construir uma parede que tem tanto tempo lá, precisaria construir uma nova, e isso a aterrorizava.
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𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐀 𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑 ʳᵉᵍᵘˡᵘˢ ᵇˡᵃᶜᵏ
Fantasia─── ❝ Você é só um estranho ❞ 𝐉𝐔𝐍𝐄 𝐃𝐄𝐋𝐈𝐋𝐀𝐇 𝐇𝐀𝐑𝐑𝐈𝐒, uma corvina qualquer, a menina havia passado sua vida inteira sem realmente ter amigos, só conhecidos. Sua família não era de se considerar pessoas amorosas, acabou que...